Alex Paganelli
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Portefólio: As ilhas na corrente de Alex Paganelli

Alex Paganelli descobriu a simplicidade da vida em Cabo Verde. Nós mostramos-lhe como é.

Sebastião Almeida
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Quando em 2008 se mudou por amor para Lisboa, o italiano Alex Paganelli não adivinharia que a cidade portuguesa seria a sua casa mais de dez anos depois. É director de arte numa agência de publicidade, mas ganhou o gosto pela fotografia e aliou a arte de captar sombra e luz ao seu gosto por viajar. Pelo meio, mudou de amores e foi graças a isso que conheceu Cabo Verde e se apaixonou também pelas suas ilhas. As fotografias que agora nos mostra são fruto de duas viagens, em 2018 e 2019, a quatro das dez ilhas que constituem o arquipélago. Em cada uma delas, diz-nos, vive-se um país distinto.

“Descobri Cabo Verde graças à minha mulher, que é de Santiago.” Das dez ilhas, “todas são diferentes”, relembra. “Cada uma é um país.” Nas suas visitas, tentou fugir ao circuito turístico, e apaixonou-se pelos ritmos lentos da morna e pelos sabores de uma gastronomia exótica. Santiago, São Vicente, Santo Antão e Maio foram as ilhas que o fizeram recuar aos tempos de infância, passados em Anzio, uma pequena cidade costeira a 63 km de Roma. Lá, tal como nestas ilhas africanas, “há uma simplicidade na vida que permite valorizar as pequenas coisas”.

No Tarrafal, na parte norte de Santiago, “o turismo divide-se”. De um lado da ilha estão os pescadores e, no outro, está a zona mais turística, mais desenvolvida e conhecida por quem visita a maior ilha do arquipélago. Alex decidiu passar lá uns dias com a comunidade local junto à praia. Não falava crioulo, mas conseguia entender-se com os pescadores. Foram eles que lhe ensinaram um jogo típico, o uril, que se assemelha às damas.

Uma das memórias que guarda com mais afecto é o momento em que os seus amigos cabo-verdianos se encontraram com ele na praia e o viram rodeado de pescadores, como se fosse um deles. Ali, encontra-se um “equilíbrio entre o indivíduo e a família”. Não há barreiras e o dia-a-dia é preenchido por primos, tios, vizinhos. É um calor humano que não se consegue explicar e que, ao mesmo tempo, deixa espaço para reflectir ao final do dia.

Paganelli, 38 anos, quer viajar e continuar a explorar as ilhas que ainda não conheceu. O seu desejo é voltar a Cabo Verde ainda este ano – caso a pandemia o permita. Mais do que nunca, sublinha o fotógrafo, é importante praticar um “turismo ético”. Aproximar-se da comunidade, consumir local e conhecer a natureza. As suas fotografias fazem-nos saltitar de ilha em ilha e imaginar como é a vida dos que habitam estas porções de terra no meio do oceano. Vive-se devagar, de forma simples, com o peixe e o mar sempre no horizonte.

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