Concerto RV.495, de Vivaldi
A larga maioria dos compositores ignorou o fagote como instrumento solista e os poucos que fizeram uma incursão na modalidade concerto para fagote e orquestra ficaram-se por um único exemplar. Antonio Vivaldi (1678-1741) é um caso excepcional, ao ter composto (pelo menos) 39 concertos para fagote (dois deles em estado incompleto), hoje arrumados no catálogo das suas obras com os números RV.466 a 504.
Boa parte deles requer um solista de proficiência bem acima da média. Desconhece-se quem terão sido os destinatários destas obras virtuosísticas – há quem sugira as raparigas do Ospedale della Pietà, a que Vivaldi esteve associado durante muitos anos, mas não há registo de fagotes entre os muitos instrumentos tocados pelas internas desta instituição. Uma hipótese mais provável é que se tenham destinado a mecenas da Europa Central, nomeadamente da Boémia, região afamada pelos seus instrumentistas de sopros – sabe-se, por exemplo, que, a partir de 1719, Vivaldi terá enviado dezenas de concertos para o Conde Morzin, um melómano boémio a quem dedicou As Quatro Estações. O Concerto RV.495 terá sido composto na década de 1720.
[I andamento (Presto), por Sergio Azzolini (fagote e direcção) e L’Aura Soave Cremona, em instrumentos de época (Naïve)]