1. Mozart: Concerto n.º 23 K488
Mozart deu os primeiros passos no concerto para tecla aos 11 anos, mas as quatro obras que então produziu consistiam em arranjos de obras de outros compositores. O seu primeiro concerto para tecla original, o n.º5 K175, em 1773, com apenas 17 anos. É provável que os primeiros concertos de Mozart tenham sido concebidos a pensar mais no cravo do que no piano, mas ao longo da breve vida de Mozart, o segundo acabaria por impor-se completamente ao primeiro. Mozart viria a compor um total de 27 concertos (incluindo um para dois pianos e outro para três pianos), uma quantidade que suplanta de longe a produção de qualquer outro compositor. Mozart era um pianista exímio e foi ele mesmo que estreou a maioria dos concertos em espectáculos por ele organizados e que contribuíam para equilibrar as suas finanças sempre periclitantes. É natural que, ao compor para si mesmo, neles colocasse toda a sua sabedoria e toda a sua alma, e a partir do momento em que atingiu a maturidade – ao fim da primeira dezena de concertos – todas as obras são superlativas, pelo que a escolha do n.º 23 K488, estreado em Viena em 1786, é puramente arbitrária.
[I andamento (Allegro) do Concerto n.º 23, por András Schiff e a Camerata Academica de Salzburgo, com direcção de Sándor Végh (Decca)]