"Manuel Ferreira Gavetão foi provar o rio. E não achou uma maravilha, achou mesmo do c$#%#&."
Não fossem os leitores mais sensíveis ficar ofendidos com este arranque, o crítico da Time Out pediu: "Não se ofendam com o linguajar menos elegante da entrada deste texto. Permitam-me esclarecer: quem disse que 'O rio é bonito para caralho' foi o próprio Rio Maravilha. Está escrito em letras de tamanho considerável ao longo de um espelho de tamanho igualmente considerável e que vai reflectindo o rio pela sala de jantar. E é, efectivamente, bonito."
A visita anónima aconteceu em Fevereiro de 2016, oito meses antes de Diogo Noronha sair do Rio Maravilha. Entre os pratos que ficaram na memória do crítico estão o ovo BT, os cogumelos na brasa com folhagem de temporada, nata azeda e castanhas e a presa ibérica na brasa, folhado de cebola e pêra rocha.
Para rematar, Gavetão escolheu banana caramelizada, iogurte grego e rum: "uma sobremesa tão bonita quanto deliciosa, ao ponto de quase me apetecer dizer que devia ter um restaurante só para ela (o iogurte em forma de gelado, ácido e doce q.b., tudo acompanhado de uma mousse de doce de leite com rum e uma bolacha/suspiro/whatever crocante polvilhada por todo o prato)." No fim foi só fazer as contas: a vista mais o espaço mais a comida igual a... cinco.
Um ano. Cinquenta e duas revistas. Dezenas de restaurantes. Centenas de estrelas. Mas os críticos da Time Out não se deixaram deslumbrar assim tão facilmente: apenas quatro espaços tiveram direito a avaliação máxima: cinco estrelas. Recorde quais e porquê.