A imprevisibilidade é uma das qualidades de Salvador Sobral. É difícil antecipar os seus movimentos. O álbum que editou no ano passado, Paris, Lisboa, era prova de que, partindo do jazz, podia tomar qualquer direcção. Mas, se havia uma pista sobre o que viria a fazer a seguir, essa pista também estava no disco, em “La Souffleuse”. Para quem precisa de caminhos claros para não se perder, pode dizer-se que a incursão pela chanson parte desse tema escrito pela mulher, a actriz francesa Jenna Thiam, e se espraia nesta sexta-feira, no Centro Cultural de Belém, onde vai dedicar um espectáculo a Jacques Brel (1929-1978). É um regresso à mesma sala que o acolheu logo após a vitória na Eurovisão, em 2017.
E é um encontro artístico feliz: tal como o português, também o cantor belga não se deixou coarctar pelo sucesso, pondo-se em cima do muro da fama e percorrendo-o de forma provocatória, sem se deixar cair para nenhum dos lados. Dois marginais entre burgueses. Intensos, criativos e agitadores. Salvador Sobral “apaixonou-se” pelo contador de histórias, pelo performer, pela sua “complexidade e riqueza”, e decidiu partilhar o entusiasmo em palco (onde estarão, entre outros, dois cúmplices habituais: Joel Silva e André Santos). Pedimos-lhe que escolhesse cinco canções que vão fazer parte do alinhamento e as comentasse uma a uma. É o que se segue.
CCB. Sex 21.00. 15-35€