Concerto op.61, de Beethoven
Composição: 1806
Estreia: 1806, Theater an der Wien, Viena, por Franz Clement (violino e direcção)
Beethoven terminou o Concerto para violino dois dias antes da estreia, a 23 de Dezembro de 1806, e consta que, nesta ocasião, o solista, Franz Clement, tocou a sua parte à vista, sem ter antes tido contacto com a partitura. A ser verdade, terá sido um feito notável, já que o concerto de Beethoven é obra exigente, complexa, inovadora e também desgastante, já que se estende por três quartos de hora (só o primeiro andamento dura 25 minutos, superior à duração média total dos concertos para violino compostos até então).
Se havia no mundo alguém à altura do desafio era Franz Clement (1780-1842), que, como Mozart, palmilhara a Europa em criança, acompanhado pelo pai, exibindo os meus mirabolantes dotes musicais – aos dez anos, já tocara um concerto para violino de sua lavra, como atracção especial num dos concertos londrinos de Haydn. Foi em 1794, numa destas tournées, que Clement, então com 13 anos, teve o primeiro encontro com Beethoven. Em 1806, Clement era primeiro violino e director musical do Theater an der Wien e foi ele quem encomendou a obra a Beethoven. Na estreia do concerto de Beethoven, como encore, Clement brindou o público com uma série de variações tocadas com o violino invertido.
Ou por a crítica ter manifestado reservas em relação à obra ou por se ter difundido a ideia de que a parte solista era impossível de executar, o concerto de Beethoven foi tocado apenas esporadicamente, até que em 1844, Joseph Joachim, que tinha então apenas 12 anos, o tocou em Londres, com Mendelssohn a dirigir a Philharmonic Society. A apresentação foi um sucesso e Joachim – que viria a tornar-se num dos maiores violinistas da segunda metade do séc. XIX – tornou-se no seu mais empenhado advogado.
[III andamento (Rondo), por Hilary Hahn e a Orquestra Sinfónica de Detroit, dirigida por Leonard Slatkin]