“Gretchen am Spinnrade” D.118, de Schubert
Ano: 1814
Em apenas 15 anos de actividade intensa, Franz Schubert (1797-1828) compôs o assombroso número de 625 Lieder. O primeiro que se conhece, “Hagars Klage” (“O Lamento de Agar”) D.5 data de 1811, tinha ele 14 anos, o último foi “Die Taubenpost” D.965, composto um mês antes da morte.
“Gretchen am Spinnrade” (“Margarida na Roca”) é uma das suas obras mais notáveis – embora tivesse apenas 17 anos quando a compôs – e recorre a um poema do símbolo máximo do Romantismo germânico, Johann Wolfgang von Goethe, que Schubert tinha em grande apreço e cujos poemas musicou repetidamente. O texto provém da I parte do Fausto e dá-nos a ver/ouvir Margarida a fiar, mecanicamente, numa roca, enquanto o seu espírito, que descobriu pela primeira vez o que é estar apaixonada, medita gravemente nas promessas que Fausto lhe fizera: “Foi-se a minha paz/ E pesa-me o coração”. O girar incessante da roca é transmitido pelo ritmo obsessivo do piano que só se quebra momentaneamente quando Gretchen, perturbada pela recordação de um beijo, se esquece de accionar o pedal que movimenta a roca.
[Por Brigitte Fassbaender (mezzo-soprano) e Erik Werba (piano), 1974]