“Não digas nada, não dês explicações/ Diz-me só que irás ficar/ Estou feliz por teres voltado, não me dês explicações/ Cala-te, não dês explicações/ O que há a ganhar com isso?/ Esquece esse bâton/ Não dês explicações/ [...] Eu sei que me trais/ Mas isso pouco importa/ Quando estás comigo”. Reza a lenda que Billie Holiday terá ido buscar inspiração para esta letra quando o seu primeiro marido, o trombonista Jimmy Monroe (com quem esteve casada entre 1941 e 1947), chegou uma noite a casa com marcas de bâton no colarinho. Monroe esteve longe de ser a única desilusão na vida sentimental de Holiday, preenchida maioritariamente por parceiros abusivos – pode ver-se uma prefiguração do que lhe estava reservado no pequeno papel de mulher abusada pelo amante que desempenhou em 1935 na curta-metragem Symphony in Black, em que a orquestra de Duke Ellington toca A Rhapsody of Negro Life.
Na vida de Holiday não faltaram, portanto, experiências capazes de alimentar “Don’t Explain”, que foi elaborada a meias com Arthur Herzog Jr., com o qual Holiday já co-compusera outra das suas canções emblemáticas, “God Bless the Child”.
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