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Três trilhos para descobrir a Serra de Sintra

Calçámos os ténis e fomos trilhar o verde imenso da bonita serra aqui tão perto

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Não é exagero dizer que só nos Parques de Sintra há muitas, muitíssimas, opções de trilhos pedestres para dar uso às pernas e descanso à cabeça. Dependendo do que procura – património, natureza ou “deixem-me em paz, quero é ir andar” –, no portal Active Sintra, sob a tutela da Câmara Municipal, encontra mapas para descarregar para o telemóvel com instruções detalhadas, informação cultural e ambiental, e pontos de paragem obrigatórios que dispensam o acompanhamento de guia especializado. O melhor de caminhar, convenhamos, é poder fazê-lo ao seu ritmo, à hora que bem entender e, melhor, gratuitamente. Há sugestões para todos os gostos e níveis de preparação física.

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Três trilhos para descobrir a Serra de Sintra

1. Os imperdíveis da vila

É a mais curta, com cerca de 2 km, e oferece uma viagem rápida mas intensa pela história de Sintra. Tem o inconveniente de passar por todo o santo ponto turístico da vila e, por isso, talvez não seja o ideal para quem procura paz e sossego. Ainda assim, é uma boa desculpa para dar um saltinho à Piriquita e trazer uma dúzia de queijadas para o lanche. Mas adiante. O percurso tem início no largo Rainha D. Amélia, junto ao Palácio Nacional de Sintra (que pode aproveitar para revisitar) e segue, depois, em direcção ao Castelo dos Mouros. O caminho é a subir mas quando chegar lá ao ponto mais alto do maciço rochoso e receber a primeira golfada de ar puro, vai perceber que valeu a pena o esforço. Do cimo das muralhas consegue-se uma panorâmica desafogada da vila, do verde que a envolve, e do mar. Depois de uma pequena pausa para recuperar o fôlego, são só mais 20 minutos de percurso pela floresta que abraça a Estrada da Pena e chegará ao destino: o Palácio da Pena, o mais notável exemplar da arquitectura do Romantismo no século XIX e, vá, um dos sítios mais instagramáveis do distrito de Lisboa. Pode ser que tenha sorte e que o nevoeiro tenha dado tréguas, caso contrário esqueça lá as fotos.

Pelo caminho, e prestando contas ao nome desta rota, há uma visita à Igreja de Santa Maria, um edifício discreto, singelo até, eleito Monumento Nacional, que conta a história da conquista de Sintra por Afonso I. Foi mandada erguer no século XIV mas a construção só ficou concluída cerca de duzentos anos mais tarde – obras de Santa Engrácia, está a ver? –, tendo sido praticamente refeita depois de sofrer o abalo do terramoto de 1755.

O trilho faz-se, sobretudo, por caminhos pavimentados e de piso regular, com algumas inclinações abruptas, mas nada que não se faça. É para todas as idades e para todos os níveis, mesmo os de sedentarismo grave.

2. Do Cabo da Roca às pegadas de Dinossauros

Os especialistas em trekking dizem que a Primavera é a altura ideal para cumprir este percurso mas da maneira que o tempo anda, totalmente alheio às estações, este início de Outono ameno também se adivinha bom para ir à aventura. Neste caso, para o litoral de Sintra. Sabe aquela calma que ataca subitamente mal bate os olhos no mar? Aqui está garantida ao longo dos exactos 13,2 km que compõem este trilho, quase sempre cumprido à beira-mar. Na verdade, este é um passeio dois em um, no sentido em que inclui imersão Palácio da Pena na natureza na mesma medida em que explora alguns factos históricos e tradições da zona.

O caminho começa e termina no ponto mais ocidental da Europa Continental, ei-lo o Cabo da Roca, apresentado por Camões como o sítio “onde a terra se acaba e o mar começa”, e a partir daqui pode escolher se vai directamente para a Praia da Adraga ou se desce um bocadinho em direcção à Ursa antes de seguir caminho. As duas praias distam, uma da outra, cerca de 4,5 km que correspondem a qualquer coisa como uma hora de caminhada. Uma hora, tanto tempo? Há uma explicação: o trilho que é recomendado faz-se sobre as falésias que, como sabe, não são propriamente planas e, por isso, ligeiramente mais demoradas a percorrer. Vai precisar de alguma perícia e de sapatos confortáveis com sola antiderrapante para evitar eventuais tropeções e escorregadelas. Se não tem muita experiência nestas andanças, sugerimos que mantenha uma distância de segurança da berma das escarpas, não vá o diabo tecê-las. Da AdragaPraia Grande,  o cenário será mais ou menos o mesmo, sempre na companhia do mar e de algumas aves que ali fazem ninho. De resto, é provável que não se cruze com nada nem ninguém até chegar à escadaria que anuncia a chegada à Praia Grande. E o que é que há para ver ali além de surfistas e gente impecavelmente bronzeada? Pegadas de dinossauro, é isso mesmo que tem para ver. Foram descobertas em 1981 por um estudante de Geologia que fez corresponder os 66 socalcos que encontrou na descida para a praia a pegadas de animais herbívoros e carnívoros com cerca de 115 milhões de anos. Espantoso, não é? Provavelmente já ali passou algumas vezes e nunca deu conta do monumento e isso deve-se ao facto de não estar especialmente cuidado e nem tão pouco anunciado. Agora que já sabe, faça o favor de observar o tamanho das patas dos bichos e de dar graças por o cenário de Jurassic Park ser puramente ficcional.

De regresso ao cabo da Roca, ainda há uma sugestão de passagem por Almoçageme, aldeia com uma paisagem rural riquíssima em pomares. Se não tem interesse, pode saltar directamente para a casa de partida, no Cabo da Roca.

Atenção que há algumas placas de sinalização do percurso que estão em falta. Para não se meter em aventuras desnecessárias pelas escarpas, assegure-se de que tem bateria no telefone e que segue as indicações do mapa virtual.

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3. Lendas e mistérios no caminho dos Lapiás

O Parque da Segueteira é um daqueles sítios que tem de se visitar pelo menos uma vez na vida. Envolvido em lendas e mistérios, como as supostas aparições de fadas e ursos e a alegada existência de um ribeiro subterrâneo que leva ao centro da vila de Sintra, é o ponto de partida deste trilho de 10 km que promete surpreender com paisagens fenomenais, factos curiosos e registos históricos que vale a pena conhecer, em especial o antigo trilho pelo meio de uma formação rochosa bonita de ver que dá pelo nome de campo de lapiás. Ora os lapiás são um fenómeno que resulta da erosão das rochas, sobretudo em territórios onde chove muito, criando uma espécie de campo empedrado com várias formas e feitios – há uma formação que parece um elefante – e que, julga-se, poderá ter tido origem na Idade do Gelo. Este pequeno troço, que vai analisar com atenção, está integrado no conjunto arqueológico da vila romana da Granja dos Serrões, onde vai encontrar muito com que se entreter pelo caminho. Além de uma necrópole e de um templo dedicado a Júpiter, há vestígios de pavimentos e mosaicos, e uma edificação de uma estrutura defensiva. É por caminhos ancestrais que se percorrem os 1,7 km que distam da povoação da Pedra Furada. Por estas bandas o que vale mesmo, mesmo a pena é deixar para trás a parte urbanística e seguir sem demora para a Lagoa da Pedreira que, como o nome indica, resulta da formação de um lago no espaço de uma pedreira desactivada. Estima-se que tenha pelo menos 30 metros de profundidade, facto que deve pesar na hora de decidir ou não atirar-se de cabeça – pelo sim, pelo não, fique por terra que é mais seguro. Mais à frente, em Anços, as Cascatas do Rio Mourão, por onde vai ter a sorte de passar, essas sim, são já um espaço relativamente seguro para ir a banhos – se tiver coragem de enfrentar o choque térmico.

Com isto tudo terá percorrido mais ou menos 10 km e, se tudo correr bem, terá coleccionado um conjunto de experiências que nem sabia serem possíveis aqui tão perto de Lisboa. Pelo caminho cruza-se com algumas zonas urbanizadas, pelo que o risco de se perder no meio do verde é bastante baixo.

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Sintra será sempre um postal, não há volta a dar. Um postal cheio de monumentos, restaurantes clássicos imperdíveis, lojas de souvenirs e bons doces tradicionais. Mas há muito mais para descobrir para lá de todos os clichés incontornáveis e nos últimos tempos Sintra tem crescido muito.

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Há muito mais do que 37 coisas para fazer em Sintra, bem sabemos. Nem é preciso falar do sem-fim de personalidades que já andaram a passear pela vila, do físico e inventor italiano Marconi ao piloto brasileiro de Fórmula 1 Ayrton Senna, da actriz norte-americana Gloria Swanson à banda irlandesa de rock U2. 

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