Arte, Litografia, Franz Schubert, C. Helfert
©DRFranz Schubert, numa litografia de C. Helfert
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Sete sonatas para piano de Schubert que precisa de ouvir

A obra para piano de Schubert, embora menos conhecida do que a de Beethoven, encerra maravilhas comparáveis

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A vintena de sonatas para piano compostas por Franz Schubert (1797-1828) está longe de ter a reputação das 32 sonatas de Beethoven. Schubert teve logo à partida a desvantagem de, ao contrário de Beethoven, ter tido uma carreira discretíssima e de poucas das suas sonatas terem sido apresentadas em público ou publicadas durante o seu período de vida. Além disso, boa parte da sua produção é fragmentária: entre as 15 sonatas ditas “de juventude” – compostas entre 1814 e 1819, quando tinha 17-22 anos – cinco foram terminadas e algumas não passaram do estado de esboço (o que faz com que as numerações nem sempre coincidam, por haver autores que excluem as sonatas apenas esboçadas).

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Sete sonatas para piano de Schubert que precisa de ouvir

1. Sonata para piano n.º 15 D.664

Ano: 1819

As férias de Verão de Schubert estão associadas a algumas das suas peças mais luminosas e desanuviadas. Entre elas está a Sonata D.664, que pode ser vista como a derradeira sonata de juventude ou a primeira sonata da maturidade. Foi composta para Josephine von Koller, filha adolescente dos seus hospedeiros em Steyr, na Alta Áustria, numas férias que também deram origem ao Quinteto A Truta. Josephine tinha modestos dotes pianísticos, o que explica a brevidade e a pouca dificuldade técnica da sonata. Mas a sua relativa simplicidade está aliada uma frescura e um lirismo fluido e natural, bem evidente no Allegro moderato.

[III andamento (Allegro), por Radu Lupu]

2. Sonata para piano n.º 17 D.840

Ano: 1825

Os dois primeiros andamentos – Moderato e Andante – da Sonata D.840 estão completos, mas os outros dois – Menuetto e Rondo – estão em estado fragmentário, o que levou a que se pensasse, quando da sua publicação em 1861, que fora a derradeira obra de Schubert e que a morte o impedira de a terminar (daí o título de “Relíquia” que lhe foi aposto). Hoje sabe-se que data de três anos antes, pelo que os musicólogos têm especulado sobre as razões que poderão ter levado o compositor a abandonar uma obra deste nível de inspiração. A D.840 tem sido alvo de várias propostas de reconstrução, entre as quais se contam as de Ernst Krenek e Paul Badura-Skoda, mas muitos pianista preferem tocar apenas os andamentos que foram completados por Schubert.

[I andamento (Moderato), por Trudelies Leonhardt, num pianoforte construído em Viena c.1815-20 por Benignus Seidner]

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3. Sonata para piano n.º 18 D.845

Ano: 1825

Em 1825, Schubert compôs três sonatas magistrais: D.845, D. 850 e D.894. Apesar de ser a 18.ª sonata de Schubert, a D.845 foi a primeira a ser publicada, ao passo que todas as sonatas de Beethoven foram publicadas pouco depois de serem compostas, o que dá ideia da diferença de estatuto dos dois compositores. Por coincidência, Schubert dedicou-a ao Arquiduque Rodolfo, um mecenas de Beethoven e a quem este dedicou algumas das suas obras mais relevantes.

[I andamento (Moderato), por Mitsuko Uchida (Philips/Decca)]

4. Sonata para piano n.º 20 D.894

Ano: 1825

A D.894 foi a derradeira sonata que foi publicada durante a vida do compositor. Schubert disse dela ser “a mais perfeita de todas, quanto ao espírito e quanto à forma”. É uma obra de um lirismo sereno e distendido, sobretudo nos dois primeiros andamentos.

[II andamento (Andante), por Radu Lupu]

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5. Sonata para piano n.º 21 D.958

Ano: 1828

Em Setembro de 1828, a poucas semanas da sua morte (que ocorreu a 19 de Novembro), Schubert concluiu três sonatas – D. 958, D.959 e D.960 – que estão entre os monumentos da literatura para piano, embora só tenham sido publicados dez anos depois e tenham atraído escassa atenção até ao final do século XIX.

O Adagio da D.958 é tranquilo e velado, com incursões por territórios harmónicos pouco batidos, que lhe conferem uma aura misteriosa.

[II andamento (Adagio), por Mitsuko Uchida (Philips/Decca)]

6. Sonata para piano n.º 22 D.959

Ano: 1828

O seu Andantino começa com uma ondulação embaladora e resignada, sob cuja extraordinária beleza se pressente uma dor pungente. A meio, surge um episódio fantástico e agitado, e o andamento retoma o embalo inicial. O musicólogo Alfred Einstein aponta semelhanças com a melodia do Lied Pilgerweise D.789, de 1823, cuja letra reflecte a forma como Schubert se via a si mesmo: “Sou um peregrino sobre a Terra/ E vou silenciosamente de porta em porta”.

[II andamento (Andantino), por Alfred Brendel]

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7. Sonata para piano n.º 23 D.960

Ano: 1828

Em Setembro de 1828, Schubert estava perfeitamente consciente do pouco tempo de vida que lhes restava, e, todavia, a Sonata D.960 é uma obra dominantemente serena, com excepção de um episódio conturbado no IV andamento. O II andamento é permeado por uma dor lancinante, mas, aos 6’28 do vídeo abaixo, sofre uma inesperada mutação, conduzindo a um final de apaziguamento e bem-aventurança que não se diria fazer já parte deste mundo.

[II andamento (Andante sostenuto), por Alfred Brendel]

Clássicos da clássica

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Oito sonatas para piano de Beethoven que precisa de ouvir
Oito sonatas para piano de Beethoven que precisa de ouvir

Em 1792, o Conde Ferdinand von Waldstein, um dos principais mecenas de Beethoven, despediu-se deste, que tinha então 22 anos e deixava a sua cidade natal Bona para ir estudar em Viena, com uma recomendação: “Através de inabalável diligência, recebereis o espírito de Mozart das mãos de Haydn”. Mozart terá sido o modelo de Beethoven na juventude. Já as aulas que teve com Haydn parecem ter sido pouco profícuas. Mas se Beethoven começou por ter Mozart como modelo, em breve desenvolveu uma voz própria.

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Wolfgang Amadeus Mozart legou-nos abundante produção para solista e orquestra, antes de mais para o seu instrumento de eleição, o piano, para o qual compôs 27 concertos, a maior parte destinados a servir de veículo ao seu virtuosismo no instrumento. Mas a criatividade de Mozart foi também posta ao serviço de instrumentos como o violino, o clarinete, a trompa, o oboé ou o fagote, e até mesmo a flauta, um instrumento com o qual embirrava.

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Franz Liszt começou a aprender piano aos sete anos, aos nove já se apresentava em concertos públicos e aos 12 publicou a sua primeira obra, numa colecção em que surgia ao lado de Beethoven e Schubert. Tornou-se num dos maiores virtuosos do piano de todos os tempos e percorreu a Europa em frenéticas tournées, suscitando uma idolatria similar à das estrelas rock de hoje e fazendo palpitar muitos corações femininos com as longas melenas e a pose estudada para causar sensação.

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