Zambujeira do Mar
Ricardo LopesZambujeira do Mar
Ricardo Lopes

Siri, leva-me ao paraíso: o melhor da Zambujeira do Mar

As melhores praias, os melhores restaurantes, os melhores petiscos e o que fazer na Zambujeira do Mar, que é muito mais do que o festival de Verão que tanta fama lhe dá.

Vera Moura
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A beleza pode ser um conceito relativo, mas não será imparcialidade coroar a Zambujeira do Mar com o título máximo. Não somos os primeiros a afirmá-lo nem seremos os últimos, com a obsessão pela imaculidade alentejana a fazer cabeçalhos de jornais internacionais e a (perigosamente, cof cof) instigar os ricos e famosos a investir naquele que é o luxo dos luxos dos tempos modernos: um lugar onde a rede do iPhone ainda falha.

À medida que o calor aperta, a Zambujeira do Mar vai saindo do casulo, acordando resplandecente para os meses de Julho e Agosto (altura em que o festival de música Sudoeste vira a zona de pernas para o ar). Mas não falta o que fazer (também) fora da época alta: os caminhantes, por exemplo, até preferem a Rota Vicentina nos meses mais frescos; e os gulosos, salivam por marisco fresquinho 365 dias por ano. 

Eis o melhor da Zambujeira do Mar em 15 pontos imperdíveis.

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O melhor da Zambujeira do Mar

  • Hotéis

Ainda há estrelas no céu e a Herdade do Touril é o lugar certo para deitar a cabeça para trás até lhe ficar a doer o pescoço a apreciá-las. Depois, é acordar e deparar-se com outras atrações cintilantes, desde a burra Violeta que nos zurra um bom dia, ao cheiro a pão alentejano que nos conduz como zombies até à farta sala de pequeno-almoço. Isto se não tiver sido acordado pelo barulho dos passarinhos antes. Se entrar pelas ‘traseiras’ do edifício principal terá ainda a difícil tarefa de se desviar da piscina de água salgada que o sol já aquece, conseguirá espreitar a horta de onde virá parte do seu menu e terá de responder muitas vezes à pergunta que se impõe num ambiente destes. “Então, dormiu bem?” Na verdade, é como se nunca tivéssemos acordado ou descobríssemos o paradeiro que Belinda Carlisle cantava sobre o céu na terra. Não é exagero: as múltiplas premiações da Herdade que recuperou a jovialidade de cinco gerações atestam as nossas sensações, combinando conforto, tranquilidade e bom gosto nas cinco pitorescas casas que se aninham nos 365 hectares. Se não quiser ficar para dormir (big mistake) saiba que a Herdade abre a visitantes o restaurante Touril & Celso. A parceria entre a cozinha leve e fresca de Miguel Batista e o ex-libris de petiscos de Vila Nova de Mil Fontes, Tasca do Celso, é paragem obrigatória. Se a noite estiver mais para o fresco, pode levar o copo até à lareira exterior ou aconchegar-se na sala de estar, onde rapidamente se sente em casa. O momento mais doloroso desta estadia será a partida, mas – sem querer estragar a surpresa – não virá de mãos a abanar (pista: é estaladiço e fica bem com manteiga). 

If you like piña coladas conhece esta música e também devia saber que este é o sítio certo para as beber. Também tem massagens, aulas de yoga, sunsets e aulas de surf e apresenta-se como um bar ‘pé na areia’ com uma vibe mais jovem a destoar da ambiência mais ‘tradicional’ da Zambujeira do Mar e a lembrar mais ‘férias no estrangeiro’. Vegans, regozijem-se: o menu inclui opções de hambúrgueres ou esparguete à bolonhesa, além das habituais – e omnívoras - tostas de praia, saladas e cachorros. 

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  • Atracções
  • Praias

Do lado direito as piscinas naturais são óptimas para aprender a nadar. Do lado esquerdo começa a zona naturista. Durante a maré vazia, a praia da meia laranja parece um anfiteatro natural. Cheio de encantos e recantos, este pedaço de paraíso mantém-se selvagem. A própria geografia rochosa da praia faz dela um para-vento natural. O delicioso cheiro a esteva ajuda a fazer o caminho entre o parque de estacionamento e o areal.      

A paisagem come-se e, em alguns casos raros, aprimora-se, como acontece no A Barca - Tranquitanas, um clássico na Entrada da Barca que se tem vindo a reinventar pela mão de Miguel Silva, neto do homem que lhe deu nome, o ‘Tranquitanas’. Entre as iguarias que continuam a ser servidas intocáveis tal como eram confecionadas pelos antepassados - como a feijoada de búzios inventada pela avó Julieta (e acompanhada pelo picante da mãe), o choco à Barca que está na carta há 18 anos ou o doce azedo, que surpreende pelo toque de vinagre - “o produto é sempre local mas algum tem roupagens novas”. Bem-vindos, ceviche de peixe, carpaccio de polvo, pratos vegetarianos e carnes nobres que se juntaram à carta este ano. Este inverno serviu para obras de renovação, com destaque para a esplanada das traseiras que acompanha o por do sol impagável com propostas, essas sim a preço justo, de vinhos e cocktails.

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  • Hotéis

Maputo, anos 90. Conceição Branco conhece Luís Figueira através de uns amigos comuns. Ele tem um monte alentejano com vista para o mar, ela é exímia na arte de receber. Eis uma forma simples de contar a história deste turismo rural de portas abertas desde 2012, cujo logotipo são três folhas de eucalipto que remetem para o bem-estar e para o contacto com a natureza. A arquitectura do casario respeita a traça alentejana e caiu no goto da Condé Nast Traveller, que a considerou em 2017 “contemporânea e luminosa.” Ao todo são 11 quartos com três tipologias: standard, suite alpendre e master suite. Outra característica da casa é que nem remotamente ouvirá crianças a chorar, já que se trata de um espaço só para adultos. O mais parecido que há com uma criança é a rafeira alentejana Lupa, que segue os hóspedes para todo o lado. O pequeno-almoço tem frutas deliciosas, pão de queijo acabado de fazer, croissants, ovos a pedido e sumos naturais. “É daqueles lugares bons para namorar. Aqui não acontece nada, nem apetece fazer nada”, graceja Conceição. A flexibilidade do check-in e do check-out é outra mais-valia. Não há horários rígidos para nada, como manda a tradição alentejana. Nas casas da Lupa a única coisa obrigatória é respirar para continuar a existir.  

  • Atracções
  • Praias

Há quem diga que é a mais bonita da Costa Alentejana – e de facto é tão encantadora como vertiginosa. Situada numa enseada a norte do Cabo Sardão, é tudo o que se deseja encontrar depois de se comer o pó de uma estrada de terra batida. Para chegar lá abaixo e depois voltar a trepar escarpa acima aconselha-se que verifique o estado da caixa torácica. 

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  • Padarias
  • Grande Lisboa

O pão nosso de cada dia é vendido diariamente e só das 7h (no Verão) às 12h na única padaria da aldeia. É só procurar pela rua, travessa ou largo da Padaria e se mesmo assim a rede falhar olhe para cima e siga a chaminé gigante. Lá encontrará a Elisa, afilhada dos originais donos da padaria centenária, o marido Augusto ou os filhos que cozem o pão na porta ao lado. Aproveite e além do pão alentejano leve os bolinhos de manteiga que são a especialidade da dona.

Já não se avistam tubarões na Zambujeira, mas a nível de empreendedorismo a aldeia assemelha-se ao Shark Tank. Natural da zona, Daniel Correia abriu a primeira marisqueira aos 23 anos e basta passar às portas dos restaurantes para perceber o sucesso que, no caso, dura o ano inteiro. Pudera, “as pessoas fazem quilómetros para virem aqui comer” percebes, santolas, navalheiras, lagostas, açordas de marisco, porco preto, e a água na boca cresce quase tanto quanto a fila de entrada. O bichinho de voltar à zona e dinamizá-la deu lugar também a uma loja de produtos locais. Descrita como um “mimo aos produtores locais”, tem licores, queijo, compotas, sabonetes de medronho, peças de cerâmica, além do vinho Vincentino. Também pode vir aqui buscar frango assado, hambúrgueres (um deles vegetariano) e todo o marisco vivo ou cozinhado, para levar até ao seu Airbnb e apreciar sem demoras.

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Rota Vicentina

Dê corda aos sapatos. E é bom que sejam apropriados a caminhadas longas, bem como o restante equipamento. No verão, os trilhos da Rota Vicentina não são aconselhados por motivos óbvios, mas se seguir as regras explicadas bem direitinho no site www.rotavicentina.com não tem como se meter em apuros. É aqui também que pode aceder aos mapas e planear a sua aventura (sim, prepare-se para suar), mas deixamos-lhe já aqui um aperitivo daquele que foi eleito um dos melhores trilhos de toda a Europa. Pela encosta poderá observar toda a expressão da força do oceano, com planícies varridos pelos ventos do mar, que, diga-se de passagem, nunca é igual ao restante, com um brilho cristalino por entre as ondas e profundezas azuladas. Por entre as rochas consegue encontrar ninhos de cegonhas, o único local de Portugal onde os criam tão perto da água. O Cabo Sardão é paragem obrigatória, sendo o ponto mais ocidental da Costa Alentejana, encimado pelo farol com 68 metros sobre o mar que esconde histórias de navios afundados na Antiguidade. O Trilho dos Pescadores diz-se ser um dos mais bonitos do mundo, pois além da diversidade de paisagens é também o mais aproximado da convivência com os locais. A descrição é prometedora: ”Portinhos de pesca artesanais, dunas avermelhadas, o perfume dos pinhais e o espectáculo único no mundo das cegonhas que nidificam nas falésias, tornam esta caminhada num verdadeiro bálsamo para os sentidos.” Para fazer devagar, ou não estivéssemos no Alentejo.

  • Hotéis

É como canta a música: os seus problemas são para esquecer, até porque dormindo num sítio a quatro minutos da praia o que é que realmente nos pode incomodar? O primeiro hostel da aldeia, Hakuna Matata, é o projeto de um jovem casal de nativos da Zambujeira do Mar que depois de alguns anos longe da região decidiu regressar à sua serenidade e criar um conceito que não os tornasse escravos do trabalho. É por isso que são os hóspedes a fazer o próprio check-out e não há receção 24 horas, e os preços (que começam nos 64 euros em época alta) são reflexo disso. Lugar de encontro entre estranhos, palco de primeiros romances (não é por acaso que os casais pontuaram com 9.8 no Booking) e moradia anual de um caminhante espanhol na casa dos 80, dispõe de acomodações amplas em quartos privados e dormitórios com um aspeto cuidado e limpinho, uma cozinha partilhada e uma área comum.

Férias a sul

  • Coisas para fazer

Tornou-se tão cliché como inevitável cantarolar a “Porto Covo” de Rui Veloso quando passamos por aqui. É um clássico, tal como é um clássico não falhar uma ida a banhos na Ilha do Pessegueiro ou parar no Zé Inácio para comer um bom peixe grelhado. Porto Covo devia estar na lista de sítios a conhecer de qualquer pessoa, especialmente no Verão. É uma vila pequena, mas tem grandes praias, óptimos restaurantes e muitas coisas para fazer. Uma vez aqui, saiba tudo o que não pode perder em Porto Covo. 

  • Viagens

Duas horas. Não demorará muito mais a chegar a Vila Nova de Milfontes e uma coisa conseguimos garantir: demorará menos ainda a esquecer-se que há vida em Lisboa. Praias, restaurantes, lojas. Não se fala do melhor da Costa Alentejana sem mencionar Vila Nova de Milfontes, seja pela praia, pelo rio ou pela gastronomia – e que bem que se come aqui. A verdade é que não faltam coisas para fazer em Vila Nova de Milfontes, mesmo que o sol teime em não aparecer. Siga o nosso roteiro e não se preocupe com mais nada. 

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  • Coisas para fazer

Sugerimos 14 areais no Algarve que costumam ter espaço para estender a toalha, espetar o guarda-sol e esticar as pernas sem tocar em ninguém. Estes oásis não o vão desiludir, é garantido. Não acredita? Fomos do Barlavento ao Sotavento, sempre com os pezinhos de molho, à procura das praias perfeitas para descansar do mundo e fingir que não está no Algarve, mas numa qualquer ilha paradisíaca, longe da civilização. Pelo caminho, encontrámos ondas ideais para surfar e areais perfeitos para ver as vistas, ver e ser visto (à distância, claro está) ou até para andar como veio ao mundo.

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