Quinta de Ventozelo
©Luís FerrazQuinta de Ventozelo
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As melhores quintas e hotéis com programas de enoturismo no Douro

Com vinhos de topo, piscinas infinitas, alojamentos de luxo, programas na natureza e paisagens inigualáveis, o Douro é o destino ideal para relaxar e fugir à rotina dos dias.

Mariana Morais Pinheiro
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"Um poema geológico. A beleza absoluta." As palavras são de Miguel Torga, sobre a região que o viu nascer, e não podiam ser mais merecidas ou verdadeiras. O Douro é a primeira e mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo e, em 2001, foi considerada pela UNESCO como Património da Humanidade. Desde então, espalhadas pelas arribas durienses há cada vez mais quintas e alojamentos com propostas tentadoras. Umas são clássicas como manda a tradição, outras mais modernas e com designs arrojados. Umas apostam nos tesouros que guardam nas suas adegas e outras em soalheiros piqueniques no meio das vinhas. Corremos este pedaço de paraíso de lés a lés para lhe dizer onde dormir, comer, passear e brindar à sua saúde.

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Quintas com alojamento e experiências

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Chegar à Quinta do Pessegueiro parece ser uma espécie de purga divina, como se para entrar neste paraíso fosse necessário superar uma série de obstáculos feitos de estradas tortuosas, gravilha solta no chão e relevo acidentado. Só quem estiver disposto a saltar do banco em cada curva, por entre vinhas, poderá usufruir de um dos mais bonitos cenários que o Douro tem para oferecer, bem instalado em Ervedosa do Douro. A casa – tão bonita que parece irreal – já recebe hóspedes desde 2022, mas só em 2023 é que passou a integrar a rede de unidades de luxo do grupo francês Roger Zannier. Tem oito quartos decorados pela OITOEMPONTO, o estúdio de arquitectura e interiores do Porto que pensou na harmonia e detalhes de todo o alojamento. Cada um deles reflecte a cultura de um país. À suíte Japão, com um grande janelão rasgado na fachada e uma vista panorâmica sobre este vale encantado, com uma ponte férrea ao fundo onde, ocasionalmente, passa um comboio, juntam-se quartos dedicados à Índia, ao Brasil, a Cuba ou Marrocos, com bancos forrados a tecidos brocados, camas confortáveis e casas de banho luxuosas. Mas a sala principal é, provavelmente, o mais arrebatador dos espaços, com pinturas pelas paredes e obras de arte em pedestais, garrafas de cristal com bebidas espirituosas, um armário com charutos, uma lareira que se acende em dias frios, um piano de cauda, várias porcelanas chinesas e candeeiros acesos que dão luz e conforto. Mas se o interior é bonito, prepare-se para ficar boquiaberto com o alpendre exterior suportado por colunas em pedra. Tem mesas, sofás, uma cozinha de apoio e uma vista que não encontra em mais lado nenhum do mundo.

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Este é um lugar especial, onde a história convive com o presente de uma forma harmoniosa e tranquila. Enquadrada na vegetação frondosa, feita de vinhas e alfazemas em flor, a Quinta de Ventozelo respira uma vibe cool e descontraída, tornando-a num dos mais interessantes enoturismos do Douro. Esta antiga quinta recuperada, onde nada foi construído de raíz, conta com 29 quartos distribuídos por sete edifícios. A Casa do Feitor, por exemplo, tem cinco quartos duplos, uma suíte para pessoas com mobilidade reduzida, e está virada para o rio e tem um terraço de frente para um laranjal. E os dois balões de armazenamento de vinho, que saltam à vista mal se chega à propriedade, são hoje duas grandes suítes com sala de estar e alpendre e dos espaços mais cobiçados pela sua irreverente morfologia. Há ainda novidades: uma estufa no meio da horta com produção biológica de legumes, frutas e ervas aromáticas e onde se podem fazer jantares privados por marcação; e a Casa do Rio, que inaugurou a piscina privativa, e que por ser mais afastada se torna ideal para uma escapadinha em comunhão com a natureza.

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Do velho se fez novo. No coração da Quinta de São Luiz, casa da Kopke, a mais antiga marca de vinho do Porto (fundada em 1638, ainda antes da demarcação da região pelo Marquês de Pombal), abriu um enoturismo. A antiga casa de família, com mais de 200 anos, foi recuperada e transformada num espaço moderno e acolhedor, com linhas sóbrias, cores quentes nos quartos e vários elementos de artesanato, escolhidos a dedo, que contam uma história com quase quatro séculos. O alojamento possui 11 quartos com vista sobre o rio Douro e cada um deles foi baptizado com o nome de um dos talhões de vinha da quinta. Ao todo, juntamente com as parcelas de vinha que foram adquirindo ao longo dos anos, a Quinta de São Luiz possui 125 hectares, sendo que 90 deles dão origem aos famosos vinhos do Porto Kopke e aos vinhos DOC Douro São Luiz. Ideal para observar de perto o dia-a-dia de uma laboriosa quinta em pleno Douro Vinhateiro, bem no coração do Cima Corgo, os dias por aqui começam com pequenos-almoços fartos e robustos, servidos na sala de jantar. Há pão, bolos caseiros, manteigas, doces, queijos e charcutaria, bem como cafés, leite, iogurtes e sumos naturais. Se preferir preguiçar um pouco mais, entregam-lhe a primeira refeição num simpático cesto de piquenique à porta do quarto. Basta reservar.

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Parece um quadro de Bruegel, com os seus infinitos detalhes e pormenores delicados. A Casa do Arco, o projecto de vida de Ana Carvalho e Marco Pinto, inaugurado em 2021, é mais do que um alojamento com uma arquitectura moderna, inserido numa paisagem bonita. É uma homenagem à região, feita através dos materiais da sua construção, que incorporam xistos e madeiras pinho de riga, mas também à conta dos janelões rasgados nas fachadas, que transportam o Douro vinhateiro e o vale do Pinhão para dentro de portas, como se de telas se tratassem. Além do restaurante, com uma sala principal e outra mais intimista, de onde se vê o arco que dá nome à casa, o alojamento possui apenas mais quatro divisões: uma sala com uma bonita e grande lareira, sofás confortáveis, vinhos que podem ser bebidos a copo e fotografias dos donos com os avós no Douro quando eram pequenos, e três quartos. O Figueira, o Limoeiro e a suíte Amendoeira, que conjugam as madeiras das paredes e do chão com o betão armado dos tectos altos e os mármores de Estremoz nas casas de banho. Têm camas confortáveis, com lençóis de algodão orgânico de 600 fios, bonitas jarras de cerâmica com flores secas e mobiliário contemporâneo. O pequeno-almoço é servido na sala principal do restaurante e quando lá chega a mesa já está posta com iogurtes naturais, cereais, frutas frescas, mel, compotas, sumos de laranja, queijos, charcutaria, pão, croissants, ovos mexidos a pedido e fatias do bolo caseiro que Ana fez em casa com os filhos pequenos. No exterior, dê umas braçadas na piscina, passeie por entre romãzeiras e pessegueiros e contemple a paisagem. Das oliveiras mesmo ao pé ao Pinhão, pintado lá ao fundo, como se fosse um quadro. De Bruegel, por exemplo.

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Esta história começa com a família Mansilha, que há mais de um século decidiu que iria produzir vinhos no vale do Douro. A empreitada foi exigente, mas deu os seus frutos, neste caso, uvas de grande qualidade que hoje enchem garrafas de vinho do Porto, do Douro, de Moscatel e de espumantes, que são servidas às mesas de todo o mundo. E é de todo o mundo que chegam turistas ávidos de explorar o que a quinta oferece. Em 1994, fez a sua primeira incursão pelo enoturismo abrindo um restaurante. Anos mais tarde, apresentaram ao mundo a Casa das Pipas, um edifício imponente, erguido a xisto, com uma majestosa fachada voltada para os socalcos repletos de videiras. Aqui cabem 13 quartos, com nomes de castas plantadas nas propriedades – Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela… – todos equipados com camas largas e confortáveis, casas de banho forradas a bonitos azulejos e com vista para as vinhas e para a tentadora piscina (aberta 24 horas durante 365 dias por ano). A Casa do Lagar, onde antigamente funcionava um lagar de azeite que servia toda a vila, foi igualmente reconvertida e o seu espaço aproveitado para acomodar, sobretudo, famílias. A estadia não fica completa sem uma visita ao Armazém de Envelhecimento desenhado por Siza Vieira, a menina dos olhos da Quinta, e que em 2020/2021 recebeu o Prémio de Arquitectura do Douro. O xisto e a cortiça cobrem o aço e o betão de um edifício grandioso, cujo propósito é servir de centro de estágio e local de envelhecimento aos vinhos do Porto e Douro da Quinta do Portal.

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Madeira, muita madeira, ferro, xisto, betão, zinco e uma boa dose de irreverência e arrojo. Eis a receita infalível para uma lufada de ar fresco na paisagem, que rasga com os cânones expectáveis de um típico alojamento no Douro. A Quinta da Faísca, em Favaios, apostou, sem medo, num projecto único na região. O resultado? Quatro casas que parecem suspensas, com telhados ziguezagueantes, sobre uma paisagem repleta de vinhas, oliveiras e algumas amendoeiras. Consideradas “Melhor Projecto de 2022” pela Archilovers, plataforma que agrega arquitectos e designers de todo o mundo, foram pensadas pelo estúdio de design Carlos Castanheira Architects que, em 2013, havia já projectado a extensão do edifício principal da adega – grafitada e, por sinal, cheia de pinta. Quanto aos apartamentos, evocam modernidade e conforto em cada detalhe. No exterior, a piscina quadrangular recupera antigas pedras de granito e, mesmo em frente, uma mesa corrida de madeira com dez metros de comprimento convida a almoçaradas ou jantaradas à luz das estrelas e na companhia de grilos cantantes

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A Quinta da Corte, empoleirada no cimo de um monte, é uma visão pitoresca e reconfortante. Sobretudo quando lá chegamos e a lareira está acesa (mesmo na Primavera). A casa, agora caiada e debruada a amarelo-vivo, datada do século XVIII, foi comprada em 2012 por Philippe Austruy, proprietário de várias quintas vitivinícolas em França e Itália, que a encontrou em avançado estado de degradação. A paixão foi imediata e as obras começaram logo no ano seguinte, assim como a revitalização da adega e dos 26 hectares de vinhas adjacentes. Os jantares são servidos na cozinha da casa sobre uma grande mesa corrida. O moderno candeeiroque pende do tecto contrasta com a lareira forrada a azulejos, a faiança portuguesa espalhada um pouco por toda a parte e o mobiliário antigo que compõe o resto da divisão. A pequena biblioteca é o lugar mais aconchegante da casa com as suas paredes pintadas a rosa, máscaras de Lazarim em madeira, e uma janela que parece um quadro pintado à mão, de tão perfeita que é a paisagem que dali se vê. O sono chega e as camas confortáveis dos oito quartos da casa, com lençóis e almofadas em linho bordado, recebem-nos de braços abertos para uma noite silenciosa e reparadora. No dia seguinte, o pequeno-almoço é servido com abundância: há que forrar o estômago antes de começar a descer até às adegas.

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O pôr-do-sol cai sobre a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo como uma cortina de veludo de um teatro que encerra um acto que chegou ao fim. Os minutos que antecedem a saída de cena do astro-rei são os mais belos do dia. As árvores agitam as suas copas ao vento, as aves deixam os céus de regresso ao ninho e as luzes da casa bicentenária começam, a pouco e pouco, a acender-se. Esta tem 11 quartos com vista para a vinha e para o rio. Predomina o mobiliário de época, com camas e roupeiros trabalhados ao estilo Dona Maria. Já os Terrace, com uma decoração mais descontraída, apostam em camas de bambu e tons mais quentes, como o rosa e o ocre. O Douro abre o apetite a quem por ele passeia e, por isso, o jantar é servido no Terraçu’s sob um céu estrelado, com menus de degustação de três e quatro momentos. Pela manhã, ganha uma nova aura, com um pequeno-almoço farto, rico em sumos de frutas, queijos, enchidos e fumados, cereais, compotas, taças de iogurte, ovos mexidos, pães de diversos estilos e pastelaria variada. Uma vez recomposto, dê um passeio pela propriedade com 120 hectares de extensão. Tem uma capela do século XVII, erguida na margem do rio para proteger os homens que viajavam nos barcos rabelos, e uma adega com mais de 250 anos, uma das mais antigas da região. Vá conhecer ainda o Wine Museum Centre Fernanda Ramos Amorim, que junta cerca de 500 peças que contam a história do vinho do Porto entre os séculos XIX e XX; faça uma caminhada por uma das três rotas sinalizadas, que seguem por entre vinhas e pomares; e termine com um belo mergulho na piscina de pedra, com vista infinita e água fresca.

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Maria lembra-se bem dos Verões passados na casa do Douro dos avós. Uma casa de lavoura tradicional com a qual o tempo foi sendo gentil. “É a típica casa de viticultor do Douro, que vendia uvas para as grandes marcas de vinho do Porto. Tem pórtico, adega, lagar, tanque, cardenhas, casa do caseiro e uma pequena vinha que foi aumentando ao longo dos anos. Nessa altura, o vinho ainda era transformado cá, com pisa a pé e tudo”, conta, acrescentando que a partir do ano 2000, a Taylor’s, a quem vendem as suas uvas – ficando apenas com uma pequena parte para consumo da casa –, passou a recolher a fruta inteira na origem. Vista de fora, a casa da Quinta de Villa Franca, que está na família de Maria desde meados do século XIX e que foi transformada em 2021 para acolher turistas (permitindo assim a sua sobrevivência), tem paredes alvas debruadas a amarelo garrido, portadas verde-musgo e ramadas de videira aqui e ali, que servem de sombra às refeições ao ar livre (há um grelhador, caso queira demonstrar os seus dotes no churrasco). E tem também uma grande piscina construída nos anos 90, que refresca os dias dos hóspedes. Dentro de casa, há seis quartos com cama de casal e um com duas camas individuais. O mobiliário é todo original, tal e qual como Maria se lembra dele, e a decoração ficou a cargo da avó que, agora, vive no Porto. Deite especial atenção ao tecto em madeira da sala de estar, trabalhado e pintado, às poltronas e louceiros e aos pequenos objectos que contam a história desta família. E é em família ou com grupos de amigos que aqui se quer estar. Como as três casas de banho que existem são partilhadas, preferem que a casa seja reservada na sua totalidade, para que a privacidade e a experiência seja o mais confortável possível.

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Parece o cenário de um filme de época. Apesar de fundada em 1981, altura em que a Churchill’s começou a produzir os seus vinhos, só no final dos anos 90 é que a empresa compraria a Quinta da Gricha, muito degradada, e dela faria o seu quartel-general. Os primeiros hóspedes da casa instalaram-se aqui por alturas da viragem do século. Ficaram, tal como ficam outros hoje, alojados nos quatro quartos da casa, decorados com simplicidade e bom gosto, com camas confortáveis, mobiliário clássico e elegante, casas de banho espaçosas e vistas de cortar a respiração sobre o Alto Douro Vinhateiro. Cada um dos quartos foi baptizado com o nome de uma planta autóctone – Esteva, Urze, Zimbro e Alfazema – e as suas paredes pintadas com cores pastel transmitem uma sensação de paz e serenidade. Se conseguir sair do quarto (onde se sentirá terrivelmente confortável), explore o terraço, com uma vista soberba sobre o rio e o vale, e com laranjeiras e limoeiros que dão sombra nas horas de maior calor. Um copo de rosé fresco, aqui, ao fim do dia, sabe melhor do que muitos prazeres na vida. Aproveite e refresque o resto do corpo na piscina infinita, a poucos metros de distância, e contemple a imensidão que o rodeia: 50 hectares de vinhas que dão origem a mais de um milhão de garrafas que guardam alguns dos melhores Portos e DOC’s bebidos em todo o mundo. 

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É ao virar de uma curva, profunda e bem vincada, pouco depois de Mesão Frio, que ficam as Vila Marim Country Houses. Esta unidade de enoturismo do Grupo Terras e Terroir, do qual também faz parte a Quinta da Pacheca, foi remodelada e inaugurada em 2022 e, além de bonitas casas imersas na paisagem, oferece um silêncio abraçador e reparador que só se encontra por estes lados. Pela propriedade há 13 casas de diferentes tipologias: umas com um quarto, outras equipadas com suíte júnior e varanda, e ainda dois tipos de estúdio, o standard e o duplex. Têm kitchenette, ar condicionado, produtos de higiene pessoal, uma lareira de etanol para tornar a experiência ainda mais reconfortante e podem acomodar entre três e seis pessoas, tornando-as ideais para uma escapadinha em família. Erguidas em xisto e em ferro, têm uma decoração rústica e orgânica, que aposta nos tons neutros, nas madeiras claras e nos atoalhados em linho sobre as camas confortáveis. Outra das grandes mais-valias deste lugar é a natureza que o rodeia. Num primeiro plano, as vinhas da propriedade, numa extensão de cerca de três hectares. Num outro, mais longínquo, o maravilhoso vale do Douro, que pode ser contemplado a partir das varandas de todas as casas. O faustoso pequeno-almoço, de manhã, bate à porta numa amorosa cesta de piquenique (se preferir comê-lo ainda em pijama). Preparado para alimentar um batalhão, traz pães, bolos, panquecas, crepes, ovos mexidos gulosos, bacon, salsichas, fiambre, mortadela, queijo, compotas, mel, manteigas e fruta variada.

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A vista, já se sabe, é maravilhosa, com a foz do Tedo ali mesmo ao lado a fazer uma curva acentuada e dando de caras com o Douro que segue diligente leito abaixo. Mas os espaços ajardinados do hotel parecem competir com a fanfarronice natural do Alto Douro Vinhateiro. Para onde quer que se olhe, no Vila Galé Douro Vineyards, em Armamar, dá-se de caras com rosas, sardinheiras, jarros e outras flores campestres, arbustos rasteiros, alecrim aos molhos e hortas viçosas, que fazem parte do kids club e onde despontam pés de menta, cidreira, tomilho ou hortelã-pimenta. Esculpida na paisagem, a mais sofisticada unidade hoteleira do grupo Vila Galé no Douro quase passa despercebida, aproveitando a ergonomia inclinada das encostas para situar as suas casas de xisto. Com duas piscinas para adultos e uma para crianças, um parque infantil, recantos onde relaxar, decorados com grinaldas de luzes que se acendem quando anoitece e confortáveis sofás em redor de lareiras de exterior, o hotel parece fazer de tudo um pouco para pôr os hóspedes fora de portas. Se, ainda assim, quiser contrariar a tendência, pode sempre refugiar-se nos quartos espaçosos, na biblioteca Miguel Torga, mesmo ao lado da adega onde acontecem as visitas e as provas de vinho, ou num dos restaurantes e bares do espaço.

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É uma das mais conhecidas quintas da região, com vista para o rio e para a Régua (que fica do outro lado da margem), e um dos enoturismos mais cobiçados pelos turistas que chegam de todo o mundo. Muitos vêm à procura daquela experiência que não existe em mais lado nenhum: dormir dentro de uma pipa no meio das vinhas, olhando as estrelas através da clarabóia. Os Wine Barrels são um sucesso desde 2018, altura em que foram inaugurados com todas as comodidades para uma estadia inesquecível. Possuem camas confortáveis, são climatizados, têm casa de banho completa e, a pedido, o pequeno-almoço pode ser trazido ao quarto, para que não tenha de sair deste pequeno paraíso. Também servido pela manhã no restaurante, é um apetitoso banquete matinal. Em 2020 foi criada uma nova ala no The Wine House Hotel, contíguo à casa principal, com mais 24 quartos. Modernos e bem equipados, ficam a dois passos do spa e da piscina exterior. O primeiro está equipado com circuito de águas, piscina interior, duche escocês e tem à disposição uma série de massagens e tratamentos para o corpo. O segundo conta com várias espreguiçadeiras e guarda-sóis e um bar de apoio de onde saem bebidas frescas e petiscos ligeiros sempre que a vontade desperta

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A proximidade à estação ferroviária, a cinco minutos a pé, torna a Quinta do Bomfim o destino ideal para uma escapadinha. E é mais fácil e concretizável do que parece: basta apanhar o comboio Miradouro no Porto, com destino ao Pinhão, e em duas horas e meia está no coração do Alto Douro Vinhateiro. A pensar nos turistas e curiosos que todos os dias lhes batem à porta, a Quinta do Bomfim tem um programa especial: uma “Merenda na Vinha”, precedida de uma visita guiada pela propriedade que tem como objectivo contar a história da região, do seu terroir e da família Symington. Terminado o passeio, os visitantes são encaminhados para o espaço no meio das vinhas, onde poderão optar por comer sentados à mesa ou por estender a toalha no chão, à sombra de um guarda-sol e com o apoio de espreguiçadeiras de lona às riscas. Os menus foram pensados e desenvolvidos pelas equipas da Casa dos Ecos e do Bomfim 1896 with Pedro Lemos, os restaurantes da quinta, e dentro das cestas vai encontrar uma selecção de pães, sopa fria de tomate coração-de-boi, salada de verduras, carapau de escabeche, covilhetes e queijo curado. Para sobremesa, há fruta da época e toucinho-do-céu e, para beber, uma garrafa de Altano Branco, para duas pessoas, e um copo de vinho do Porto Dow's Tawny 10 Anos ou LBV. Para os mais pequenos, criaram uma zona de lazer e um menu especial, composto por uma sanduíche de queijo e fiambre, uma empada de frango, uma fatia de toucinho-do-céu, fruta da época e limonada. Para os adultos, há propostas vegetarianas e um serviço de bar com cocktails e vinho a copo, que é sempre bom conhecer.

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A Quinta do Panascal, de frente para o rio Távora, um dos muitos afluentes do Douro, pertence ao grupo Fonseca e é a menina dos olhos da empresa, uma vez que daqui saem alguns dos seus melhores vinhos. A encosta inclinada virada a oeste e sudoeste, bem exposta à luz solar, é apontada como um dos factores que dão origem aos vinhos que gostam de caracterizar como sendo “densos e aveludados”. Já as vinhas mais altas, arrefecidas pelo vento, produzem vinhos mais leves e elegantes. E muitos deles são servidos durante os almoços, uma das muitas experiências que a quinta tem para oferecer. Com uma gastronomia típica e regional, Mila e Lúcia cozinham com desvelo para quem as visita. Depois de almoço, estique as pernas. A Quinta do Panascal tem uma audio-tour que percorre as vinhas e os lagares e passa pelos balseiros onde os vinhos estagiam durante o Inverno. A visita termina com uma prova de vinhos comentada (entre os 15€ e os 55€), que pode ser acompanhada por uma selecção de queijos e enchidos portugueses, amêndoas do Douro torradas, bolachas caseiras e azeite. 

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É num maravilhoso enclave do Vale de Abraão, a pouco mais de seis quilómetros de Peso da Régua, que o Six Senses Douro Valley se ergue majestoso e em sintonia com a natureza. Já foi lar de família – dentro desta casa senhorial do século XIX há uma torre e uma capela e nas zonas circundantes, vários lagos, jardins e uma floresta onde prosperam plantas exóticas, óptima para bons passeios pela fresca. Hoje é um alojamento de luxo com cerca de 60 quartos e suítes com vista para o vale e com pátios e varandas privativas. Ao pequeno-almoço comem-se pães de centeio feitos com massa-mãe, fatias de bolo de banana e aveia, pastéis de nata, croissants, compotas caseiras, queijos regionais e presuntos com 18 meses de cura. Servem ainda panquecas, waffles e outras propostas quentes, bem como taças de fruta com variadas combinações de frutos secos, sementes, iogurtes e leites vegetais. Depois, relaxe no spa ou junto à piscina, enquanto ouve o chilrear dos pássaros e sente a brisa a abanar, ligeiramente, a copa das árvores.

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Com as raízes fincadas no Douro há mais de 300 anos, a Quinta do Vallado, que pertenceu à incontornável Dona Antónia Ferreira, fica perto de Peso da Régua, mesmo junto à foz do rio Corgo, um dos afluentes do grande curso que dá vida à região. Possui 10 hectares de vinhas velhas, plantadas entre 1920 e 1950, e outros 55 hectares com vinhas que datam da década de 90. Em Vila Nova de Foz Côa, na Quinta do Orgal, plantaram, a partir de 2009, 35 hectares de vinha onde se pratica uma agricultura biológica. São fortes a fazer vinho do Porto, como bem se sabe, mas também a receber quem os visita. No Wine Hotel da Quinta do Vallado existem 13 quartos, cinco na Casa Tradicional e oito no Edifício Moderno. Uns com salas de estar com salamandras para os dias frios, outros com varandas privativas com mobiliário de exterior, mas todos com entradas independentes pelo jardim. Já a Casa do Rio, em Vila Nova de Foz Côa, de olhos postos no Douro e sobre um extenso laranjal, aposta numa decoração mais moderna e minimal e soma prémios nas áreas da sustentabilidade e da arquitectura. Todos os dias há provas de vinho mas, se marcar com antecedência, não só lhe fazem uma visita guiada como lhe dão a possibilidade de escolher os vinhos que quer mesmo provar. 

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Se procura recolhimento e descanso junto do seu círculo familiar ou de amigos mais próximos, a Quinta de La Rosa – que também possui 23 quartos espalhados pela propriedade – tem duas remotas quintas que cumprem esse propósito na perfeição. A Quinta das Lamelas, a 20 minutos de carro do Pinhão, está rodeada de vinhas, amendoeiras, oliveiras e paz. A casa é do século XVII, mas nos anos 90 foi recuperada e modernizada. No exterior há piscina com espreguiçadeiras, jardim relvado, zona de churrasco e uma vista de cortar a respiração. A Quinta do Vedeal, com as mesmas características, é outra das opções. A casa, recentemente remodelada, é um templo de calma e privacidade. Visitar a adega e as caves, saber mais sobre a história da quinta, perceber como acontece o processo de vinificação, bem como provar alguns dos melhores vinhos do Porto aqui produzidos, é um dos programas da Quinta de La Rosa (a partir de 25€). Mas há mais: da visita pode seguir para um almoço com uma selecção de vinhos feita pelo enólogo. E, depois, porque não um passeio pelas vinhas até ao Vale do Inferno para facilitar a digestão? 

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  • 5/5 estrelas
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Vai pensar que é um sonho quando, de manhã, abrir de par em par as janelas do quarto. Diante de si surgirão os socalcos do Alto Douro Vinhateiro esculpidos nas encostas, as vinhas em tons verdejantes que se debruçam sobre elas, o rio cintilante sob o sol, os barcos que cruzam vagarosamente as suas águas, as palmeiras que se agitam ao vento, a ponte secular de Eiffel... Os 39 quartos e 11 suítes do The Vintage House, no Pinhão, têm todos vista para este espectáculo da natureza. O edifício, que no século XVIII começou por ser uma adega, foi ampliado, renovado e transformado num luxuoso hotel de cinco estrelas, o primeiro da região. Nas estações quentes, pode dar umas braçadas na piscina colada ao rio e dormir uma sesta nas redes penduradas nas palmeiras do jardim. Se a estação for mais propícia ao aconchego, leia um livro junto à lareira e explore a loja com vinhos e produtos regionais. Em qualquer uma das alturas, reserve uma mesa no Rabelo, o restaurante do The Vintage Hotel que vale muito a pena experimentar. 

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É daqui (e de quintas irmãs) que vêm alguns dos vinhos mais famosos do Douro, dentro de e além-fronteiras. Para perceber como é que parte disto funciona, tem duas opções: um passeio guiado às vinhas, à adega, ao laboratório e ao armazém de barricas, onde estagiam os vinhos de mesa premium e vinhos do Porto, rematado com uma prova de cinco vinhos; ou, então, uma visita com almoço, que aconselhamos vivamente. No final, vá espreitar a piscina infinita desenhada pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura, onde o azul da água se funde com o do rio.
Para uma experiência duriense ainda mais completa, a Quinta do Crasto junta aos seus programas alguns passeios de barco, de comboio e na tradicional carrinha Bedford.

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E se lhe propusessem uma visita guiada à Quinta das Carvalhas, com direito a passeio pela vinha, prova de vinhos ao ar livre acompanhada de queijos e enchidos, na qual experimentava vinhos topo de gama, como um Carvalhas branco e um Carvalhas Touriga Nacional, e ainda um cálice de vinho do Porto? Tentador, não é? Esta é apenas uma das experiências que esta quinta com mais de 250 anos tem para oferecer. Situada na margem esquerda do Douro, encarando de frente a vila do Pinhão, a Quinta das Carvalhas não poupa esforços quando se trata de impressionar quem a visita. Outro dos programas muito requisitados é a viagem a bordo de um minibus descapotável, mas também há caminhadas para quem prefere uma maior ligação à natureza. Personalizáveis e com um mapa que dá uma ajuda extra aos participantes, os percursos paisagísticos pelo interior da quinta permitem admirar e fotografar o Alto Douro Vinhateiro em todo o seu esplendor.

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Quinta do Seixo
Quinta do Seixo

A sul do Douro mas no Cima Corgo, a Quinta do Seixo é dona e senhora de 100 hectares, alguns com vinhas velhas que produzem os vinhos icónicos da Casa Sandeman. É deste pedaço de terra, entre o Peso da Régua e a castiça vila do Pinhão, que saem toneladas de vinho do Porto todos os anos para todos os cantos do mundo. Têm orgulho nisso e não se importam de partilhar a vasta experiência com quem os visita. Há várias visitas à adega, todas diferentes. Mas é preciso falar sobre o cenário em que acontecem. A casa e a capela são do século XVIII, mas a adega foi construída em 2007. Moderna mas discreta, foi erguida em patamares, acompanhando o declive da encosta, e utilizando o xisto, matéria-prima abundante na região.

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Bem-vindo à terra do silêncio. É assim que o Colmeal Countryside Hotel, escondido no coração da Serra da Marofa, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, saúda os seus hóspedes à chegada. Numa quinta com mais de 650 hectares, converteram-se os edifícios em ruínas num hotel moderno, com uma construção onde imperam o ferro, a pedra e a cortiça, que estabelecem uma discreta simbiose com a natureza, sem ferir a paisagem. Tem 13 quartos e uma suíte, spa, piscina exterior, parque infantil e um restaurante com uma carta pensada pelos chefs Vítor Sobral e Hugo Nascimento. Da cozinha, à hora do jantar, saem pratos de conforto com sabores tradicionais. À hora do lanche, entre braçadas na piscina e passeios pelas redondezas à procura das antigas casas de xisto dos pastores lusitanos e das pinturas rupestres do período do Neolítico, há chá, sumos e um bolo caseiro para matar a fome. Se o frio descer sobre a serra, os quartos, com decoração minimalista mas ultra-confortáveis, têm à disposição produtos de lã da Burel Factory para o aconchegar. Enrole-se numa das mantas e sente-se na varanda a apreciar a noite estrelada e, por entre o silêncio, a ouvir o canto das cigarras e o piar dos pássaros noctívagos.

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  • Hotéis com spa
  • Grande Porto
  • preço 3 de 4

Não é exagero se dissermos que este hotel é uma obra de arte, uma peça artística intimamente ligada ao sítio onde nasceu. Com um design que homenageia a região através do uso do xisto tradicional e com transparências em vidro, o Octant Douro (antigo Douro41 Hotel & Spa) foi construído num sistema de escarpa que se estende até ao rio e que muito se assemelha às vinhas em socalco. Os quartos com vista e as duas piscinas exteriores panorâmicas parecem dialogar com o Douro e acentuam essa ligação do espaço à natureza. A meio caminho entre o Porto e o Douro Vinhateiro, em Castelo de Paiva, é, portanto, a escapadinha perfeita para quem procura um pouco de paz e sossego no bulício dos dias, já que aqui tudo é anti-stress. Há jardins, ginásio e um spa com piscina interior aquecida e vista panorâmica sobre o rio, aberta 24 horas.

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O tempo foi generoso com esta quinta com mais de um século. E é generoso também com quem a visita. A Quinta de São Bernardo é um boutique hotel que alia a traça antiga da fachada à contemporaneidade dentro de portas. Com sete quartos voltados para o rio ou para as vinhas, aqui os minutos parecem demorar-se dentro das horas. Têm lençóis 100% algodão, almofadas anti-alérgicas, banheiras Recor vintage que convidam à imersão e amenities de banho da Claus Porto. Alguns possuem pátios e piscinas privadas, mas todos têm sossego. Muito sossego. Outra das grandes particularidades desta quinta é a horta biológica da qual se orgulham e onde produzem uma agricultura sustentável. É dela que saem grande parte dos produtos que usam na confecção das refeições do alojamento, respeitando sempre a sazonalidade dos ingredientes. Depois de ajudar no cultivo ou na apanha (os hóspedes são desafiados a conhecer e a fazer pequenos trabalhos na horta), relaxe junto da piscina infinita com um copo de rosé fresco ao lado. 

Mais Douro para descobrir

Cabrito assado no forno a lenha, bochechas de porco bísaro, saladas de tomate coração de boi (quando é tempo dele), arroz de salpicão ou arroz de costela à lavrador, alheiras reinterpretadas à luz das novas tendências, tortas de laranja ou tartes de cereja de Resende. Do restaurante mais tradicional, onde se faz o mesmo prato da mesma forma há mais de 30 anos, ao espaço mais vanguardista, comandado por chefs com estrelas Michelin no currículo, a gastronomia duriense é rica e bem tratada. Andámos pela região vinhateira a meter a colher nos pratos dos melhores restaurantes, porque tão importante quanto os vinhos que aqui se fazem é a comida que os acompanha.

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  • Caminhadas e passeios

O comboio

As carruagens são da década de 40 e foram restauradas para estas viagens. Não têm, por isso, ar condicionado, mas as janelas são amplas e à moda antiga, abrindo-se até meio, o que aumenta a interacção com a paisagem. A locomotiva é mais jovem, nasceu nos anos 60, e também tem um tom vintage.

A viagem

É uma das melhores e mais acessíveis formas de conhecer o Douro. Começa-se na Estação de São Bento às 9.25 e vai-se avançando calmamente até à Estação do Tua, onde se chega quatro horas depois. Nesse trajecto, o interesse aumenta à medida que se passa do quintal à quinta, altura em que o relevo ganha formas diferentes e os socalcos começam a aparecer. É um percurso de encontros e desencontros com o Douro, que se faz colado à janela, de preferência com algum calor à mistura. Há conversas entre passageiros de diversas nacionalidades, mas também com os barcos do rio – estas últimas começam com os apitos do comboio e são continuadas pelos acenos dos passageiros.

As paragens

A viagem tem várias pausas. A estação do Pinhão é uma delas, podendo-se admirar os painéis de azulejos com cenas da produção do vinho do Porto. Sendo a penúltima paragem do percurso Porto-Tua, pode-se sair ali e almoçar num dos restaurantes, com destaque para o Rabelo (no Vintage House Hotel). Já na Régua, há uma pausa de uma hora no regresso, que se pode aproveitar para um copo no Castas e Pratos. Quanto ao Tua, os passageiros têm quatro horas para almoçar no Calça Curta ou na Tua’Mercearia. Também podem visitar a estação, que é um pequeno museu dedicado aos caminhos de ferro.

O MiraDouro é um serviço diário com partida às 9.25 na Estação de São Bento e chegada às 12.28 ao Tua. Depois de uma pausa para almoço e contemplação do Douro, regressa às 16.34 e chega a São Bento às 20.55 (20.30 nos sábados, domingos e feriados). Custa 11,60€ em cada sentido e estará disponível até 30 de Setembro.

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  • Coisas para fazer

Antes do vinho teve uma carreira militar, fez parte da primeira divisão de guardas da rainha de Inglaterra e esteve ao serviço das Nações Unidas no Chipre. Depois disso, uma passagem pela banca. O vinho surgiu por acaso?

Estive à volta do vinho toda a minha vida. Encontrei a minha esposa [Natasha Robertson] a 12 de Março de 1982, em Londres. Casámos em Setembro de 1989 e vim a Portugal em 1994. Entrei para a Taylor’s em Maio desse ano, mas só quatro anos mais tarde é que assumi responsabilidades dentro da empresa. O meu sogro queria que eu ficasse com a presidência para o milénio, por isso, em 2000, assumi oficialmente o cargo de director-geral. Mas, antes disso, a minha carreira militar chegara ao seu pico em Sandhurst [Real Academia Militar em Inglaterra], quando ganhei o prémio de melhor candidato do meu ano, o Sword of Honor. Por isso, depois do exército, fui para a banca. Queria divertir-me [risos].

Foi uma mudança drástica…

Uma das coisas que me define é que não descanso, quero fazer coisas. O sistema militar é mais programado e, para quem quer fazer coisas, não é tão acelerado, daí a passagem para a banca. Em seis anos fazes um grande caminho. Entras com mil euros por mês e passados dois anos podes estar com 100 mil. Mudar para Portugal não foi fácil. Era um país novo, um negócio novo, tudo era diferente. Mas a Taylor’s tem mais de 300 anos e uma empresa com esta idade vale muito. São poucas as que existem no mundo assim. É um negócio da família da minha esposa e eu quis aprender mais. Além de que as minhas experiências diferenciadas ajudaram-me muito. A nível militar, a disciplina, e a nível de investimento bancário, nas compras, na gestão de pessoas, quintas e balseiros.

Como é que estava o sector do vinho do Porto quando cá chegou, em meados dos anos 90, e o que é que aconteceu entretanto?

O vinho do Porto passa sempre por ciclos. Uns bons, outros menos bons. O final dos anos 80 não foi bom, por exemplo. A minha vinda para cá era com o intuito de adicionar valor à empresa. Havia a necessidade de diversificar o nosso peso em outros mercados. Os EUA e o Canadá eram mercados pequenos e agora são substanciais. Quando entrei tínhamos 30 ou 35 mercados e hoje estamos em 103. Há mais internacionalização e, apesar da tradição, temos uma história de inovação. Lançámos um vinho do Porto rosé, o Pink Croft, que faz precisamente hoje [14 de Fevereiro] 19 anos. Tive a ideia em 2005 mas demorou a ser posta em prática. Só em 2008 é que foi para o mercado e acabou por ter uma grande aceitação.

Esse rosé foi uma tentativa de aproximar as novas gerações do vinho do Porto?

Uma grande vantagem do vinho do Porto é que ele tem uma grande autenticidade e as novas gerações querem isso. Hoje, as pessoas até podem beber menos, mas quando bebem, bebem com mais qualidade e até estão dispostas a pagar mais por isso. Pagam a autenticidade, a qualidade, a história do negócio, o sabor… E toda a gente gosta do sabor do vinho do Porto, porque tem fruta, tem estrutura, é doce. Mas tivemos uma tendência muito grande a erguer barreiras perante o consumidor, isto é, em dizer-lhe que ‘com o vinho do Porto faz-se assim e serve-se assado’. Com o Croft Pink não. Não há regras. Com ele fazes o que quiseres, fazes cocktails, por exemplo. Há quem faça granizados.

Mas essa cultura não faz falta? Uma vez vi dois turistas na Avenida dos Aliados a beber vinho do Porto pelo gargalo da garrafa...

Pois…

O The Yeatman, o vosso hotel vínico de luxo, foi pensado para promover essa cultura?

Quando decidimos construir o The Yeatman comecei a viajar pelo mundo a promover o destino. Nós nunca promovemos o The Yeatman, promovemos o destino. O Porto é rico em história, tradições, cultura, arquitectura, comida e bebida e não tinha um hotel que lhe fizesse justiça. Temos cinco restaurantes com estrelas Michelin, um com duas estrelas que é o nosso, e mais 15 ou 20 que podem chegar à estrela. Temos novas lojas, temos coisas fantásticas que quando cá cheguei não existiam. Nessa altura senti que éramos o terceiro mundo da Europa. Hoje estamos na primeira linha e esta transformação, do meu ponto de vista, tem a ver com a alteração da confiança. Ninguém acreditava na nossa cidade. Mas [hoje] os portugueses exigem cada vez mais e melhor.

Investiram 32 milhões na sua construção. Em 2010, quando abriu as portas, as pessoas estavam preparadas para um hotel assim?

Eu analisei o mercado. 300 mil pessoas visitam, por ano, as caves de vinho do Porto. Se uma pessoa está interessada em vinho do Porto, então está interessada em vinhos e isso leva a que esteja interessada em boa comida também. [Portanto] construímos um hotel dedicado ao vinho. Não só ao vinho do Porto, mas sim aos vinhos portugueses, com comida de qualidade, no sentido de chegar à estrela Michelin, e com 82 quartos. Os preços por noite eram de 260€. As pessoas diziam: ‘ele está maluco’ ou ‘o seu hotel é lindíssimo mas é o dobro de um quarto no Sheraton’. Eu respondo que nós oferecemos mais, oferecemos vistas fantásticas, oferecemos individualidade. O nosso segmento é de luxo, de lazer. O Sheraton é de conveniência e de negócios.

Qual foi a vossa taxa de ocupação no ano passado?

Foi de 84%.

Ainda sobre a cultura do vinho e o turismo, o vosso projecto World of Wine tem data prevista de abertura no Verão de 2020. São 100 milhões euros, 30 mil metros quadrados...

Seis museus, dez restaurantes, wine bars, lojas, estacionamento, uma nova praça para a cidade. Há uma grande sinergia nisto. Para uma empresa de vinho do Porto, como é o nosso caso, onde temos consumidores interessados em aprender, quando eles vêm conhecer as nossas instalações, em duas horas temos uma grande oportunidade para lhes dar informação e também para estabelecer uma ligação emocional com o consumidor final. Isto ajuda o nosso core business. Ficam a entender mais sobre a nossa cidade e isto é muito positivo. Mas não promovemos apenas o vinho do Porto, mas sim todos os vinhos portugueses.

Tem, portanto, uma vertente pedagógica?

Sim. Esta cidade tem dois grandes desafios. Primeiro, temos uma época baixa longa e poucos museus, por isso, se queremos captar pessoas na época baixa, precisamos de actividades que eles possam fazer dentro de portas. O segundo desafio é passar a média de 2,6 noites [que os turistas permanecem na cidade] para 3. Temos de os captar. Eu vou promover vinhos do Porto e vinhos de mesa dos meus concorrentes, mas vale a pena porque é por um bem maior. Vamos ter um museu de vinhos portugueses de mesa porque não há nada sobre isso na nossa cidade e vai ser uma empresa que não está envolvida em vinho de mesa que vai construir este museu. Com este museu vamos explicar a metodologia, a região, o solo, o clima, o trabalho agrónomo, o envasilhamento, o processo de fábrica. Vamos chamar a atenção para as especificidades das várias regiões do nosso país. Depois, vamos pôr as pessoas a provar vinhos para descobrirem o seu estilo.

Mas além desse museu há outros.

Vamos ter um museu sobre a história da cidade, outro dedicado à cortiça, outro sobre os copos nos últimos oito mil anos, um dedicado à moda e design e ainda um museu para exposições temporárias, que poderá receber pintura, escultura, carros...

E agora a actualidade. O vosso volume de exportação para Inglaterra é de 35%. É substancial. Com o Brexit, como é que vai ser?

A Inglaterra é um mercado muito importante para nós e, obviamente, agora com o Brexit está tudo na mão de Deus. Não sei. Se Theresa May não sabe, eu não sei. Eu tenho uma opinião – é que ela é maluca em não alterar a sua estratégia quando a volta foi contra. É ridículo. O Brexit é ridículo do meu ponto de vista. Obviamente que há riscos para o nosso negócio porque somos muito dependentes do mercado. Se [o Reino Unido] sai sem acordo, o valor cambial vai cair, vai ter impacto no nosso negócio, vai ter impacto em tudo e all bets are off.

Ainda antes dessa possível saída da União Europeia aconteceu a Climate Change Leadership, de 5 a 7 de Março, onde várias personalidades, como Al Gore, estiveram presentes. De que forma a indústria de vinho pode mitigar os efeitos das alterações climáticas?

A base da produção de vinhos é agrícola, ou seja, somos lavradores. Usamos a palavra terroir, mas a implicação de usarmos essa palavra é sabermos exactamente de onde vêm os nossos vinhos. E por que é que é importante? Porque há algumas especificidades no vinho que outros produtos agrícolas não têm. Temos uma planta forte, muito resistente, que podes plantar em locais remotos, problemáticos, com temperaturas altas e com pouca água. Mas é também um fruto sujeito a doenças, infecções e isto é um problema para os agricultores. O nosso sector é importante. Somos o alimento socioeconómico daquela região, ou seja, se tiras a videira do vale do Douro não há nada lá. Nós somos responsáveis por zonas remotas. E podemos usar toda esta nossa informação. Muitos negócios pensam voltados para si próprios, mas a verdade é que as alterações climáticas atingem a tua quinta e a do vizinho. É o mesmo desafio. Eu preciso de dar o braço ao meu vizinho. Vamos concorrer em história, qualidade, blá, blá, blá, mas não podemos concorrer com alterações climáticas. A base é isto.

  • Coisas para fazer

Não se faça desentendido. Sabemos bem que veio até aqui por uma boa razão: a comida desta terra. Dona de uma rica gastronomia, Lamego é uma cidade com muitos predicados ao nível culinário. Das famosas bolas de carne, passando pelos enchidos de porco, pelos pratos de cabrito assado, e pela vasta doçaria, onde figuram os biscoitos Lamegos e tartes com o mesmo nome que carregam doses astronómicas de amêndoa, ovos e açúcar. Como vê, é impossível não ceder à tentação em cada esquina. Depois das tainadas que por aqui certamente fará, aproveite para visitar o património local, beber um bom vinho à sua saúde e encher a mala do carro com artesanato típico e bons produtos da região, dos queijos aos enchidos.

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