“Yellow”, dos Coldplay
Local e data: algures na Holanda, 2000
Aos olhos das tribos indie, os Coldplay desempenharam no século XXI o papel que coubera aos U2 na década de 1990: a banda indie que se tornou alvo de desprezo (ou até de ódio) por ter atraiçoado os seus princípios, vendendo-se à indústria musical, passando a actuar em estádios com encenações aparatosas e afastando-se dos seus fãs. Tocar em estádios não é, por si só, um pecado capital, os problema começam quando se começa a criar música para estádios – pomposa, grandiloquente, empolada e calibrada para o mínimo denominador comum – e foi para aí que U2 e Coldplay começaram a deslizar a partir de certo ponto das suas carreiras.
Esta sessão de estúdio no ano 2000 teve lugar muito antes da “traição”: a banda existia há apenas quatro anos (há apenas dois como Coldplay) e acabara de editar o seu primeiro álbum, Parachutes, onde se incluía este “Yellow” (que lhes valeria uma nomeação para um Grammy e seria o seu primeiro grande êxito) e Chris Martin ainda tinha ar de adolescente. Que os “pecados” posteriores não turvem a visão do passado: Parachutes é um excelente álbum (tal como o seguinte, A Rush of Blood to the Head), “Yellow” é uma grande canção e esta versão é portentosa.