Ainda há estrelas no céu e a Herdade do Touril é o lugar certo para deitar a cabeça para trás até lhe ficar a doer o pescoço a apreciá-las. Depois, é acordar e deparar-se com outras atrações cintilantes, desde a burra Violeta que nos zurra um bom dia, ao cheiro a pão alentejano que nos conduz como zombies até à farta sala de pequeno-almoço. Isto se não tiver sido acordado pelo barulho dos passarinhos antes. Se entrar pelas ‘traseiras’ do edifício principal terá ainda a difícil tarefa de se desviar da piscina de água salgada que o sol já aquece, conseguirá espreitar a horta de onde virá parte do seu menu e terá de responder muitas vezes à pergunta que se impõe num ambiente destes. “Então, dormiu bem?” Na verdade, é como se nunca tivéssemos acordado ou descobríssemos o paradeiro que Belinda Carlisle cantava sobre o céu na terra. Não é exagero: as múltiplas premiações da Herdade que recuperou a jovialidade de cinco gerações atestam as nossas sensações, combinando conforto, tranquilidade e bom gosto nas cinco pitorescas casas que se aninham nos 365 hectares. Se não quiser ficar para dormir (big mistake) saiba que a Herdade abre a visitantes o restaurante Touril & Celso. A parceria entre a cozinha leve e fresca de Miguel Batista e o ex-libris de petiscos de Vila Nova de Mil Fontes, Tasca do Celso, é paragem obrigatória. Se a noite estiver mais para o fresco, pode levar o copo até à lareira exterior ou aconchegar-se na sala de estar, onde rapidamente se sente em casa. O momento mais doloroso desta estadia será a partida, mas – sem querer estragar a surpresa – não virá de mãos a abanar (pista: é estaladiço e fica bem com manteiga).
A beleza pode ser um conceito relativo, mas não será imparcialidade coroar a Zambujeira do Mar com o título máximo. Não somos os primeiros a afirmá-lo nem seremos os últimos, com a obsessão pela imaculidade alentejana a fazer cabeçalhos de jornais internacionais e a (perigosamente, cof cof) instigar os ricos e famosos a investir naquele que é o luxo dos luxos dos tempos modernos: um lugar onde a rede do iPhone ainda falha.
À medida que o calor aperta, a Zambujeira do Mar vai saindo do casulo, acordando resplandecente para os meses de Julho e Agosto (altura em que o festival de música Sudoeste vira a zona de pernas para o ar). Mas não falta o que fazer (também) fora da época alta: os caminhantes, por exemplo, até preferem a Rota Vicentina nos meses mais frescos; e os gulosos, salivam por marisco fresquinho 365 dias por ano.
Eis o melhor da Zambujeira do Mar em 15 pontos imperdíveis.
Recomendado: 🏖️ Há paraísos perto de Lisboa para explorar