Teuzzone, de Vivaldi
Local da acção: China
Ano e local de estreia: 1719, Mântua
Itália – e Veneza, em particular – estabeleceu cedo uma relação privilegiada com a China, através de missionários e comerciantes, o mais famoso dos quais foi Marco Polo. Os relatos destes viajantes terão inspirado o libretista veneziano Apostolo Zeno a escrever o primeiro libreto de ópera com acção no Império do Meio, Teuzzone, que foi musicado por Antonio Lotti, em 1706. O libreto de Zeno conheceu versões por Giuseppe Maria Orlandini, Francesco Ciampi e pela parceria Girolamo Casanova e Andrea Fioré, entre outros, antes de chegar às mãos do veneziano Antonio Vivaldi (1678-1741).
Não se espere ouvir qualquer eco de música chinesa ou de exotismo oriental no Teuzzone de Vivaldi (ou nos dos seus compatriotas e contemporâneos). O registo é indistinguível do das suas outras óperas e mesmo o libreto pouco ou nada tem de chinês, embora Zeno tenha alegado ter-se fundamentado nos relatos do missionário jesuíta Martino Martini (1614-1661). A intriga envolve a sucessão do imperador Troncone, que, ao falecer, indica como sucessor Teuzonne, filho de um casamento anterior. Porém, a jovem viúva Zidiana tem outros planos: ambiciona conquistar o trono de Troncone e o coração do seu jovem enteado. A intriga, envolvendo os amores desencontrados típicos da opera seria barroca, acabará com a derrota das maquinações de Zidiana e com Teuzzone a alcançar o trono e a casar-se com a sua noiva Zelinda. Como pode constatar-se, o conhecimento de Zeno sobre a China era tão parco que nem os nomes das personagens soam chineses...
[Apresentação da gravação de Teuzzone por Jordi Savall para a editora Opus111/Naïve]