Música, Talking Heads
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Dez canções para correr (ao som dos anos 80)

Uma playlist de canções com bom andamento e palavras que nos inspiram a dar à sola.

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Os anos 80 estão cheios de canções de fugir, mas não é dessas que vamos falar aqui. Nesta lista compilamos uma dezena de êxitos que têm duas coisas em comum: bom andamento e letras que nos falam de corridas, largadas e fugidas, literais ou metafóricas, e com isso oferecem uma motivação extra para dar corda aos sapatos. De caminho, contamos-lhe as batidas e um pouco da história de cada canção. O resultado é uma banda sonora dos eighties para uns 40 minutos de corrida, sem nunca baixar das 100 batidas por minuto (bpm).

Siga a lista no Spotify, ou comece já a ouvi-la aqui:

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1. “Start Me Up”, Rolling Stones

(1981) 3m27s a 122 bpm

Foi lançado há 40 anos, em Agosto de 1981, como primeiro single do álbum Tattoo You. A canção parece feita para correr e a própria letra usa imagens de atletismo para ilustrar uma paixão que cresce a cada passo (“I can't compete with the riders in the other heats”). Depois, claro, o estilo aeróbico com que Mick Jagger interpreta a coisa também dá uma ajuda. Naquele momento da corrida em que as pernas já pesam e estiver prestes a desistir, pense em Charlie Watts, que está a segurar a batida a mais de 120 por minuto: lembre-se de que ele só parou aos 80 anos e não falhou um só concerto dos Stones desde 1963.

2. “Eye of the Tiger”, Survivor

(1982) 4m4s a 109 bpm

Esta já incluímos na nossa lista de músicas inspiradoras para tempos de resiliência, uma espécie de set de canções motivacionais, de prescrição genérica contra o desânimo. E isso, por si só, diz alguma coisa sobre o impulso que corre nesta batida. A canção foi composta pelos Survivor sob especial encomenda de Sylvester Stallone, em 1982, para o filme Rocky III, e trepou os cumes da Billboard Top 100 e da UK Singles Chart. É um cântico de superação e só os primeiros acordes bastam para apertar o passo.

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3. “Don't Stop Believin”, Journey

(1981) 4m10s a 119 bpm

Outra que importámos dessa lista de músicas inspiracionais. Incluído no álbum Escape, de 1981 (palmas, faz 40 anos!), o single mais famoso dos Journey é um hino à resiliência nos tempos maus (lá está) e um incentivo a manter a força nas canetas e perseguir sempre os objectivos sem esmorecer. Tem uma das entradas de piano mais memoráveis na história do rock e um andamento constante de princípio ao fim.

4. “I’m Gonna Be (500 Miles)”, The Proclaimers

(1987) 3m38s a 132 bpm

Há poucas razões mais fortes para nos pormos a milhas do que correr atrás de quem se quer bem. Partindo dessa ideias, os gémeos escoceses Craig e Charlie Reid criaram esta jura de amor que promete calcorrear mil milhas em duas etapas só para desmaiar à porta da amada. “But I would walk five hundred miles / And I would walk five hundred more / Just to be the man who walked a thousand miles / To fall down at your door”. São mais de 38 maratonas, o que nos parece um manifesto exagero, mas o amor tem destas coisas. Alcançou o n.º 3 da Billboard Hot 100. Vinte anos mais tarde, os Proclaimers voltaram a gravar a canção para uma actuação dos cómicos Peter Kay e Matt Lucas no programa Comic Relief 2007: The Big One e aí chegaram ao n.º 1 da UK Singles Chart.

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5. “Run Runaway”, Slade

(1984) 3m43s a 130bpm

Entre 1971 e 1976, os Slade conseguiram colocar 17 singles no top 20 da UK Singles Chart, seis deles em número 1. Depois o entusiasmo à volta da banda de glam rock arrefeceu por uns anos. Voltaria a ferver lá para 1984, já com num registo mais folk, primeiro com o azeiteiro “My Oh My”, depois com esta contagiante cavalgada. O título fala por si, e não deve ser lido como run run away, como quem enfatiza a ideia de “foge foge”, mas sim como run runaway, como quem diz “corre ó foragido”. De resto, não se imagina outra forma de dançar esta canção que não seja fingir que estamos a correr.

6. “I Ran (So Far Away)”, A Flock of Seagulls

(1982) 3m57s a 146 bpm

É outra daquelas canções que dá a muita gente aquela irreprimível vontade de dançar como quem corre. Foi o terceiro single a ser extraído do homónimo álbum de estreia dos britânicos A Flock of Seagulls. A canção teve melhor sorte nos antípodas (foi número 1 na Austrália) e no outro lado do Atlântico (trepou à nona posição da Billboard) do que em Inglaterra. Com o tempo, tornou-se na única canção que vem à cabeça da maioria quando se fala na banda britânica de new wave. A batida certinha e acelerada casa na perfeição com o texto: “And I ran, I ran so far away / I just ran, I ran all night and day / I couldn't get away”.

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7. “Down Under”, Men At Work

(1981) 3m41s a 107 bpm

E já que falámos em antípodas, eis uma ordem de fuga vinda de lá de baixo. “You better run, you better take cover”, cantavam os Men at Work há 40 anos. A canção foi lançada no álbum Business as Usual e é uma paródia à estranheza de ser australiano e à forma como o mundo olha aquela malta. Espalhou-se pelo mundo como um vírus, chegou a número 1 na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Irlanda, Reino Unido, Polónia e Suiça (por cá foi ao número três em Junho de 1983) e desde então tornou-se numa espécie de hino nacional não oficial dos australianos, que se divertem à brava sempre que a cantam. Ideal para uma corrida em passo tranquilo.

8. “Road to Nowhere”, Talking Heads

(1985) 4m6s a 110 bpm

David Byrne dá o mote no vídeo, inclinado para a frente, calcanhares quase a bater no rabo, numa corrida para parte alguma. É uma metáfora do absurdo do mundo, que nos canta alegremente sobre que estamos todos a correr sem grande propósito para um fim inescapável, but it's alright. “Road to Nowhere” foi originalmente lançado no álbum Little Creatures e é presença obrigatória em qualquer compilação da banda nova-iorquina.

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9. “Run to You”, Bryan Adams

(1984) 3m45 a 127 bpm

A canção pertence a Reckless, álbum de 1984 que passaria bem por colectânea de carreira de Bryan Adams até à data. Dele foram extraídos seis singles, todos com entrada directa na tabela norte-americana de referência, Billboard Hot 100: Somebody, Heaven, Summer of '69, One Night Love Affair, It's Only Love (em dueto com Tina Turner) e este “Run to You”. A letra é uma espécie de hino à infidelidade e é cantado da perspectiva de um homem que garante que vai correr sempre para a sua amante em detrimento da sua fiel companheira. Nos dias vigilantes que correm, ia dar uma daquelas polémicas como a que em 2017 se abateu sobre Chico Buarque a propósito de “Tua Cantiga”. Só que, no vídeo, Adams finta a censura e sugere que a amante é, afinal, a sua Fender Stratocaster, edição de 1964. De qualquer forma, são quase quatro minutos de motivação para correr atrás de um objecto de desejo, seja ele qual for.

10. “We Didn't Start the Fire”, Billy Joel

(1989) 4m5s a 145 bpm

Então mas isto não era só canções que falam de correr e fugir e por aí afora? Era pois. É verdade que em momento algum Billy Joel se fala aqui em partidas, largadas e fugidas, mas todo o texto de “We Didn't Start the Fire” é uma ilustração de como o tempo passa a correr e o mundo gira sem parar. Joel debita uma lista de grande eventos (do seu ponto de vista norte-americano, claro), alinhada cronologicamente entre 1949, ano em que o músico nasceu, até 1989, ano em que nasceu a música. O resultado é uma sucessão frenética de palavras que nos dá vontade de desatar a correr para acompanhar a vertigem do mundo. Está incluído no álbum Storm e foi o terceiro single de Billy Joel a alcançar o primeiro lugar da Billboard Hot 100.

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