“Muita gente não conhece este espaço. É uma espécie de art lab onde os artistas são encorajados a criar de uma forma fluída e não conformativa num ambiente em que se privilegia a diplomacia, a sociedade e a arte africana. É uma espécie de plataforma que une a arte dos PALOP a Portugal e ao mundo. Tem exposições de artes plásticas regularmente, recebe eventos e performances, é fenomenal. O proprietário, Elson Angélico, abraçou a missão de levar mais longe a arte dando palco a artistas africanos.”
Formou-se em engenharia, mas é na comunicação que se sente completa. É radialista na Cidade FM, criadora de conteúdos e youtuber. “Batalhei para ir tendo as minhas oportunidades e sei que estou numa posição quase privilegiada nesse sentido, por ter uma voz, mas sei que há uma série de profissionais capazes, negros, que acabam por ficar pelo caminho”, refere. “Fico transtornada quando há entidades que dando oportunidades a um negro, mostrando que o fazem, acham que estão a dar oportunidade a todos. Não é representativo”, aponta, revelando que por sempre se ter sentido “uma minoria”, gosta de se pôr no lugar do outro. “Tenho um ímpeto de procurar e saber mais sobre o que é estar do outro lado da fronteira.” Por isso, não tem dúvidas de que é “urgente uma campanha anti-racista, algo estrutural e basilar, que mostre os problemas”. “Levamos muitos anos de história contada de determinada maneira. Isso precisa de mudar, a forma como escolhemos retratar o outro.” O que está presente até na altura de comprar. “Existem alguns negócios black owned que ninguém sabe que o são. São até mais expansivos e chegam a um maior leque de pessoas”, explica Yolanda. “Mas depois, em Portugal, temos cerca de 80% dos negócios black owned a servirem praticamente a comunidade. É um vórtice de forças para a comunidade, porque é nela que encontram o seu maior apoio.” Isso acontece, diz, porque ainda existe uma tendência de associar a cultura a um poder económico, sendo “a cultura valiosa em si mesma”. “É muito bom quando alguns negócios conseguem alcançar mais gente além da sua bolha, mas tem que ver com os meios, as ferramentas que cada sítio tem para se dar a conhecer. Como há uma empatia por parte da comunidade em apoiá-los, e é ali que está o seu ganha-pão, então acabam por se fechar em si mesmos.”
Da revista para o Centro Cultural de Cabo Verde: Lisboa Negra é agora uma exposição