Num mundo cada vez mais atomizado e polarizado, em que escasseiam figuras com um apelo universal, Taylor Swift é uma das últimas estrelas pop que mantêm o brilho. A sua popularidade e os números de vendas e audiências já lhe garantiram um lugar nos anais da música pop, ao lado de lendas como Elvis Presley, Michael Jackson ou Madonna. O corpo de trabalho produzido até à data coloca-a, sem exagero, ao nível dos grandes tecedores de histórias e escritores de canções americanos, de Bob Dylan, de Leonard Cohen, de Lou Reed, de Bruce Springsteen. Os fãs veneram-na e estão dispostos a sacrificar tudo por ela, como se fosse a líder de um culto, mas poucos cultos tiveram tantos membros – tirando meia dúzia de ícones religiosos e Donald Trump, hoje, ninguém tem tantos e tão fervorosos devotos. Não surpreende que, no ano passado, a revista Time a tenha considerado a pessoa do ano; que seja o alvo de complexas teorias da conspiração e ciberataques; que os fiéis a Trump vejam nela uma ameaça existencial e à continuidade do seu projecto político.
Quando lançou os primeiros e reluzentes discos de country-pop, na segunda metade dos anos zero, poucos imaginariam que um dia estaríamos aqui. Não obstante, ao longo dos últimos dez anos, nunca parou de reinventar-se, com a liberdade e convicção de quem sabe que o jogo está ganho à partida. E a sua marcha imperial (parafraseando a icónica expressão de Neil Tennant, dos Pet Shop Boys) não dá sinais de abrandar – mesmo quando dá passos em falso, tipo Reputation, que continua a ser o pior disco de Taylor Swift. Os melhores são os que vieram antes. E depois. Incluindo o novo The Tortured Poets Department.
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