Parque Eduardo VII
Fotografia: Inês FélixEstátua do Cutileiro
Fotografia: Inês Félix

Roteiro de obras de João Cutileiro em Lisboa

Vai-se o artista, fica a obra. Eis uma espécie de cartografia, ainda que curta, das obras do escultor português João Cutileiro em Lisboa.

Publicidade

Muito do legado de João Cutileiro está pregado ao solo e inscrito na pedra. Não só pelo peso da matéria e pelo seu peso artístico, mas também porque soube dialogar como poucos com o presente, rompendo com ele sempre que necessário e fazendo avançar o país no processo. O caminho do escultor – que morreu aos 83 anos, na madrugada de 5 de Janeiro – fica marcado pela dissidência com o regime do Estado Novo e pelas diversas polémicas e incompreensões que o seu trabalho foi provocando ao longo das décadas. O erotismo, o amor e a nudez são temas habituais na obra de Cutileiro, de onde se destacam quase sempre as figuras femininas e voluptuosas em esculturas de mármore. As que elencamos abaixo são apenas algumas das dezenas de peças que o artista deixou espalhadas por Lisboa e arredores, e que merecem um olhar atento quando se cruzar com elas.

Recomendado: Cinco espaços com desenho de Gonçalo Ribeiro Telles em Lisboa

Roteiro de obras de João Cutileiro em Lisboa

  • Atracções
  • São Sebastião

João Cutileiro está presente na Fundação Calouste Gulbenkian com 33 obras, entre esculturas e desenhos, bem representativas do seu estilo inconfundível. Os desenhos são todos esboços de mulheres, quase sempre nuas, e as esculturas seguem a mesma linha. Os jardins da Gulbenkian são felizes contemplados pela obra Recordações de Guerra, escultura de 1991. 

  • Arte
  • Princípe Real

A Galeria de São Mamede, ao Príncipe Real, sempre se dedicou ao modernismo e ao movimento contemporâneo português, no qual João Cutileiro se enquadrava. No seu imenso espólio, restam ainda duas obras do artista que não estão em exposição. Estas peças que a galeria ainda guarda podem ser vistas a pedido dos mais curiosos pelo trabalho do escultor – são ambas representativas de duas figuras femininas em corpos desnudos, de braços erguidos para mostrar cada detalhe do corpo.

Publicidade

Monumento ao 25 de Abril – Parque Eduardo VII

No alto do Parque Eduardo VII mora este monumento à revolução de 1974, um lembrete de que João Cutileiro era, talvez, o escultor mais incompreendido da nossa praça. Este monumento foi encomendado pelo município e inaugurado a 25 de Abril de 1997. E o povo chama-lhe “O Pirilau”. Na altura, o escultor lembrou que “o jacto de água do Lago de Genebra tem uma ejaculação muito maior”. Feita a partir de um pedestal que estava destinado a uma estátua do Santo Condestável, pesa 90 toneladas e a forma fálica que se destaca simboliza mesmo a força viril e o vigor de Abril.

Tágides – Parque das Nações

As figuras femininas são incontornáveis na obra de Cutileiro, e sim, as ninfas que chapinham no Parque das Nações são da sua autoria. Chamou-lhes Tágides, à semelhança das míticas figuras com poderes encantatórios que Camões cantou e que viveriam nas águas do Tejo. Nesta mancha de água do bairro oriental, as figuras em pedra mármore vagueiam despreocupadas pelo espaço e fazem parte do cenário de quem ali passa. 

Publicidade
  • Atracções
  • Estrela/Lapa/Santos

Natália Correia foi uma irreverente escritora que esteve envolvida em grandes polémicas, como a organização da Antologia Erótica e Satírica, em pleno Estado Novo, o que a levou a ser condenada pela justiça. A Assembleia da República encomendou a Cutileiro, em 1999, um busto da intelectual, agitadora e ex-deputada natural dos Açores, esculpido em mármore branco, rosa, verde e cinzento, com a figura jovem de Natália Correia. A obra está agora no antigo claustro do mosteiro beneditino que serve de sede ao Parlamento.

O Pescador – Cascais

Também Cascais é terra de pescadores e marinheiros e mereceu a sua própria estátua piscatória. Instalada na Ruas das Flores desde 1983, a escultura em mármore evoca a importância desta actividade na vila, representando um pescador com um peixe na mão, feito em azulino de Cascais, uma pedra calcária. A peça foi restaurada pela câmara em 2018, uma vez que alguns elementos se desprenderam do corpo escultórico principal.

Publicidade

O Guerreiro – Cascais

Cascais já teve um castelo construído no século XIV, do qual só restam alguns vestígios. Junto às ainda existentes portas do castelo, na vila de Cascais, foi inaugurada em 1983 uma escultura em pedra de Cutileiro que presta homenagem aos heróis da era medieval, representando um guerreiro anónimo com 3,5 metros de altura.

Luís de Camões – Cascais

No antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade, hoje Centro Cultural de Cascais, encontra uma grande representação de Luís de Camões desenhada por Cutileiro em 1983. Feita em mármore e pedra granítica, tem três metros de altura e está localizada no interior do edifício, junto à entrada para o espaço expositivo.

Arte na rua

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade