Farmhouse of the Palms
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Viver devagar na Farmhouse of the Palms

Este refúgio de férias em São Brás de Aportel transporta-nos para longe da azáfama turística do Algarve

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Em São Brás de Alportel há uma casa com 200 anos transformada num refúgio de férias de onde não apetece sair. Tem vista para a serra, uma piscina que muda de cor com a luz do sol e vários recantos para preguiçar à sombra. Estivemos lá e descobrimos um Algarve alheio à azáfama turística.

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Não temos a certeza de que o pequeno-almoço seja realmente a refeição mais importante do dia, mas sabemos de fonte segura que é um dos factores decisivos para a escolha de um hotel. As camas até podem não ser nada de especial e o chuveiro ter menos pressão do que seria desejável mas se o pequeno- -almoço for bom, está tudo bem. No entanto, para quem está do lado de lá da barricada, que é como quem diz atrás das operações da cozinha, definir e preparar um “bom pequeno-almoço” é mais ou menos como entrar numa sala às escuras de pés descalços e tentar não bater com o mindinho em lado nenhum. Há quem prefira papas de aveia, outros cuja felicidade depende só de uma torrada com manteiga e ainda quem espere nada menos do que panquecas com frutos vermelhos e galões com leite de arroz. No final de contas, como é que se consegue agradar a toda a gente? Simples: com produtos de qualidade, variedade q.b. e perguntando directamente a cada um oque gostaria de ter na mesa para começar o dia. É assim que fazem Frank e Véronique, proprietários da Farmhouse of the Palms e anfitriões dos pequenos-almoços mais idílicos do Algarve.

Não há um igual ao outro e a única coisa que se mantém inalterada, assim o tempo permita, e permite quase sempre no Algarve, é o facto de ser servido ao ar livre. Há uma mesa de pedra com tostas de tomate e presunto, toranja em gomos, café, chá e sumos naturais que é completada com os pedidos à mesa. A tosta de abacate com ovo mexido é a primeira a chegar e acompanha com um smoothie de ananás e coco, a que se segue depois uma cesta de croissants franceses para rechear a gosto com queijos e enchidos locais. Acrescenta-se o mel trazido pelo jardineiro e as compotas de fruta e aromáticas da horta (a de morango e menta é imperdível), a que se podem juntar mais ovos de várias maneiras, torradas e uma taça de fruta laminada para ir picando enquanto se escolhe, ao longe, a espreguiçadeira que se vai ocupar dali a minutos.

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Frank e Véronique chegaram a Portugal em 2014 depois de uma vida dedicada à banca, na Bélgica. Não tinham a pretensão de criar um hotel nem sequer de entrar na corrida frenética do turismo e por isso levaram três anosa encontrar “a” casa ideal. Visitaram mais de 150 propriedades e acabaram por assentar arraiais na colina do Cerro do Botelho, em São Brás de Alportel, onde o Algarve ainda se mantém genuíno e praticamente intocado. Da estrada não conseguiam adivinhar o que estava guardado atrás do portão de ferro e só quando galgaram a primeira subida é que deram de caras com uma antiga quinta senhorial protegida por um jardim frondoso com azinheiras e alfarrobeiras centenárias e uma vista desconcertante para a serra e a vila vizinha.

De fora pareceu-lhes uma casa demasiado grande e algo labiríntica mas à medida que iam subindo e descendo os vários patamares pelos quais se distribui o edifício repararam no forno a lenha, na lareira antiga, nas paredes toscas com tectos em madeira, nas portas de madeira rústica, e viram o que mais ninguém viu: o sonho de uma vida a começar a ganhar forma. Abriram ao público em 2015.

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Os cinco quartos disponíveis funcionam quase como casas independentes. Amplos, soalheiros e de estilo campestre, têm no branco a cor predominante, escolha que Frank explica dizendo: “o branco é sinónimo de férias e serenidade”. É o que se pretende, no fundo. Para ajudar à festa, há camas king-size com lençóis de algodão egípcio, casas de banho com duche e banheira, colunas de som para emparelhar com o telefone, máquina de café, televisão e, o melhor, pequenos terraços privativos com espreguiçadeiras e camas de rede.

Na suíte número quatro, no primeiro piso (anote já para não se esquecer no momento da reserva), há dois pátios panorâmicos onde é possível passar uma noite ao relento na cama de dossel colocada à altura da antiga chaminé. 

E porque uma noite sob as estrelas é sempre um bom motivo para uma celebração a dois, a qualquer altura do dia ou da noite pode descer à sala de estar e abastecer-se de vinho, cerveja, whiskey, chá ou café no honesty bar.

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Como boa casa de férias que é, a Farmhouse of the Palms tem muita vida dentro de portas, mas estando onde está, no Algarve, soube tirar partido de todos os recantos do jardim para criar vários espaços de descanso ao ar livre, tendo sempre a piscina como ponto de encontro.

Ora a piscina é outra das boas surpresas da estadia. É preta durante as primeiras horas do dia e à medida que o sol vai subindo ganha uma tonalidade azulada, que se vai tornando mais clara com o passar das horas, até finalmente recuperar a cor original à hora de o sol se pôr. Magia? Nada disso, é só uma feliz coincidência justificada pela boa exposição solar do terreno.

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Mesmo em dias de casa cheia não é possível saber ao certo quem ou quantos são os ocupantes da casa – o silêncio parece ter sido combinado à chegada e somos nós que o interrompemos assim que tentamos abrir um guarda-sol de forma pouco habilidosa. Quando finalmente decidimos entrar na piscina, fizemo-lo com a elegância de um cisne (ou foi assim que nos sentimos) para não incomodar quem estava à volta a ler ou a dormitar. Terminámos o dia a fugir ao sol numa cama suspensa numa alfarrobeira com 200 anos e a adiar a partida. É isto o slow living, não é?

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