Época e local: Grã-Bretanha, de finais dos anos 60 até meados dos anos 70
Origem do nome: “prog” é uma contracção de “progressive”, o que pressupõe que o “rock progressivo” seria uma forma de rock mais sofisticada e avançada do que aquele que se ouvira até então. Sinónimos: symphonic rock (“rock sinfónico”) e art rock. A música pop-rock sempre sofrera de um complexo de inferioridade face à música clássica e ao jazz: vendia muito mais, mas faltava-lhe sofisticação e respeitabilidade. Os Beatles e os Beach Boys foram dos primeiros a recorrer a arranjos orquestrais elaborados e a tirar partido das vastas possibilidades de manipulação sonora que o estúdio oferecia, fazendo com que as sessões de gravação dos álbuns se fossem tornando cada vez mais longas e perfeccionistas.
Forma: o termo “canção” usado, por conveniência, no título acima, seria visto como inadequado por músicos e público. A maioria dos grupos de prog rock abandonou a canção convencional, com três minutos de duração e assente na alternância de estrofe e refrão e investiu em longas peças compostas por múltiplas partes, minuciosamente arranjadas, por vezes com longas digressões instrumentais ou declamações solenes entre as partes cantadas. O álbum como colecção de unidades musicais desirmanadas deu lugar ao “álbum conceptual”, com as várias “peças” sujeitas a um conceito unificador, que podia ou não envolver uma narrativa.
Instrumentário: a clássica trindade guitarra/baixo/bateria foi dilatada com a nova geração de teclados electrónicos, como o moog, o mellotron e, depois, um sem fim de sintetizadores (que faziam com que os teclistas ficassem ocultos do público por uma muralha de equipamento), e com instrumentos “exóticos”, das tradições africanas e asiáticas. Foi também uma época em que os kits de bateria, até aí muito simples, cresceram desmesuradamente, com a parafernália de pratos e tambores a poder ser complementada por sinos, triângulo, glockenspiel, timbales de orquestra e gongos, podendo estes ter dimensões colossais.
Keith Emerson à bulha com um dos seus teclados: alegoria de um género que ruiu sob o seu próprio peso?
Código de vestuário: alguns músicos – como os Pink Floyd – vestiam-se como quaisquer outros músicos rock da época, outros – como os Yes e Peter Gabriel, dos Genesis – davam preferência a túnicas, capas, botas e calças e coletes justos prateados que pareciam saídas do guarda-roupa de um filme de ficção científica de série B. Entre os fãs nunca se desenvolveu um código de vestuário específico.
Cabelo: a maior parte dos músicos usava-o comprido, até aos ombros.
Apresentação ao vivo: foi com o prog rock que os concertos começaram a ganhar cenários e jogos de luzes elaborados e a incluir projecção de imagens. Como a música era muito complexa, a maior parte dos músicos eram forçados a uma postura relativamente estática (a agitação frenética de Keith Emerson era uma excepção, tal como as actuações teatrais de Peter Gabriel).
Capas dos discos: predomínio de temas fantasiosos, ligados à ficção científica ou a mitologias, antigas ou inventadas. As paisagens fantásticas do ilustrador Roger Dean (que também foi o cenógrafo dos extravagantes espectáculos dos Yes) são a imagem de marca do género. As capas que se desdobravam em várias laudas tornaram-se comuns. Todo este aparato gráfico acabaria por perder-se com o advento do CD, cujas minúsculas dimensões são incapazes de fazer justiça a grafismos idealizados para os 31 x 31 cm de cartão dos LPs.
Declínio: o prog rock impôs-se na primeira metade dos anos 70, mas na segunda metade da década o público começou a ficar farto de música grandiloquente, faixas de vinte minutos de duração, álbuns conceptuais, letras esotéricas e herméticas e virtuosismo instrumental esfuziante. A ascensão do punk, da no wave e outras correntes musicais, geralmente despojadas e cruas, em reacção à imponência barroca do prog rock, acabaram por atirá-lo para o caixote de lixo da história. As bandas de referência do género dissolveram-se, ou persistiram em discos cada vez mais desinspirados e ignorados fora do círculo de fiéis, ou tentaram acompanhar as mudanças de gosto com concessões pontuais (quase sempre ridículas), ou mudaram radicalmente de sonoridade, abraçando a mais banal pop comercial. Na entrada dos anos 80, o prog rock e os seus excessos já eram assunto de troça entre a crítica e o público – e é verdade que poucos géneros se puseram tão a jeito para serem ridicularizados.