Os maiores êxitos saídos dos Óscares
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Os maiores êxitos musicais saídos dos Óscares

Não são só os filmes que ganham novo alento e atenção com os Óscares. Estes 17 temas receberam a estatueta para melhor canção original e depois lideraram os tops.

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As grandes canções do cinema sempre ecoaram muito para lá dos créditos finais. A lista de composições para filmes que ganharam vida própria é infindável, mas aqui procuramos as que alcançaram maior popularidade e o critério é só um: vamos à procura das canções que acumularam a distinção máxima da Academia com a liderança dos tops de vendas. Para referência, usamos a Billboard Hot 100, a mais importante tabela dos Estados Unidos e, sempre que possível, vamos espreitando também como cada canção se comportou no top português. Significa isto que estamos a olhar apenas para os últimos 60 anos, o tempo de vida da Billboard Hot 100, e não para todas as distinções de Melhor Canção Original, que a Academia de Hollywood criou em 1938.

Comparando a lista de canções que venceram o Óscar com aquela que alcançou o n.º1 do top, percebemos que a música para cinema já conheceu dias mais populares. Se na década de 80 as duas listas praticamente se confundiam, nos anos seguintes tornou-se cada vez mais raro encontrar uma canção que somasse Óscar e top. Eis os 17 casos em que isso aconteceu.

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Os maiores êxitos musicais saídos dos Óscares

1. “Raindrops Keep Fallin’ on My Head”

De Butch Cassidy and the Sundance Kid, 1969
Música de Burt Bacharach, letra de Hal David

Chegou a número 1 da Billboard Hot 100 a 3 Janeiro de 1970 e por ali estacionou três semanas consecutivas. No início de Março, já tinha vendido mais de dois milhões de singles nos Estados Unidos. Interpretado por B.J. Thomas, foi a primeira canção composta especialmente para um filme a conseguir acumular a distinção da Academia com a liderança de airplay nos Estados Unidos. Bacharach levou também para casa o Óscar de Melhor Banda Sonora Original. E voltaremos a ouvir falar dele nesta lista lá para 1981.

2. “Theme From Shaft”

De Shaft, 1971
Música e letra de Isaac Hayes

A banda sonora de Shaft é inteiramente composta por Isaac Hayes, preenche um álbum duplo, é provavelmente o trabalho mais popular do músico norte-americano e representa o maior sucesso de vendas alguma vez alcançado pela Stax Records. É quase toda ela composta por instrumentais e há apenas três temas com voz: “Soulsville”, “Do Your Thing” e este “Theme from Shaft”, que celebrava o “black private dick that's a sex machine to all the chicks”. A canção ficou duas semanas no n.º 1 da Billboard Hot 100, em Novembro de 1971, e no início do ano seguinte arrecadou o Óscar de Melhor Canção Original, mais dois Grammys (Melhor Engenharia de Som, Não-Clássico e Melhor Arranjo Instrumental).

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3. “The Morning After”

De A Aventura do Poseidon, 1972
Música e letra de Joel Hirschhorn e Al Kasha

No filme, a canção aparece cantada pela pela personagem Nonnie, com a carinha laroca de Carol Lynley, mas a voz que se ouve é de Renne Armand. Foi escrita para A Aventura do Poseidon, uma tragédia em alto mar com Gene Hackman ao leme do elenco, e só seria gravada em disco depois da distinção da Academia, então já com a voz de Maureen McGovern. Chegou ao n.º 1 da Billboard no início de Agosto de 1973 e por aí se manteve duas semanas.

4. “The Way We Were”

De O Nosso Amor de Ontem (The Way We Were), 1973 Música de Marvin Hamlisch, letra de Alan & Marilyn Bergman

Em Portugal recebeu o título de O Nosso Amor de Ontem, o que talvez tenha acentuado um pouco demais o tom lamechas da coisa. The Way We Were reúne a dupla sensação Robert Redford e Barbra Streisand numa história romântica dirigida por Sidney Pollack, estreada em 1973 e distinguida com duas estatuetas na cerimónia realizada em Abril do ano seguinte. O primeiro Óscar foi para o Argumento Original, o segundo para a canção-tema do filme, interpretada por Streisand, e também considerada pela Billboard como o pop hit single de 1974, depois de ter alcançado o n.º 1 da Hot 100 durante três semanas em Fevereiro desse ano.

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5. “Evergreen”

De Assim Nasce Uma Estrela (A Star Is Born), 1976
Música de Barbra Streisand, letra de Paul Williams

Não é a primeira vez que falamos de Barbra Streisand nesta lista, e não será a última que falaremos de A Star is Born. Mas vamos por partes. Evergreen (também referido como “Love Theme de A Star Is Born”) é a canção-tema de Assim Nasce Uma Estrela (na versão portuguesa), o filme de 1976, dirigido por Frank Pierson e interpretado por Kris Kristofferson e pela própria Streisand, que a compôs e cantou. Com ela, Streisand tornou-se na primeira mulher a receber um Óscar por trabalho de composição. Alcançou o top da Billboard a 5 de Março de 1977 e por lá se aguentou nas três semanas seguintes. E ainda venceu um Grammy e um Globo de Ouro.

6. “You Light Up My Life”

De You Light Up My Life, 1977
Música e letra Joseph Brooks

Aqui, a versão da canção que venceu o Óscar não é a mesma que trepou ao top. Mas só muda mesmo a intérprete. “You Light Up My Life” é a canção-tema do filme com o mesmo título, e foi escrita e composta pelo seu realizador, Joseph Brooks. O filme estreia em Agosto de 1977 e, no ecrã, ouvimos a voz de Kasey Cisyk num playback da actriz principal, Didi Conn. Mas pouco tempo depois a canção é regravada por Debby Boone para o seu álbum de estreia (que se chama também You Light Up My Life), e é esse o single que, logo em Outubro de 1977, sobe ao n.º 1 da Billboard e aí se mantém por umas impressionantes dez semanas consecutivas. E é já na sequência desse sucesso que a canção recolhe o Óscar de Melhor Canção Original na cerimónia de 1978, além de um Globo de Ouro e de um Grammy para Melhor Canção do Ano.

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7. “Arthur’s Theme (Best That You Can Do)”

De Arthur, o Alegre Conquistador, 1981
Música e letra de Peter Allen, Burt Bacharach, Christopher Cross & Carole Bayer Sager

O título em português é mais uma relíquia das traduções portuguesas de outros tempos. Arthur, o Alegre Conquistador (simplesmente Arthur, no original) é uma comédia romântica sobre um solteirão milionário, extravagante, mimado e pré-alcoólico (Dudley Moore) que se redime na paixão por uma simples rapariga de Queens (Liza Minelli). A canção original (“Arthur’s Theme”) fala explicitamente da história e dos personagens, mas com o tempo a única coisa que sobrou foi o refrão cantado naquele tom bem esticadinho por Christopher Cross e que fez mais pelo imaginário de Nova Iorque do que qualquer campanha de promoção turística: “If you get caught between the moon and New York City / The best that you can do is fall in love”. Estacionou no n.º 1 durante três semanas em Outubro de 1981 e recolheu o Óscar na cerimónia do ano seguinte (o segundo para Burt Bacharach).

8. “Up Where We Belong”

De Oficial e Cavalheiro, 1982
Música de Jack Nitzsche & Buffy Sainte-Marie, letra de Will Jennings

É um dos duetos mais memoráveis dos anos 80. “Up Where We Belong”, o tema principal de Oficial e Cavalheiro, põe as vozes notáveis de Joe Cocker e Jennifer Warnes a cantar as dificuldades que o amor enfrenta mas sempre ultrapassa. E no final lá aparece Richard Gere a fazer o que sempre faz, que é resgatar a rapariga com um gesto redentor de paixão assolapada (aqui chega numa mota, em Pretty Woman numa limusine, e há para aí outro qualquer em que vem a cavalo). Alcançou o n.º 1 da Billboard Hot 100 em Novembro de 1982 e, em Dezembro do ano seguinte, chegaria também à liderança do top em Portugal. Antes disso recolheu o Globo de Ouro e o Óscar para Melhor Canção Original e o Grammy para Melhor Duo ou Grupo Vocal.

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9. “Flashdance…What a Feeling”

De Flashdance, 1983
Música de Giorgio Moroder, letra de Irene Cara & Keith Forsey

O primeiro grande sucesso na voz de Irene Cara aconteceu em Fame, o filme de 1980, em que interpretava o papel de Coco Hernandez e cantava o tema principal, “Fame, Remember My Name” (que também serviria de genérico à série que nos acompanhou de 1982 a 1987), distinguido com o Óscar de Melhor Canção Original. Mas, logo em 1983, Cara cavalgou um êxito ainda maior: “What a Feeling”, canção de Flashdance, que trepou tops em todo o mundo e também recolheu a estatueta na categoria, além do Globo de Ouro e do Grammy para Melhor Performance Pop Feminina. Estacionou por seis semanas no nº1 da Billboard Hot 100 e, já na viragem para 1984, liderou por quatro semanas seguidas o top português de singles.

10. “I Just Called to Say I Love You”

De The Woman in Red, 1984
Música e letra de Stevie Wonder

É o maior êxito de sempre de Stevie Wonder. E isto não é dizer pouco. Alcançou o primeiro lugar do top de 19 países, incluindo a Billboard Hot 100 durante três semanas. Mas foi em Portugal que a coisa ganhou contornos de uma epidemia multirresistente: chegou à liderança da tabela de singles em Setembro de 1984 e ficou 14 semanas sem sair de cima. Faz parte da banda sonora composta por Stevie Wonder para Woman in Red, a comédia romântica realizada e interpretada por Gene Wilder e que deixou meio mundo a suspirar por Kelly LeBrock. Recolheu o Óscar e o Globo de Ouro para Melhor Canção Original.

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11. “Say You, Say Me”

De O Sol da Meia Noite, 1985
Música e letra de Lionel Richie

Em Outubro de 1983, Lionel Richie lançava Can't Slow Down, o seu segundo álbum a solo. Tornou-se o seu disco mais vendido de sempre, despachou mais de 20 milhões de cópias, e deu origem a cinco singles, todos a figurar no top 10 da Billboard. Dois deles, All Night Long (All Night) e “Hello”, chegaram mesmo ao n.º 1. É este sucesso que justifica que, dois anos depois, a Motown não tenha permitido que “Say You, Say Me”, canção original do filme O Sol da Meia Noite (White Nights, no original), fosse incluída no disco editado com a restante banda sonora. Em termos simples, a Motown não queria que o sucesso de Richie tivesse chancela de outra editora. A canção teve por isso de esperar por 1986, para ser incluída no álbum seguinte do cantor, Dancing on the Ceiling, de 1986. Ainda assim, “Say You Say Me”, o single, conseguiu alcançar o n.º 1 da Billboard logo em Dezembro de 1985, pouco depois da estreia do filme, e aí ficou durante quatro semanas.

12. “Take My Breath Away”

De Top Gun, Ases Indomáveis, 1986
Música de Giorgio Moroder, letra de Tom Whitlock

É talvez a única razão para alguém se lembrar de quem foram os Berlin. Composta por Giorgio Moroder e Tom Whitlock para o filme Top Gun (em português, o título teve o precioso acrescento Ases Indomáveis), a canção “Take My Breath Away” tornou-se no maior sucesso da banda new wave norte-americana. O tema de amor para o par Tom Cruise/Kelly McGillis arrecadou a estatueta para Melhor Canção Original, depois de ter alcançado o top da Billboard Hot 100 por uma semana, em Setembro de 1986.

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13. “(I’ve Had) The Time of My Life”

De Dirty Dancing, 1987
Música de John DeNicola, Donald Markowitz & Franke Previte, letra de Franke Previte

Por esta altura, já se percebeu que a lista de canções originais oscarizadas nos anos 80 equivale a uma espécie de colectânea de temas românticos da década. Mas ainda falta este. Em 1987, Jennifer Warnes igualava Barbra Streisand ao participar de um segundo Óscar na categoria, através deste dueto com Bill Medley para o tema principal de Dirty Dancing. A canção chegou ao top da Billboard por uma semana em Novembro desse ano e arrecadou o Óscar e o Globo de Ouro, além do Grammy para Melhor Performance de Duo ou Grupo Vocal.

14. “A Whole New World”

De Aladdin, 1992
Música de Alan Menken, letra de Tim Rice

Saltamos cinco anos para a frente e encontramos a única entrada da Disney nesta lista. “A Whole New World” é um dos seis temas originais utilizados em Aladdin, o filme de 1992 em que o génio se solta na voz de Robbie Williams. O álbum vendeu três milhões de cópias só nos Estados Unidos, e ganhou um Grammy por Melhor Álbum Musical para Crianças. A canção, originalmente ouvida nas vozes de Brad Kane e Lea Salonga, nos papéis de Aladino e Jasmine, respectivamente, venceu o Óscar de Melhor Canção Original. Foi depois gravada por Peabo Bryson e Regina Belle (como aqui se escuta) e alcançou o n.º 1 da Billboard por uma semana em Março de 1993.

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15. “My Heart Will Go On”

De Titanic, 1997
Música de James Horner, letra de Will Jennings

Há três coisas de que ninguém se esquece no filme: Leonardo DiCaprio esticado à popa, a gritar que é o rei do mundo; de Celine Dion a gritar “near, far, wherever you are”; e, claro, o sacana do iceberg. Composta para o blockbuster de James Cameron, “My Heart Will Go On” vendeu uns 18 milhões de exemplares, ainda foi a tempo de se tornar num dos singles com mais cópias vendidas de sempre, e tornou-se numa espécie de canção-assinatura de Dion. Chegou a número 1 nos tops de 20 países, incluindo a Hot 100 da Billboard, onde permaneceu por duas semanas entre Fevereiro e Março de 1988. Além do Óscar para Melhor Canção Original (um dos 11 que o filme recebeu) também dominou a cerimónia dos Grammy de 1998, onde a canadiana arrecadou os prémios para Canção do Ano, Melhor Performance Pop Feminina, Melhor Canção Escrita para Cinema ou Televisão, e Álbum do Ano.

16. “Lose Yourself”

De 8 Mile, 2002
Música de Jeff bass, Eminem & Luis Resto, Letra de Eminem

Foi o primeiro tema de Eminem a chegar ao n.º 1 da Billboard norte-americana — feito que o músico já alcançou por dez vezes — e por lá se manteve 12 semanas consecutivas. Composto para o filme 8 Mile, de Curtis Hanson, oferece um retrato da personagem principal, interpretada pelo próprio Eminem, e da luta de sobrevivência nos subúrbios de uma América violenta e da redenção através da música. A canção atingiu o primeiro lugar em 19 outros países, Portugal incluído, e, claro, levou para casa o Óscar de Melhor Canção Original, tornando-se no primeiro tema de hip-hop a consegui-lo.

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17. “Shallow”

De A Star Is Born, 2019
Música e letra de Lady Gaga, Mark Ronson, Andrew Wyatt e Anthony Rossomando

E aqui andamos 17 anos para a frente, tantos quantos demorou a que uma música galardoada com Óscar de Melhor Canção Original tivesse êxito equivalente fora do cinema. Mas também podemos andar 53 para trás, até ao início desta lista, para lembrar que esta é a segunda versão do mesmo filme a ter uma canção oscarizada. O dueto de Lady Gaga e Bradley Cooper ficou como momento alto do remake de A Star is Born, realizado pelo próprio Cooper, e Gaga levou para casa o Óscar de Melhor Canção Original. A coisa acabaria a escaldar na cerimónia da Academia, os dois a cantar juntinhos, quase enrolados, com o mundo todo a assistir e a namorada dele também. Além disso, “Shallow” foi vencedora nos Globos de Ouro e nos Bafta, fisgou dois Grammys entre cinco nomeações, e de caminho trepou aos tops um pouco por todo o mundo, incluindo a liderança da Billboard Hot 100 e da tabela portuguesa de singles.

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