“New York”, Lou Reed
Após ter rubricado vários álbuns seminais na viragem das décadas de 1960/70, com os Velvet Underground e a solo, na segunda metade da década de 1970 a carreira de Lou Reed entrou em declínio, do ponto de vista artístico e comercial e a sua vida pessoal acabou por levar caminho similar, afundando-se em álcool e drogas. A década de 1980 foi passada a libertar-se das toxicodependências e dos excessos e a tentar repor a carreira a flutuar, mas não produziu discos memoráveis. Mas quem julgava que os melhores anos de Reed já tinham ficado para trás enganou-se redondamente: em 1989 deu um formidável golpe de rins com New York, um álbum que traça um retrato cru da sua cidade (e do mundo) e que opera um “regresso às raízes” do rock’n’roll. No final das notas na contracapa, Reed afirma que “nada bate guitarras, baixo e bateria” – e ouvindo estas 14 musculadas, secas, ácidas e certeiras vinhetas nova-iorquinas só pode concordar-se. Parte do mérito deve ser atribuído à produção crua e sem artifícios de Fred Maher, que foi também o baterista do álbum (com excepção de duas faixas em que foi chamada a ex-Velvet Underground Maureen Tucker). A guitarra de Mike Rathke o contrabaixo eléctrico de Rob Wasserman fizeram o resto.
[“Hold On”]