belmond reids
©Tyson Sadlo
©Tyson Sadlo

Belmond Reid's Palace: sinfonia atlântica

Um dos mais preciosos hotéis da Madeira – e do país – renovou-se. Pretexto para testarmos a pauta do Reid’s Palace e aconselhar quem possa a fazê-lo também, ao menos uma vez na vida.

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Quando as instruções do compositor são seguidas, a 8ª sinfonia de Mahler exige uma orquestra com cerca de 120 músicos, dois coros com um mínimo de 32 cantores cada, oito solistas vocais e um coro infantil. Chamam-lhe “sinfonia dos mil”. É mais ou menos o mesmo que sucede com o Belmond Reid’s Palace. No histórico hotel da Madeira, para que tudo corra em harmonia e a tempo, há centenas de pessoas que todos os dias seguem a mesma pauta. A diferença é que aqui apenas vemos os solistas e pouco mais, que o resto da orquestra toca nos bastidores e só se assoma à boca de cena se for chamada a isso. No Reid’s tudo é serviço e o serviço quer-se assim: afinado, a compasso de metronomo, mas sempre discreto e sem ruído. 

Belmond Reid's Palace

O edifício é um monumento com quase 127 anos de história. Ergue-se no lugar antes conhecido por Salto do Cavalo, uma falésia rochosa onde William Reid sonhou construí-lo. Reid, um escocês que chegou à Madeira com apenas 14 anos e aqui fez fortuna na importação e exportação de vinhos, fertilizou este terraço natural, ajardinou a superfície rochosa e criou um espaço único com uma vista dramática sobre o oceano e a baía do Funchal. Depois iniciou a construção que não chegou a ver concluída. As portas abriram dois anos depois da sua morte, a 1 de Novembro de 1891, ainda Mahler andava às voltas com a 2.ª Sinfonia.

O resto é uma história feita de realeza, políticos notáveis e outras celebridades que ao longo de décadas escolheram o hotel como refúgio pontual ou recorrente e que habitam hoje o extenso memorial que decora paredes e estantes do Reid’s a preto e branco. À cabeça, Winston Churchill, que aqui se retirou uma temporada para pintar e escrever as suas memórias, e que, a par do escritor George Bernard Shaw, outro hóspede ilustre, merece a honra de dar nome a uma das duas suites presidenciais. 

O hotel que dispensa apresentações poderia ser apresentado assim. Restaria dizer que há mais 156 quartos, incluindo outras 33 suites, todos com terraço ou varanda escancarados de frente para o Atlântico e de esguelha para o Funchal – ou vice-versa. Lá dentro há lençóis frescos e bordados, casas de banho em mármore, cadeiras em vime. Há um vinho da Madeira à sua espera para um brinde à chegada, e a garantia de que, daquele momento em diante, nada vai faltar se o serviço for pedido.

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Aos 126 anos, o Reid’s reinventa-se uma vez mais. A entrada faz-se agora para um renovado átrio que comunica directamente para aquela varanda icónica sobre o mar onde se serve o famoso chá da tarde, um festival de infusões, scones e outras delicatéssen, ponto zero da fleuma britânica que se apodera de qualquer mortal instalado nesta casa centenária. São 30€ por cabeça que lhe garantem uma das experiências obrigatórias em qualquer roteiro do visitante no Funchal – fazem-se dois turnos por dia e recomenda-se vivamente a marcação. Os quartos serão também, na sua maioria, objecto de renovação. Mas tudo se passa como se nada se passasse. Como todo o serviço da casa.

Os pequenos-almoços fazem-se agora no Pool Restaurante que, tal como o nome denuncia, fica junto à piscina de água salgada sobre a falésia, exterior mas aquecida. E é no pequeno-almoço que temos contacto com o primeiro naipe da orquestra. O buffet dificilmente nos deixa sem escolha, mas se acaso alguém se lembra de outra coisa, basta pedir. O serviço faz acontecer.

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Uns pisos acima, no The Dinning Room, sala de candelabros de vidro murano e decoração eduardina, o jantar exige que se vista a rigor, sobretudo se for a uma segundafeira, na noite do jantar dançante (sempre lotado). Aos domingos, há um Champanhe Gala Buffet. A oferta gastronómica – espreite na caixa aqui ao lado – conta ainda com William, restaurante que este ano manteve a estrela Michelin sob a condução do chef Luís Pestana, e com o Villa Cipriani, um italiano informal apoiado na falésia vizinha do Reid’s.

A uma dessas mesas, sentamo-nos ao lado de Ciriaco Campos, o director-geral do Reid’s que em 2008 trocou a ilha da Sardenha pela da Madeira. Gabamos a orquestra, perguntamos por tempos de ensaio, naipes de orquestra e número de músicos, chamamolhes maestro. O homem esboça um sorriso discreto, de vaidade mal escondida: “Somos uns 250 a servir, e há quem aqui sirva há 50 anos”.

Como chegar
A TAP oferece voos directos Lisboa Funchal a partir de 34€ com partida a 30 de Março. Consulte também a Easyjet.

Preços
Quartos a partir dos 315€ 

GPS

Para comer

Ora bem, a proposta, como percebeu, anda por terrenos extravagantes. Mas se chegou até aqui, o mais certo é que procure o pacote completo. O William Restaurant guarda uma estrela Michelin dentro do Reid’s. O nome é uma homenagem ao fundador do hotel, e tudo aqui se integra na mesma lógica de serviço desta unidade da cadeia Belmond. Luís Pestana aposta nos produtos da ilha e no respeito pela sua sazonalidade e o menu trará seguramente muito sabor de mar com uma vista deslumbrante sobre o dito e sobre o Funchal. Conte pagar 50€ por pessoa. Em alternativa, tem o Vila Cipriani, um italiano mais informal no ambiente mas igualmente exigente na carta (incluindo na coluna da esquerda). As pastas e as massas são de primeira, mas faça a si mesmo o favor de não evitar a fenomenal oferta de carne. Aposte no fígado de vitela em fatias salteado com cebola e polenta com gorgonzola. Depois diga-nos alguma coisa.

Para ver e comer

É um dos segredos mais mal guardados da Madeira e havemos de aqui voltar e trazer-lhe notícias. Peça instruções no Reid’s para experimentar uma ida ao restaurante da Fajã dos Padres que eles tratam do assunto. Terá de enfrentar uma descida de 250 metros em teleférico (não seja medricas e prepare-se para pagar 10€ pelo susto) mas vai regressar convertido. Prepare-se para conhecer um paraíso enquanto come umas lapas e abre caminho para um peixe fresco na grelha. Só serve almoços e fica a uns 20€/pessoa. Seja em altura do ano for, leve fato de banho. Fica a dica. (291944538. Não encerra)

Planos de Fuga com vista para o mar

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Furadouro Boutique Hotel Beach & Spa
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Ovar

Em Ovar o Carnaval é uma espécie de Queimas das Fitas em ácidos. Muito além dos tradicionais desfiles de máscaras, dos cortejos sénior e infantil, é no Espaço Folião que a festa verdadeiramente acontece. Espectáculos de Samba, Pagode, Axê, Dj Sets até de madrugada, Nelson Freitas e Quim Barreiros são algumas das propostas musicais que animam a semana mais louca da cidade. O rei do Carnaval já foi apresentado a 16 de Fevereiro e promete voltar no dia 1 de Março aquando da abertura oficial das festas e depois outra vez durante os Grandes Corsos Carnavalescos de 3 e 5 de Março, aos quais se juntam na Avenida Sá Carneiro dois mil figurantes, 14 grupos de foliões e respectivos carros alegóricos. Embora haja muita coisa a acontecer na rua, este é um Carnaval organizado e mais ou menos à porta fechada, o que implica a compra de bilhetes para cada uma das actividades do programa. O desfile nocturno das escolas de Samba e o baile de máscaras ficam por 5€; um lugar de bancada para o Grande Corso de domingo por 13€ e a pulseira de acesso livre ao Espaço Folião por 10€.

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Sé Boutique Hotel
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Funchal

Pensar no Carnaval da Madeira é ter imediatamente na cabeça a imagem de Alberto João Jardim de fraque de lantejoulas púrpuras e verdes a tocar tambor no meio da multidão. O antigo presidente do governo regional da Madeira já não preside às festas mas a festa continua com a euforia do costume. Ele é carros alegóricos, escolas de samba, porta-bandeiras, arruadas, bailes de máscaras e actividades tradicionais que recriam os antigos assaltos em que grupos de mascarados entravam pela casa dos amigos à espera de comida e bebida para dar início à noite. No fundo é uma espécie de Páscoa na aldeia sem a vertente religiosa. A 5 de Março, dia de Carnaval, o cortejo tem um carácter universal e está aberto a quem se quiser juntar desde que devidamente vestido a rigor. Na escolha do disfarce vale tudo, o importante é participar. Por ser tipicamente uma festa de rua, as actividades relacionadas com o Carnaval do Funchal são de acesso gratuito. Começam oficialmente dia 1 de Março e prolongam-se até ao fogo de artifício de encerramento no dia 10.

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À excepção do clima radicalmente diferente, o Carnaval de Torres (Vedras) não fica nada atrás do do país irmão em qualidade ou empenho. Tal é que mesmo sendo uma efeméride com data marcada no calendário, em Torres o Carnaval acontece quando tem de ser e este ano decidiu-se que seria a 9 de Fevereiro com a inauguração de uma estátua em homenagem... ora adivinhe!... isso mesmo, ao Carnaval. Festa rija só mesmo a partir de 1 de Março, dia dos primeiros desfiles e bailes de máscaras, da entronização dos reis e do primeiro bailarico. Depois a partir daí e até dia 6 o disco vai girando e tocando mais ou menos o mesmo – com o hino oficial, o Samba da Matrafona, em loop infinito. A parte boa da festa acontece na rua mas para ter acesso ao recinto dos corsos o bilhete geral fica por 12€ e o passe diário por 6€.

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Sesimbra

O Carnaval de Sesimbra está para Portugal como a Marquês de Sapucaí para o Brasil. Desde Janeiro que as escolas de samba e axê andam na rua a acertar os passos para o grande dia, o que faz com que seja perfeitamente normal a pessoa ir na sua vida de todos os dias e dar de cara com meia dúzia de bailarinas com penas na cabeça bamboleando- -se a um ritmo frenético e alheias aquempassa. É só no dia 5 de Março que tomam conta da Avenida 25 de Abril mas até lá tem de estar tudo bem ensaiado e o material bem testado. O Carnaval em Sesimbra é sagrado e quem não fizer parte do grupo de foliões que troca o disfarce todos os dias (nem que seja só para ir ao café) está fora do jogo. Então e se chover? Não muda nada. O frio é um estado de espírito e não há memória de alguma vez ter impedido uma festa de acontecer. A diferença é que em Sesimbra, faça chuva ou faça sol, as ruas enchem-se de gente, muita vinda de fora, a dizer adeus, a mandar beijinhos e a tentar segurar os miúdos para não os perder entre os ursos e as Elsas e os piratas, e é bonito de ver. Mas para perceber o espírito terá de se juntar à festa e partilhar da euforia geral, condição que apenas exige que se divirta como se não houvesse amanhã, até de manhã e durante uma semana seguida. Parece fácil. Não é. Mas vale a pena tentar.

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Odeia o Carnaval?

Calma. Se para si o Carnaval só funciona lá longe a uma distância de segurança que garante a ausência de balões, confétis, serpentinas e foliões, a nossa sugestão é que se afaste o mais possível das cidades costeiras e que fuja para o interior do país. E já que é para ser, suba até à Serra da Estrela e dirija-se à Casa das Penhas Douradas Hotel Design & Spa. A 1200 metros de altitude é pouco provável que tenha de se cruzar com a euforia do Entrudo, mais não seja porque a neve não oferece grandes condições para festas ao ar livre. Aproveite a piscina interior panorâmica, as mantas de burel queaquecemassalaseosquartos,o lanchinho que todos os dias é servido na sala de jantar e a lareira que se acende ao fim do dia para acompanhar um copo de vinho ou um gin. Para jantar não tem de se mexer, basta dirigir-se à recepção, consultar a ementa do dia e escolher uma das modalidades de menu de autor desenhadas pelo chef Luís Baena.

 

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