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O que esperar do mundo dos vinhos em 2025? Estas são as nossas apostas

De um copo cheio de história a um golo mais leve e consciente, 2025 chega para mostrar que o mundo do vinho está longe de perder o fôlego. Agora, resta saber: qual destas tendências vai conquistar o leitor primeiro? Leia para descobrir.

Liana Saldanha
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O vinho não é só uma bebida deliciosa, também faz parte de um mercado super dinâmico e atento às mudanças. Acompanhar as tendências ajuda produtores, comerciantes e consumidores a conectarem-se melhor do que está por vir. De técnicas ancestrais revisitadas a vinhos que cabem num estilo de vida mais leve, aqui estão as cinco grandes apostas para o ano de 2025 (para descobrir antes ou depois de brindar com três espumantes portugueses que transformam qualquer momento numa celebração).

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O que esperar do mundo dos vinhos em 2025?

Aumento da procura de espumantes

Se os anos 1990 e 2000 foram as décadas dos tintos robustos, a década de 20 está aqui para nos lembrar da leveza e do frescor que um espumante pode oferecer. Num mundo onde as temperaturas só sobem, estes vinhos conquistam espaço à mesa não só pela refrescância, mas também pela versatilidade. Combinam tanto com um brunch cheio de fritos quanto com um jantar mais sofisticado. Eu sou uma grande fã e fico feliz de, cada vez mais, ver espumantes sendo consumidos em todos os momentos – e não só em datas festivas.

Dica
Exilado Super Reserva Bruto Natural 2016
Região: Beira Interior
PVP: 21,89€

Um espumante 100% Chardonnay com bolhas delicadíssimas. Apresenta notas de marmelo, brioche, manteiga e amêndoas. Resultado do estágio de um ano do vinho base em barricas francesas usadas e de 60 meses de maturação sobre borras finas. Com diversas camadas de aromas, sabores e texturas. Do tipo de vinho que gosto muito de contemplar.

Vinhos tranquilos com véu de flor

Durante muito tempo, a expressão “véu de flor” estava restrita aos vinhos de Jerez em Espanha e ao Vin Jaune da região de Jura, em França. Mas não mais. A técnica de amadurecer o vinho sob uma camada de leveduras, que cria notas de amêndoas tostadas, casca de maçã e fermento de pão, está ganhando novos adeptos em diversas regiões vitivinícolas. Produtores experimentais em Portugal têm explorado essa abordagem, trazendo ao mercado vinhos tranquilos (os vinhos que estão na nossa mesa) com camadas de complexidade e uma personalidade única. Os paladares mais curiosos - como o meu - agradecem. 

Dica
Moreish Monte +- Ilha 2022
Região: Dão
PVP: 33,50€

Um vinho branco 100% Arinto com acidez vibrante típica da casta. Estágio de 17 meses sob véu de flor em uma antiga bota (barrica) de Fino de Jerez. Os aromas remetem ao perfil de um Fino de Jerez, porém com intensidade de aroma mais sutil. Equilibradíssimo. Sem dúvida, um dos brancos mais surpreendentes que provei em 2024.

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Vinhos com baixo álcool (e bebidas sem álcool)

É impossível ignorar o movimento global em direção a escolhas mais saudáveis. O “sober curious” (pessoas que deixam de beber álcool), antes um nicho, agora é mainstream. E a indústria do vinho não ficou para trás. Vinhos sem álcool ou com baixo teor alcoólico têm vindo a ganhar qualidade e adeptos, sendo uma opção para quem quer apreciar a bebida sem abrir mão do bem-estar. Seja um branco leve para uma tarde de Verão ou um tinto aromático para o Inverno, esta categoria promete ocupar cada vez mais prateleiras e convívios.

Dica 
Kombu Viva Rosé Kombucha
PVP: 18,50€

Ainda não experimentei um vinho desalcoolizado que me agradasse, por isso resolvi indicar esta kombucha rosé – que provei e pedi para repetir – durante um festival de vinhos. Um blend de chá verde japonês Bio e rosas portuguesas Bio, o que confere um perfil cítrico e floral. Uma bebida sem cafeína, refrescante e requintada, perfeita para quem procura uma alternativa não alcoólica.

Vinhos com consciência ambiental

A sustentabilidade deixou de ser apenas um diferencial e tornou-se uma exigência para muitos consumidores, principalmente os mais jovens. De vinhas orgânicas, ou biodinâmicas, a práticas regenerativas, os produtores estão a adoptar medidas para reduzir o impacto ambiental. Portugal tem vindo a destacar-se com iniciativas que valorizam castas autóctones mais resistentes e técnicas de cultivo que preservam a biodiversidade. Este é um movimento que não só protege o planeta, mas também ressalta a autenticidade dos vinhos.

Dica
Filipa Pato Dinâmica 2022
Região: Bairrada 
PVP: 12,85€

Produzido seguindo práticas biodinâmicas e com muitos porquinhos soltos na vinha, Filipa Pato brilhou com este tinto de Baga. Um vinho com taninos aveludados, aromas de frutas vermelhas maduras, pimenta preta e um toque de ervas secas. Versátil, elegante e com final de boca longo e saboroso. Indico de olhos – sem maquilhagem – fechados.

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Crescimento dos vinhos premium

Com um público cada vez mais interessado em experiências únicas, a demanda por vinhos premium segue crescendo. Além disso, os consumidores estão, cada vez mais, a adoptar a filosofia de “beber menos, porém melhor”, privilegiando a qualidade superior em detrimento da quantidade. Estes rótulos não só representam qualidade excepcional, como também contam histórias e entregam valor agregado. De grandes ícones a produções limitadas de regiões menos conhecidas, 2025 promete ser o ano em que o luxo vai encontrar-se com a tradição e a inovação nas adegas. 

Dica
Fita Preta Enxarrama 2014
Região: Alentejo
PVP: 480€

Com apenas 1.218 garrafas produzidas, o Enxarrama, com castas típicas do Alentejo, resgata o legado de um vinho tinto icônico do século XIX. Durante uma prova cega com dois notáveis portugueses, este vinho ganhou a batalha pela finesse e complexidade de sabores e texturas. Beberia um gole todos os dias, se pudesse. Sorte de quem pode.

Mais copos

Vinhas plantadas a 50 metros do mar? Temos! Vinhos produzidos em grandes potes de barro como os romanos faziam há 2 mil anos? Também temos! Portugal é pequeno em extensão territorial, porém grandioso em relação à diversidade de terroirs* que contribuem para a riqueza e variedade de seus vinhos. 

Abaixo escrevemos sobre quatro estilos de vinhos provindos de quatro terroirs mágicos e cheios de história. 

*Para quem desconhece esta expressão francesa, terroir é a soma de factores naturais e humanos que moldam as características únicas de um determinado local. Clima, solo, topografia, práticas agrícolas e tradições locais entram em jogo.

Ó mar salgado, quanto do teu sal está nos vinhos de Portugal!

Tão portugueses quanto o poema de Fernando Pessoa – que tive a audácia de adaptar – são os vinhos atlânticos salgadinhos que a paradisíaca costa portuguesa proporciona. O Oceano Atlântico é o principal responsável por conferir características únicas aos vinhos produzidos junto ao mar de Portugal. Muitas vezes, são descritos como vinhos salinos; outros preferem dizer que são minerais, mas o que importa é que o salgadinho é bom e, com cada golo, vem a sensação de que acabámos de dar um mergulho refrescante no mar.

Por receberem brisas atlânticas frias, estes vinhos também costumam ser bastante frescos, ou
seja, para acompanhar as refeições, têm a quantidade de acidez perfeita para limpar o paladar após cada mordida. Nos aromas dos vinhos atlânticos, podemos ter a sorte de encontrar notas de iodo, maresia e algas marinhas. Até ouvimos gaivotas ao imaginar este momento.

Por toda a costa portuguesa, podemos encontrar vinhos deste perfil, mas na lista a seguir, focamo-nos na região de Lisboa e nas ilhas. 

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Não há como começar este artigo sem explicar o que são os vinhos fortificados doces: são vinhos que têm a sua fermentação alcoólica interrompida pela adição de aguardente, o que faz com que parte do açúcar natural da uva, que normalmente se transformaria em álcool, permaneça no vinho. Estes vinhos geralmente têm entre 15% e 22% de álcool por volume, tornando-os mais fortes e potentes do que a grande maioria dos vinhos tranquilos (aqueles que consumimos com mais frequência).

A técnica de fortificação foi originalmente criada para preservar os vinhos durante as longas navegações marítimas que aconteceram entre os séculos XV e início do XVII. Naquela época, os vinhos fortificados eram secos; já os fortificados doces, segundo a minha pesquisa, surgiram no século XVIII. Outros nomes utilizados para vinhos fortificados são licoroso ou generoso (uma fofura este último).

Agora que o leitor já sabe como são produzidos e uma fatia da sua história, está preparadíssimo para as dicas de fortificados doces que aí vem. 

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