“Strange Fruit”, por Billie Holiday
“Nas árvores do Sul, amadurece um estranho fruto/ Sangue nas folhas, sangue nas raízes/ Corpos negros baloiçam na brisa meridional/ Estranhos frutos pendem dos álamos// Uma cena pastoral do galante sul/ Olhos esbugalhados e bocas contorcidas/ Aroma de magnólias, doce e fresco/ E depois, o súbito odor a carne queimada”. Não é difícil perceber que não se trata de uma balada romântica, antes de uma denúncia do linchamento de negros no Sul dos EUA, uma prática frequente nas primeiras décadas do “civilizado” século XX. Arthur Meeropol escreveu o poema em 1937, sob o pseudónimo de Lewis Allan, e musicou-o pouco depois, mas quem o celebrizou foi Billie Holiday, que o gravou pela primeira vez em 1939. A Columbia, editora a que Holiday estava vinculada, rejeitou a canção, mas permitiu que a cantora a registasse na Commodore. Holiday faria uma segunda gravação em 1944 e tornar-se-ia numa das suas canções mais conhecidas (Holiday é até frequentemente creditada como co-autora, embora tudo indique que tal não é verdade).