Os gins invencíveis
Mas se aparentemente tudo aqui é mais fácil, a burocracia e a pandemia atrasaram-lhe os planos e só no final de Junho é que conseguiu abrir as portas da destilaria, depois de uma longa espera. Escolheu abrir a Scoundrels Distilling Co. no Porto por uma razão muito simples: “Queria ter acesso a pipas de vinho do Porto para envelhecer o rum, que foi sempre o meu objectivo”, explica. “O gin aconteceu por acaso, porque pode ser feito rapidamente. Não precisas de esperar que envelheça antes de o vender. É um new spirit”, conta o empreendedor, que começou a produzir gin no “Boxing Day de 2017” (dia 26 de Dezembro), na lavandaria lá de casa.
Deste feliz acaso nasceu a marca Invicta Gin, que conta já com três gins no cardápio e que podem ser provados no local, descoberto, num certo dia, quando Travis e Andy, a sua mulher, regressavam do mercado da Vandoma. Possui uma porta de garagem aberta para a rua na qual encaixaram um balcão, que, inevitavelmente, atrai todo o tipo de passantes curiosos. “Todos os dias me aparecem aqui velhotes bêbados a pedir cerveja de graça”, ri.
Não têm permissão para vender álcool na rua, mas, do lado de dentro, a história é outra. Na “tasting room”, como lhe chamam, é possível pedir a Gin Flight (20€), uma prova dos três gins da casa, acompanhados por uma tábua de pão e queijos. Todos diferentes e todos feitos artesanalmente. “Fazer um bom gin requer muita dedicação. E nós fazemos tudo à mão: engarrafamos à mão, rotulamos à mão, descascamos as frutas à mão. Não há automatização aqui. A única automatização que existe são estas”, diz, abanando as mãos no ar.
O International Dry Gin, por exemplo, “é uma espécie de London Dry Gin”, explica, “tem 44% de álcool, leva 11 botânicos e é forte no sabor a zimbro” (39,99€/70 cl). Com o mesmo número de botânicos, mas com uma percentagem de álcool superior – 57% –, o Navy Strength é apropriado para a mixologia (54,95€/70 cl). Já o Portuguese Citrus (44,95€/70 cl), “um raio de sol num copo”, como Travis gosta de o descrever, é feito com sete botânicos e três tipos de citrinos diferentes, laranja, tangerina e toranja – alguns deles apanhados à mão no Douro –, que se evidenciam de imediato assim que se dá um pequeno gole no copo, enchendo a boca de frescura e aquecendo o resto do corpo.