Os grãos de café chegam ainda verdes em sacos de serapilheira de 60 kg à pequena torrefacção da Rua das Flores. Lotes 100% arábica vindos de fazendas da Etiópia, Brasil, Colômbia ou Ruanda são torrados nos bastidores de uma das lojas desta empresa fundada em 2015. Primeiro abriu na Rua das Portas de Santo Antão, onde se mantém o negócio depois expandido para a Rua das Flores. A torrefacção fez o mesmo caminho e está mais robusta na nova casa. Com o aumento de produção, melhorou-se o equipamento, e Stanislav, sócio-gerente da Fábrica, está sempre atento à última tecnologia. Por uma razão muito simples: “Queremos que as pessoas possam beber a bebida perfeita. Aqui o grão é mais claro e tem um processo de torra mais nórdico, uma torra mais clara”, explica Stanislav, comparando-o com o café mais escuro, de torra italiana, mais usada nos países do sul da Europa. Uma torra normalmente feita com lotes de robusta, preterida no café de especialidade. O arábica, mais caro e com menos cafeína, “tem uma roda de sabores mais variada, como frutos do bosque”. E tudo começa aqui, num gigante torrador que tem por vizinho um computador que controla o “perfil da torra”. É feita a 200 graus e, quando se começam a ouvir os estalidos, está na altura de decidir se o destino é café de filtro ou café expresso – a torra termina mais cedo para o café de filtro. Depois de torrados, os grãos repousam entre cinco a sete dias para reactivarem o sabor. A torra é feita todas as semanas e o produto final tanto pode ser provado no local, como levado para casa num belo pacote, como o Expresso Blend, 70% Brasil, 30% Etiópia, com aroma crítico e notas de nozes e tangerina.
O cheiro a café acabadinho de torrar, consegue imaginar? Damos-lhe as coordenadas de algumas torrefactoras em Lisboa onde o grão deixa de ser verde e fica bem torrado, por entre processos a lenha ou a gás. A torra do café é uma fase essencial para assegurar a qualidade do café e, sendo mal feita, pode mesmo arruinar todo o trabalho do produtor – seja ele de café comercial ou de café de especialidade. Em Lisboa já são poucos os locais que se dedicam a esta arte, e nós contamos-lhe aqui alguns dos segredos que se escondem entre grãos e cheirinho a café.
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