Taylor Swift
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Bangers atrás de bangers. Os melhores discos de Taylor Swift

É a maior estrela pop que temos. Depois de uma década de escuta pontual, mas atenta, e de uma semana de audição intensiva, listamos os seus discos, do melhor para o pior.

Luís Filipe Rodrigues
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Num mundo cada vez mais atomizado e polarizado, em que escasseiam figuras com um apelo universal, Taylor Swift é uma das últimas estrelas pop que mantêm o brilho. A sua popularidade e os números de vendas e audiências já lhe garantiram um lugar nos anais da música pop, ao lado de lendas como Elvis Presley, Michael Jackson ou Madonna. O corpo de trabalho produzido até à data coloca-a, sem exagero, ao nível dos grandes tecedores de histórias e escritores de canções americanos, de Bob Dylan, de Leonard Cohen, de Lou Reed, de Bruce Springsteen. Os fãs veneram-na e estão dispostos a sacrificar tudo por ela, como se fosse a líder de um culto, mas poucos cultos tiveram tantos membros – tirando meia dúzia de ícones religiosos e Donald Trump, hoje, ninguém tem tantos e tão fervorosos devotos. Não surpreende que, no ano passado, a revista Time a tenha considerado a pessoa do ano; que seja o alvo de complexas teorias da conspiração e ciberataques; que os fiéis a Trump vejam nela uma ameaça existencial e à continuidade do seu projecto político.

Quando lançou os primeiros e reluzentes discos de country-pop, na segunda metade dos anos zero, poucos imaginariam que um dia estaríamos aqui. Não obstante, ao longo dos últimos dez anos, nunca parou de reinventar-se, com a liberdade e convicção de quem sabe que o jogo está ganho à partida. E a sua marcha imperial (parafraseando a icónica expressão de Neil Tennant, dos Pet Shop Boys) não dá sinais de abrandar – mesmo quando dá passos em falso, tipo Reputation, que continua a ser o pior disco de Taylor Swift. Os melhores são os que vieram antes. E depois. Incluindo o novo The Tortured Poets Department.

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Os discos de Taylor Swift, do pior para o melhor

11. Reputation

Depois do monumental sucesso de 1989, o álbum que a elevou ao cúmulo da pop e a viu abandonar (temporariamente) o country, Taylor Swift arriscou tudo. Física e emocionalmente estourada, saiu-se com reputation, ao mesmo tempo uma continuação da aproximação às electrónicas ensaiada no disco anterior e uma resposta ao mesmo. As suas canções são mais ariscas, bebem do trap e da EDM. Há quem aprecie os seus relatos de amores, desamores e dores de crescimento. Mas são mais os que não os suportam. É o Yeezus dela, no fundo.

10. Taylor Swift

O álbum de estreia homónimo de Taylor Swift, lançado quando ela tinha apenas 16 anos, é o mais subvalorizado da cantora norte-americana. Apesar do uso e abuso de banjos e dos violinos e maneirismos vocais do country, nos seus melhores momentos (“Tim McGraw”, “Picture to Burn” e “Teardrops on My Guitar”, a abrir, e a peça central “Should've Said No”) já se encontram todos os elementos que viriam a fazer dela um ícone: o apuro pop; a escrita diarística; a facilidade com que aproxima o country de outros géneros, do rock sulista à juvenília pop-punk.

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9. Midnights

Depois de um breve desvio indie-folk durante a pandemia – e do início de uma campanha de regravação dos álbuns editados pela Big Machine Records, que fora comprada por Scooter Braun, com a cobertura do grupo Carlyle –, Taylor Swift reaproximou-se de Jack Antonoff. Acompanhada em (quase) todas as faixas pelo produtor que a ajudou a reinventar-se no álbum 1989, em 2014, e tem estado sempre lá para ela desde então, escreveu um disco de synth-pop nocturna, tão onírica como sedutora. Ao mesmo tempo diferente de e inspirado por todo o seu corpo de trabalho.

8. Speak Now

Uma escolha controversa (spoiler: a próxima vai ser ainda mais...), mas ponderada. Speak Now é perfeição country-pop. Demasiada perfeição. Prestes a despedir-se dos 20 anos, Taylor Swift quis fazer o disco de country-pop com o melhor som country-pop de sempre. E fê-lo. As suas canções – e há aqui grandes canções, tantas – foram escritas com regra e esquadro, apontam em diferentes direcções, mas nunca se aventura(m) demasiado, nunca a sentimos fora de pé. A arriscar o que quer que seja.

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7. Folklore

A heresia, a temeridade, a polémica, o folklore a meio da tabela. Tem de ser. O primeiro dos dois discos outonais e pandémicos da popular cantora e compositora – num breve flirt com a canção indie-folk americana patrocinado por Aaron Dessner, de The National – revelou uma Taylor Swift mais contida e madura, menos autobiográfica e diarística na sua escrita, e surpreendeu meio mundo em 2020. Mas tudo o que ela faz e bem aqui, faz ainda melhor no posterior evermore. E não há espaço para todos no pódio.

6. Lover

O sucessor de reputation é a verdadeira continuação do epocal 1989. Um disco electropop luminoso, com ecos do country dos seus primeiros anos, mas também aproximações à folk e ao funk, que peca apenas por ser demasiado longo. Ignore-se, porém, que umas quantas faixas podiam ter ficado de fora do alinhamento final (ou trancadas para sempre num cofre, no caso de “ME!”). Nos seus melhores momentos, o álbum está ao nível dos melhores que ela escreveu. 

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5. Fearless

Ao segundo disco, Taylor Swift provou que vinha para ficar. A sua country-pop é assumidamente adolescente, mas tem um apelo universal. E dissecações de romances, amassos e desamores liceais, como “Fifteen”, “You Belong with Me”, “Love Story”, “You're Not Sorry” e mais umas quantas canções, ainda hoje se contam entre as melhores que já escreveu. Ao contrário do posterior Speak Now, é um disco imperfeito, inseguro e, por isso, muito mais interessante. E humano.

4. Red

Depois de Speak Now, Taylor Swift abandonou a sua zona de conforto. Além do produtor Nathan Chapman, ao seu lado desde o início, colaborou com os hitmakers suecos Shellback e Max Martin (que assinam os três pontos altos de Red, I Knew You Were Trouble, “22” e We Are Never Ever Getting Back Together) e, entre outros músicos e produtores, o irlandês Jacknife Lee, um homem do indie rock, e Gary Lightbody, o cantor e guitarrista dos Snow Patrol (em The Last Time). E, sem se afastar completamente da country-pop, transcendeu-a, rumo ao olimpo pop. 

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3. The Tortured Poets Department

Ignorem-se as 15 (!) faixas-extra de The Anthology (apesar de algumas serem de topo) e o mais recente disco de Taylor Swift, The Tortured Poets Department, é um dos melhores dela. Esteticamente, é um objecto coeso, como poucos na discografia da americana – a sua synth-folk é uma súmula dos interesses e das músicas que explorou nos últimos quatro ou cinco anos (e discos), ao lado de Jack Antonoff e Aaron Dessner, a cristalizar-se em algo radicalmente seu, com absoluta confiança e maturidade autoral. Liricamente, é um dos tomos mais ácidos e selvagens da sua bibliografia – o que talvez explique algumas críticas negativas; devem ter sido escritas por maus ex-namorados com medo de que falem assim sobre eles, ou por fãs do Matty Healy. Tem 16 faixas e mais de uma hora, mas nunca se torna aborrecido, porque não deixa de surpreender e subverter o as expectativas. Taylor Swift continua sem conhecer a sua Waterloo.

2. Evermore

Nem cinco meses depois de folklore, a cantautora americana voltou à carga com evermore, um segundo tomo indie-folk pandémico, mesmo a tempo do Natal. Produzido outra vez por Aaron Dessner, de The National, com Jack Antonoff relegado para um papel ainda mais secundário, o disco conta com participações das Haim, The National e Bon Iver, sem nunca se deixar contagiar pelo tédio indie dos seus colaboradores. Taylor Swift nunca perde o controlo, nem se deixa enganar, colocando os talentos dos convidados ao serviço da sua visão – tal como quando arrastou para a sua órbita Max Martin e Shellback, na primeira metade da década passada.

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1. 1989

Neil Tennant, dos Pet Shop Boys, descreveu o período na carreira de um artista em que a clareza da sua visão e a qualidade do trabalho produzido desembocam numa série de sucessos críticos e comerciais como a sua “fase imperial”. 1989 (2014) foi o disco que inaugurou a fase imperial de Taylor Swift, que dura há uma década. O velho conselheiro Nathan Chapman é pouco mais do que um figurante neste colorido e maximalista monumento electropop, erguido sobretudo pelos suecos Max Martin e Shellback. Foi também em 1989 que a americana começou a cimentar a sua relação com o músico e produtor Jack Antonoff, o seu parceiro e confidente imperial.

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