Os melhores refúgios para este Outono no Porto

Numa esquina envidraçada da Avenida Rodrigues de Freitas mora um espaço versátil e ecléctico. Durante o dia serve comida – bonita, elegante, gulosa – preparada pelo Urraca, o restaurante irmão do Mafalda’s, no Mercado de Matosinhos. À noite, o anfitrião é o bar Fiasco, com a sua curadoria musical e os seus cocktails feitos como mandam as boas regras da coquetelaria. No menu há tostas, saladas de funcho com amêndoas, laranja e kimchi, tartes tatin com cebola, mostarda e queijo da Ilha e um imperdível pastel de massa tenra, crocante, com um recheio guloso de ossobuco. Para tornar tudo ainda mais bonito e reconfortante, no espaço funciona também uma loja de discos, com uma variedade musical bastante ecléctica.

A premissa deste espaço localizado na Praça da República é simples: café, chá, bolos caseiros, vinhos e tostas. Sinónimo de aconchego, nos dias mais chuvosos e friorentos, sozinho ou acompanhado, o Buuh é um dos sítios mais confortáveis da cidade. Seja de manhã bem cedo ou ao fim da tarde, não deixe de provar o óptimo bolo de cenoura, não se vai arrepender. 

Aqui respira-se paz e inspira-se um cheirinho bom a café logo pela manhã. Sara e Hélder são os donos deste acolhedor refúgio, bom para escapar à agitação dos dias, bem no coração do Porto. O projecto, que aposta numa fórmula vencedora que alia yoga, café de especialidade e uma cozinha vegan e vegetariana, é ideal para os interessados em desfrutar de um pequeno-almoço ou almoço sem pressas. E a cozinha que aqui se faz rege-se pelo ahimsa, um princípio do yoga que apela à não-violência, servindo apenas comida de origem vegetal. Para começar o dia em beleza servem, entre outras coisas boas, taças de granola caseira e papas de arroz integral feitas com leite de amêndoa, cardamomo e baunilha, que podem ser acompanhadas de vários chás orgânicos e cafés de especialidade. 

Uma cozinha feita com o coração e um café cheio de sabor. Assim é o Protest Kitchen, em Cedofeita. Trabalham com a marca Senzu Coffee Roasters, a torrefacção portuense que fica na rua do Rosário, a dez minutos a pé dali, mas também com outras vindas de vários pontos do globo. A acompanhar as boas bebidas de cafetaria (há expressos, cappuccinos, lattes, batch brew ou iced coffee, por exemplo, entre os 2,10€ e os 5€), há a pastelaria artesanal feita por Andrey, onde brilham grossas fatias de banana bread, rolinhos de canela bem entrançados, puffs com creme de arando e buns, ainda mornos, regados com um guloso molho de caramelo e noz (3€). Se a fome pedir mais sustento, também têm muitos e deliciosos pratos para o almoço.  

Encostados às paredes descansam cactos e plantas exóticas; espalhadas pelas mesas de mármore há bonitas revistas especializadas com muitas páginas para ler. Quem atravessa a ombreira da porta do Early Cedofeita encontra um espaço desafogado com uma decoração moderna e minimalista, com toques vintage aqui e ali. O serviço é tranquilo, as pessoas falam a meia voz e o café bebe-se calmamente. Um café torrado pela Vernazza, a torrefacção de café artesanal portuense que trabalha com lotes de café verde arábica, vindos de África e da América Latina. Mas antes de provar este café forte e de gosto aveludado, que fecha lindamente uma refeição, experimente pedir a carta. É de babar.

No Cibû, o restaurante do chef Hugo Portela, em Leça da Palmeira, faz-se uma cozinha moderna, mas com uma orientação bem portuguesa e com um vincado apelo à memória. A carta está dividida entre carnes frias, snacks e entradas – onde palmiers de presunto e queijo Nisa ou mini bolos de arroz com gamba rosa do Algarve fazem as delícias de quem os prova –; pratos principais de peixe ou carne (prove a açorda de polvo, o arroz de cabidela ou a costela mindinha); e ainda generosas sobremesas populares, como mousse de chocolate e arroz doce. Tudo com um toque caloroso, como só a região de Trás-os-Montes sabe dar.

Há duas coisas extremamente viciantes para lá da porta número 21 da rua do Almada: a boa disposição contagiante de Mila Araújo, a dona e chef pasteleira de serviço, e os seus gulosos cheesecakes, cozidos no forno ao estilo nova-iorquino, que já conquistaram uma legião de fãs. Todos os dias há oito de diferentes sabores – de frutos vermelhos, baba de camelo, com compota de mirtilos e vinho do Porto, de caramelo salgado, pistáchio, tiramissù, Ferrero ou cheesecake basco – além das criações do dia que vão variando (entre 4,50€ e 5€/fatia). No menu, conte ainda com pães de queijo, empadas de camarão e de queijo com cebola caramelizada, e muitas tostas preparadas com pão de fermentação natural. Ao fim-de-semana há brunch com tudo a que tem direito, das panquecas às mimosas, que podem ser devidamente apreciadas na acolhedora esplanada interior.

Com um currículo de fazer inveja – que soma passagens por restaurantes com estrelas Michelin, como o Pedro Lemos, o Noma, na Dinamarca, o The Yeatman e, mais recentemente, o Euskalduna Studio –, Daniel Carvalheira lançou-se à aventura e o Liz é o seu primeiro projecto gastronómico a solo. “Para aqui, quis preparar pratos que eu gostasse de comer; quis criar algo harmonioso, sem estar muito preso a receitas e tradições”, diz, acrescentando que gostava de “fazer algo diferente”. Servidos num ambiente intimista, ideal para um jantar romântico, tanto o menu de degustação, como os pratos que também podem ser pedidos à carta, incidem, sobretudo, sobre os vegetais e os produtos vindos do mar. Caril com gamba rosa do Algarve ou atum com espinafres marinados em mirim e soja, regados com dashi, são alguns dos pratos servidos aqui, fruto da criatividade do chef.

Na Rua de Alexandre Braga, na parte exterior do renovado Mercado do Bolhão, mora um cantinho recatado e acolhedor que revela as infinitas possibilidades do vinho do Porto. O Porto Com Tudo é um bar e uma loja em simultâneo, onde pode provar várias harmonizações à base de vinho do Porto com petiscos – desde queijo, presunto, bola tradicional, tostas e chocolate. Também tem cadeiras e sofás para ficar descansado a apreciar um bom Porto.

No início de Maio de 2024, a ala sul da Estação de São Bento abriu as portas de par em par para dar a conhecer o Time Out Market, um espaço que celebra o talento gastronómico e cultural da cidade e onde cabem 12 restaurantes, um bar, uma sala de provas e uma loja. Tradicionais, modernos, com pratos vegetarianos ou com bons hambúrgueres de carne maturada, é desta deliciosa disparidade que este mercado, com selo Time Out, é feito. E um sítio onde se come do bom e do melhor é o que realmente se precisa quando o dia esta com cara de poucos amigos.

Este pub na zona do Foco é um clássico da cidade há anos. Serve uns preguinhos em pão famosos, um óptimo rosbife e um cozido à portuguesa com clientes muito fiéis. Também é um bom sítio para ver jogos de futebol e beber umas cervejas. Pode também visitar o Clube 21 na Baixa, na Rua Passos Manuel.

Entramos para comer bons bolinhos, mas acabamos a fazer festas a gatinhos. E, quem sabe, a arranjar um amigo para a vida. Os gatos vêm de uma associação de animais e aguardam novas famílias para adopção responsável. Entre um lanche e um almoço, há muito para comer neste cat café amigo de todos os animais – tudo o que servem é de origem vegetal. Na sala dos felinos, os visitantes só entram para conviver com os patudos, não podem levar comida. Mas pode comer na sala de entrada ou na esplanada, onde os bichanos procuram o sol para se refastelar e ronronar com charme. 

Parecem jóias. Perfeitamente alinhados atrás de uma vitrina imaculada, um exército de delicados bombons e quadrados de chocolate dão as boas-vindas a quem entra na Dubon, a chocolataria artesanal e cocktail bar em Cedofeita. Há-os com recheios de whiskey, hortelã-pimenta, ganache de café, cassis (também conhecida como groselha preta), framboesa ou caramelo salgado, entre muitos outros que, todos os dias, resultam da inspiração e criatividade de Keren Barnea, a chef pasteleira e mentora do projecto. Os bons chocolates que faz caem que nem ginjas com os cocktails da casa. Um casamento mais perfeito é impossível. 

Fica no terceiro piso do Rivoli mas é aberto a quem o quiser visitar. Ao almoço há um menu acessível, com muitas opções de comida vegetariana. Também há tábuas, vinhos, bebidas de café e sobremesas gulosas. 

Crente ou não crente, é difícil passar ao lado do Capela Incomum, um wine bar que fica numa antiga capela do século XIX, com altar incluído e tudo. No Inverno o espaço interior é como uma sala de estar (até tem uma lareira) e a carta de vinhos é como se quer: boa e bem recheada. Se a ideia é ter um fim de tarde calmo a dois ou com um pequeno grupo de amigos, sobretudo a provar e a descobrir vinhos portugueses, com destaque para as regiões do Douro e do Minho, chegou ao sítio certo. 

O nome não deixa dúvidas para o que vai encontrar aqui: um espaço pequeno, mas acolhedor, onde vai poder esquecer o caos que invade o centro da cidade e deliciar-se com pratos leves e uma open kitchen que permite ver e acompanhar tudo de perto. Na carta, saltam à vista as tostas Almost Benedict, com bacon ou salmão, as bowls – a Vegan, a Chicken e a Camarão – e também a panqueca salgada, com uma mistura de abacate, requeijão, tomate cereja, ovos escalfados, bacon crocante e amêndoa. Se preferir algo mais doce, a panqueca Muesli está aqui para fazer as delícias dos mais gulosos. Pode ainda provar os wraps, o hambúrguer e as taças com iogurte, fruta da época e granola.

O Borboleta é o restaurante de Kate e Yana junto aos Jardins do Palácio de Cristal. É lá que preparam, na cozinha aberta para a sala, uma cozinha de autor assente em ingredientes frescos e de origem local e que reflecte a “herança culinária de Portugal com um toque moderno”. Peito de pato com puré de cenoura e sementes de coentros; bife de couve-coração com tahini, molho de coentros e crème fraîche ou brioche crocante com salada de rúcula, figo e queijo Gorgonzola são algumas das suas criações. Nas traseiras têm um bonito jardim de onde não apetece sair. Se estiver bom tempo, aproveite-o.

Apresentam-se como um “bar de vinhos naturais, com uma comida simples, quente e afectiva” e todas as semanas têm quatro ou cinco vinhos a copo sugeridos, mas há mais de 40 referências que podem ser pedidas à garrafa ou, até, levadas para casa, de produtores nacionais ou estrangeiros. “Temos também vários cocktails e uma carta de vermutes artesanais e de pequenos produtores”, explica Gustavo. Boas sugestões para acompanhar a comida de conforto de Gabriela. O menu é curto mas apetitoso. Sopa cremosa de cogumelos; pão de azeitonas de fermentação natural, acompanhado por hummus picante de feijão frade; bolinhos de bacalhau com queijo que já são um sucesso; panquecas de espinafre enroladas em ragu de alheira; ou moqueca de peixe com arroz de farofa de banana são só alguns dos pratos que já foram cozinhados por lá.

A nova casa da Miss Pavlova, na Ribeira, está cheia de recantos para descobrir. Tem um café com pastelaria fina onde brilham pavlovas de vários sabores, as estrelas da casa, macarons coloridos e pastelaria seca, farta em croissants, pain au chocolat ou rolos de canela. Há ainda um Pink Bar, cheio de cocktails sugestivos e cor-de-rosa, e uma Sala Arte, que além de eventos de cariz cultural, dá as boas-vindas a lanches, brunches e almoços sem pressa.

Os clássicos não passam de moda e, apesar de ter aberto em 2016, o Bonaparte Downtown é Bonaparte na mesma (mantém as características dominantes do irmão mais velho da Foz, leia-se): a mesma luz baixa, as mesmas paredes decoradas com antiguidades e as mesmas boas bebidas para começar a noite. Entre as preferências estão as cervejas internacionais, como a Erdinger (alemã) ou a Guinness (irlandesa), uma boa carta de whiskeys e de cocktails. E os petiscos não ficam nada atrás.