Discos portugueses 2020
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Os melhores discos portugueses de 2020

Podemos queixar-nos de quase tudo em 2020, mas não da música portuguesa, que continuou a mostrar o seu valor. Conheça os álbuns nacionais que marcaram o ano.

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A música foi um dos maiores consolos no absurdo ano de 2020, que vai ficar gravado para a história pelos piores motivos. Um ano de desafios para os músicos que perderam o sustento com o cancelamento dos concertos, mas marcado por muitas provas de talento. Apesar de todas as condicionantes e dificuldades que os músicos atravessaram, 2020 deu-nos grandes discos. Com o regresso de artistas veteranos como os Três Tristes Tigres, Pop Dell’Arte ou Clã, mas também com a confirmação de novos valores como Selma Uamusse, Nídia e Tristany.

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Os 37 melhores discos portugueses de 2020 (por ordem alfabética):

1. B Fachada - Rapazes e Raposas

Criado no confinamento e lançado de surpresa, o regresso de B Fachada soa a síntese do que já fez antes e do que está para vir. Com um pé na tradição e outro na modernidade, os seus contos, fábulas e parábolas são mordazes como sempre. Ouvir

2. Benjamim - Vias de Extinção

É um disco vivido à noite, na boémia lisboeta, num tempo em que as pessoas dançavam e suavam juntas. Canta as memórias de uma vida ressacada, derrama vulnerabilidade e ilumina a solidão com os sintetizadores. Ouvir e ler entrevista

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3. Blacksea Não Maya - Máquina de Vénus

Fundado no Bairro da Jamaica, o colectivo Blacksea Não Maya é actualmente composto por três produtores – DJ Perigoso, DJ Noronha e DJ Kolt. Máquina de Vénus é música de dança para tempos mais solitários e sombrios. Não tão explosiva, mas nem por isso menos excitante. ▶ Ouvir

4. Capicua - Madrepérola

Capicua descobriu a poesia que brota do corpo de uma mulher e a sua sabedoria ancestral. Mostrou que uma mulher ferida é uma fera feroz. No terceiro disco a solo, influenciado pela maternidade, a luta continua. Ouvir e ler entrevista

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5. Clã - Véspera

Com uma das mais imaculadas discografias da música nacional, os Clã mostram um entusiasmo raro em bandas veteranas. Na violenta ternura da voz, na mestria das melodias e na dimensão orquestral dos arranjos, são sábios e sensíveis. Ouvir e ler entrevista

6. Cláudia Pascoal - !

Cláudia Pascoal canta canções bonitas sobre coisas tristes. Chama músicos e autores como Samuel Úria, Tiago Bettencourt, David Fonseca ou Pedro da Silva Martins, mas é ela a estrela destas canções. Este disco é um belo bálsamo para estes tempos. Merece muito mimo. ▶ Ouvir e ler entrevista

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7. Cristina Branco - Eva

A voz de Cristina Branco é o sonho de qualquer autor. Com tamanha leveza e peso interpretativo, ela a encaracola nas melodias, elevando a lírica. Numa filigrana de melancolia, transforma em beleza o frágil sentido da vida. Ouvir

8. David Bruno - Raiashopping

David Bruno é um artista com uma veia arqueológica e romântica, um trovador moderno de um Portugal que muitos portugueses preferiam esquecer. Num universo sonoro construído com samples e desgarradas de guitarra, aprecia a pureza do Portugal profundo.       ▶ Ouvir e ler entrevista
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9. Dino D’Santiago - Kriola

Este é um álbum de quem luta para sobreviver e para afirmar a sua identidade. No seu registo mais activista, Dino D'Santiago dança e canta a Lisboa mestiça e multicultural. É um disco de revolução e emancipação cultural. Ouvir

10. DJ Lycox - Kizas do Ly

DJ Lycox imagina uma poética do kizomba entre o sonho e a euforia. É música para dançar com o corpo coladinho a outro, para sonharmos com melhores dias, quando as coisas regressarem à normalidade. ▶ Ouvir

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11. Ece Canlı - Vox Flora, Vox Fauna

A mãe natureza e a mão humana são o campo de batalha de Ece Canlı, artista turca radicada no Porto que também trabalha como performer, designer e investigadora, em busca de novas dimensões extralinguísticas. ▶ Ouvir

12. Evols - III

São missionários de um rock'n'roll embriagado pela música psicadélica. Após cinco anos de espera, regressaram em 2020 com este disco, onde elevam as suas potencialidades sónicas. ▶ Ouvir

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13. Filipe Sambado - Revezo

Traduzindo e actualizando para o presente a linguagem das músicas tradicionais portuguesas, Filipe Sambado criou canções deliciosas para o aqui e agora. Ouvir

14. Ghost Hunt - II

Pedro Chau e Pedro Oliveira exploram a energia erógena da electrónica, captam a sua electricidade. Convocam os fantasmas da era digital, conjuram uma necromancia da maquinaria. É um disco delirante e cintilante, de cenários distópicos e decadentes. ▶ Ouvir

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15. Grutera - Aconteceu

O guitarrista nazareno Guilherme Efe tem um tacto especial com as cordas – solta-as ao vento, semeia-as na terra, molha-as no mar. Aqui explora um som mais corpulento, recorrendo pela primeira vez a uma guitarra semi-acústica electrificada. O disco não tem letras, mas respira poesia. ▶ Ouvir

16. Joana Guerra - Chão Vermelho

No limiar entre a beleza e a estranheza, Joana Guerra tem prazer em arranhar e transmutar os instrumentos. Na volúpia do violoncelo, no violino ardente e na percussão telúrica, a sua música é mágica e magnética. Ouvir e ler entrevista

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17. João Pais Filipe - Sun Oddly Quiet

Sem medo do abismo, João Pais Filipe opera a música na sua dimensão transcendental, ao mesmo tempo ancestral e futurista. A sua música é escapismo e exploração, é uma meditação que nos engole nas suas profundezas metalúrgicas. Ouvir

18. Lina & Raül Refree - Lina_ Raül Refree

É um belíssimo e assombroso disco de fado, sem uma única guitarra portuguesa. A fadista Lina e o produtor Raül Refree juntaram-se para desconstruir a herança de Amália, num disco tão estranho quanto cativante. Ouvir

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19. Loosers - Kill Screen

Dionisíacos e desafiantes, os Loosers são um colectivo mutante de natureza improvisada que deita por terra as noções de géneros, tempo e espaço. Regressaram na altura certa para vociferar o caos destes tempos. Ouvir

20. Lourenço Crespo - Lourenço Crespo 

Ao segundo álbum, o cantor e compositor da Cafetra cresceu e amadureceu, mas mantém a sua marca autoral. Com produção de B Fachada, é um disco que eterniza em melodias os momentos do quotidiano.  Ouvir

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21. mema. - Cidade de Sal

É um disco pequeno, mas monumental. Tem o sabor de Aveiro, a beleza salgada do mar e da ria. Uma sábia aliança entre a electrónica, os instrumentos e as melodias dos cantares tradicionais portugueses. Ouvir

22. Nídia - Não Fales Nela Que a Mentes

Nídia tem um conhecimento instintivo do ritmo. O amor pelos sons da diáspora é explorado com um toque distintivo. Do zouk ao kuduro, do r&b ao trap, a sua música é uma visão singular da música de dança. Ouvir

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23. Noiserv - Uma palavra começada por N

O homem-orquestra volta a assumir a veia multi-instrumentalista. As peças brilham na sua complexa simplicidade. Como quem olha a imensidão do mar, entre o medo e o maravilhamento, a sua música é infinita. Ouvir e ler entrevista

24. :papercutz - King Ruiner

A liberdade que a electrónica proporciona tem sido a base deste projecto do músico e produtor Bruno Miguel. É uma música com muitos mundos, mas que não parece pertencer a este mundo. King Ruiner é uma odisseia insaciável. ▶ Ouvir

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25. Pop Dell'Arte - Transgressio Global

Hoje, como nos anos 80, os Pop Dell'Arte operam nas margens, mas continuam a fazer alguma da música mais relevante e destemida do país. Escutam-se ecos do passado e do presente, enquanto se imagina o futuro. Ouvir e ler entrevista

26. Primeira Dama - Superstar Desilusão

Primeira Dama recodifica as suas influências num singular novelo de ruído e melodia. Viver é dor, mas ele abre o coração felpudo e despeja-o em gloriosas descargas de guitarras e letras confessionais. São canções pop com o embrulho rafeiro do rock, que anestesia a maior das dores. ▶ Ouvir e ler entrevista
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27. Samuel Úria - Canções do Pós-Guerra

Entre a introspecção e a intervenção, num olhar desconfiado sobre o que nos rodeia, Samuel Úria acredita no poder emotivo e subversivo do rock'n'roll. Com tensão e intensidade, na tesão da electricidade.    Ouvir e ler entrevista

28. Selma Uamusse - Liwoningo

Selma mergulha em Moçambique e mistura-se no mundo, cruzando as suas origens com influências do rock, soul, jazz e gospel. Demonstra o grande poder da música: derrubar barreiras e tocar nos íntimos interstícios da humanidade. Ouvir e ler entrevista

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29. Stereoboy - Kung Fu

Stereoboy é o projecto mutante de Luís Salgado, em que se deixa transmutar pelas pessoas e pelas máquinas com que trabalha. Neste álbum, desenhou uma peça em quatro andamentos, inspirada por quatro mestres lendários de kung fu. É um disco de experimentação e improviso, de combate e de meditação, entre o mundo digital e analógico. ▶ Ouvir

30. Sunflowers - Endless Voyage

É um passo de gigante de uma banda com cada vez mais controlo e mais caos, num rock com sujidade e sagacidade. Os Sunflowers são barulhentos e estranhos, e com orgulho absoluto nisso. Ouvir e ler entrevista

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31. The Twist Connection - Is That Real?

O trio de Coimbra usa o rock como espaço de liberdade, electrocutado num som carnudo e catártico que sabe conciliar ritmo, ruído e melodia. É um disco de quem quer calar a calma com uma tempestade, de quem quer endiabrar o corpo com uma guitarra. Rock'n'roll à antiga, mas com a urgência destes tempos. ▶ Ouvir

32. Tiago Bettencourt - 2019 Rumo ao Eclipse

Melhor do que nunca, Tiago Bettencourt consegue lavar a alma na forma de uma canção. Um tema como “Viagem” está dotado de poderes mágicos – pode parar o tempo e colar os cacos da fragilidade humana. Ouvir
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33. Tiago Sousa - Oh Sweet Solitude

A alma musical de Tiago Sousa é sensorial e bela. Em Oh Sweet Solitude, o improviso e o imprevisto assumem maior protagonismo. O álbum é guiado por um toque intuitivo, de inspiração filosófica. Ouvir e ler entrevista

34. Tó Trips - Surdina

A guitarra de Tó Trips é um veículo supremo de expressão humana. Tem uma simplicidade rústica, roída da terra. As cordas são elásticas e expressivas, e ele continua a abrir-lhes as asas. ▶ Ouvir

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35. Três Tristes Tigres - Mínima Luz

O regresso dos Três Tristes Tigres é uma labareda da liberdade de Ana Deus e Alexandre Soares, dois génios que nunca foram suficientemente celebrados e que marcaram para sempre a história da música portuguesa. Ouvir e ler entrevista

36. Tristany - Meia Riba Kalxa

Tristany é um fruto da diáspora, que conta a vida dos bairros e das vidas invisibilizadas e marginalizadas, onde o racismo é a realidade de uma vida inteira. É emotivo e sonhador, poderoso e desolador.     Ouvir

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37. Vaiapraia - 100% Carisma

Vaiapraia é uma fera em fúria. Canta-se como pessoa queer, contra a masculinidade tóxica e a heteronormatividade. Precisamos de mais pessoas assim, sem medo de enfrentar o escrutínio deste mundo cruel. Ouvir

Música para os seus ouvidos

  • Música

Ficar em casa com a chuva lá fora a cair é uma das melhores coisas que pode fazer. Mas merece sempre uma banda sonora à altura. Por isso fomos à procura das melhores canções para dias cinzentos. Não interessa se o objectivo é acompanhar a melancolia dos dias ou atirá-la porta fora. 

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