1. Cancelar o ruído
Com muito mais pessoas enfiadas em casa, o problema do ruído chegou aos ouvidos de mais cidadãos, venha ele de onde vier. O próprio Presidente da República, Marcelo de Sousa, chegou a propor ao Governo a alteração da Lei do Ruído, reduzindo o limite dos níveis de decibéis ou limitando os horários de ruído nos edifícios de habitação. A lei permanece inalterada, mas a iniciativa presidencial foi aplaudida pela associação ambientalista ZERO, que acrescentou, por exemplo, a ideia de limitar as obras não urgentes a um período máximo de quatro horas por dia. “Esta é uma questão chave que desde sempre afectou a qualidade de vida e a saúde dos cidadãos, e que agora se torna mais premente face à maior percentagem de pessoas em teletrabalho. O ruído tem enormes prejuízos para a saúde pública, a começar no incómodo, no agravamento do stress, da hipertensão e diabetes, e no aumento da mortalidade, principalmente através de doenças cardiovasculares para as quais o ruído foi factor de causa e/ou agravamento”, explicou a associação em comunicado, no passado mês de Fevereiro.
A lista de fontes de ruído, identificada pela ZERO, que podem tirar um teletrabalhador do sério incluem o ruído da vizinhança, obras no interior dos edifícios ou actividades que emitam um ruído constante, como estabelecimentos comerciais, de serviços ou industriais. Mas mesmo com o comércio encerrado, ao longo dos últimos meses a associação ambientalista diz ter recebido mais queixas em comparação com outros períodos, “em particular nos períodos de maior confinamento”. Também os carros, os aviões ou os comboios contribuem para a poluição sonora, e monitorizar o ruído é uma ferramenta fundamental para estudar e avaliar os seus efeitos no bem-estar dos cidadãos.
A boa notícia é que agora todos podem contribuir, não só dentro de casa, mas também fazendo parte activa do Projecto Mobilizar, que inclui uma campanha nacional de medição do ruído promovida pela ZERO. E a ferramenta está literalmente na sua mão. “Nós, enquanto cidadãos, apesar de não estarmos munidos com sonómetros, temos os nossos smartphones que nos permitem realizar medições aproximadas e indicativas”, lê-se no site da campanha. Existem apps que substituem um sonómetro. É o caso da NoiseTube (Android) e da DecibelUltra (iOS). E o guia da ZERO explica como fazer as medições e depois fazê-las chegar à associação via email para ajudar a baixar o volume.