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Os melhores vinhos que provámos nos últimos tempos

Estes são os vinhos provados e aprovados por Mariana Lopes, Wine Mariana para os amigos e seguidores de Instagram.

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A escolha de uma garrafa de vinho para um almoço de família ou jantarada de amigos pode tornar-se um verdadeiro quebra-cabeças para os menos entendidos neste mundo, tal a imensidão de marcas e tipos de vinhos que encontramos à venda no mercado. Mariana Lopes, crítica de vinhos (@winemariana), apresenta-nos todas as semanas tintos, brancos, verdes ou rosés novos ou antigos, desmistifica castas e explica notas. São poções mágicas e, como tal, cada uma serve um propósito. Aceite as dicas e escolha o vinho que vai levar para impressionar no próximo jantar. Estes foram os melhores vinhos que provámos nos últimos tempos

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Os melhores vinhos que provámos nos últimos tempos

Quinta dos Termos Fonte Cal Reserva Branco 2019

Quinta dos Termos (Beira Interior)

A Quinta dos Termos é um produtor familiar, da Beira Interior, que começou a produzir com o seu nome há relativamente poucos anos. Situada num bonito vale da Cova da Beira, entre a Serra da Estrela e a fronteira com Espanha, tem como locomotiva o casal Lurdes e João Carvalho, empresários têxteis e ex-professores na Universidade da Beira Interior. João, que nasceu e cresceu no meio das vinhas e do vinho, pegou nesta propriedade que recebeu de herança em 1993 e decidiu em 2001 que havia de produzir vinho e engarrafá-lo com as palavras “Quinta dos Termos” estampadas nos rótulos.

Para nós, consumidores de coisas boas, foi a melhor coisa que o empresário poderia ter feito, pois os vinhos que dali saem têm uma qualidade e um carácter que prestigiam, sem qualquer dúvida, a Beira Interior. Este vinho é um monocasta Fonte Cal, uma variedade muito especial não só por ser originária e quase exclusiva desta região, mas porque foi este produtor que se empenhou fortemente na sua recuperação (é muito antiga e quase se perdeu), tendo actualmente um generoso campo de ensaios da casta. O aroma é bem vegetal e mineral, com erva seca, aloé vera e pedra de isqueiro a fazer um perfumado conjunto. Aveludado na textura, e de óptima acidez, mostra grande equilíbrio e frescura intrínseca. É também muito delicado e fino.

Preço: 7€

Ribeiro Santo Encruzado Branco 2019

Magnum - Carlos Lucas Vinhos (Dão)

Em Carregal do Sal, na região do Dão, há uma quinta onde outrora havia um ribeiro, e o que se diz ainda hoje é que esse ribeiro nunca parava de correr, nem nos anos mais secos. Isto chamou a atenção de um padre, que, entretanto, a comprou ao fidalgo que a detinha, para crismar esse curso de água e torná-lo “santo”. Nasceu assim a Quinta do Ribeiro Santo, que é desde 1994 propriedade da família de Carlos Lucas, que reconverteu as vinhas que havia, plantou mais umas, e deu início ao projecto que se viria a tornar um sucesso, e que até hoje só tem crescido.

Os vinhos, além dos homónimos da quinta, têm nomes tão originais como o líquido que está dentro das garrafas, como Automático, Envelope, ou E.T. (nome que vem de Encruzado e Touriga Nacional). São vinhos únicos e de grande qualidade. Este Ribeiro Santo Encruzado não é excepção, muito expressivo e intenso, com um nariz de fruta branca e caramelizada, como maçã, e especiarias exóticas. Bem nervoso, no bom sentido, e fresco, pode beber-se já ou guardar-se, já que tem um perfil ideal para evoluir positivamente dentro da garrafa.

Preço: 8,90€

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Bojador Rosé 2019

Espaço Rural (Regional Alentejano)

Bojador é o projecto pessoal de Pedro Ribeiro, enólogo e gestor da conhecida Herdade do Rocim. Tal como esta última, os vinhos Bojador assentam em vinhas da Vidigueira, sub-região do Alentejo. E o que significa isto, quando conjugado com qualidade? Excelente frescura, grande mineralidade e muito, muito carácter. O objectivo de Pedro é precisamente obter uvas que evidenciem estas características e, para isso, faz uma selecção de vinhas velhas da Vidigueira que considera ideais. “Vinhos que quero que transportem a alma do Baixo Alentejo. Vinhos que tenham memória da história desta terra que agora é minha”, é o seu mote.

Neste projecto, as barricas de madeira são utilizadas quase cirurgicamente, para que em nada alterem a pureza destes vinhos e a expressão do lugar onde são feitos, e a talha de barro, tão típica do Alentejo, tem uma grande expressão, apesar de neste rosé não ser usada. É de realçar, também, a imagem muito original e atractiva, que mistura o belo e o dantesco, em rótulos com figuras míticas de um mar tormentoso. Das castas Aragonez e Touriga Nacional, o Bojador rosé 2019 tem aromas de fruta vermelha bem fresca, folha de laranjeira e um lado mineral de pedra molhada. De perfil mais sério na boca, tem excelente acidez e estrutura, mostrando uma frescura transversal, com vegetal e citrinos, tipo tangerina, a surgir no final de boca. Um rosé muito bem feito, de um enólogo que já mostrou, há muito, que do seu trabalho não sai nada mal feito.

Preço: 7€

Colinas do Douro Superior Tinto 2016

Sociedade Agrícola Colinas do Douro (Douro)

O projecto Colinas do Douro nasceu em 2010, quando foram plantadas as primeiras vinhas. Situada na sub-região Douro Superior, a vasta propriedade que lhe dá corpo é composta por quatro quintas contíguas que perfazem um total de 476 hectares, 105 dos quais com algumas das principais castas do Douro: as tintas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão e Tinta Roriz, e as brancas Rabigato e Viosinho. Além destes vinhedos mais recentes, há ainda cinco hectares de vinhas com cerca de 40 anos de idade. Estamos na sub-região do Douro conhecida como a mais quente, mas a Colinas do Douro tem dois factores importantíssimos para anular o efeito dos verões tórridos tão típicos do Douro Superior. São esses a altitude das quintas (estão a uma média de 600 metros) e a exposição das suas encostas a norte. “Altitude” é um termo que já referi aqui algumas vezes, mas do qual não me canso, porque é uma arma poderosíssima para que se consiga frescura. Os vinhos de altitude serão uma das next big thing em Portugal, e há razões para isso.

Este tinto 2016 é um trio de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinto Cão, e parte dele estagiou seis meses em barricas de carvalho francês. Expressivo no aroma atractivo de fruta vermelha fresca, como cereja, framboesa e groselha, mostra também vegetação seca, ervas aromáticas e pimenta preta. Na boca tem boa estrutura ácida e elegância, num vinho equilibrado, intenso mas com agradável leveza em simultâneo.

Preço: 5,99€

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Quinta de Simaens Branco 2018

Sociedade dos Vinhos Borges (Vinho Verde - Sousa)

A Casa Borges foi fundada em 1884 pelos irmãos António e Francisco, que partilhavam esse apelido. Tendo começado com negócios de outro cariz, a Borges iniciou o do vinho em 1891, porque nele identificou uma oportunidade estratégica, com a popularidade deste produto a crescer exponencialmente em algumas regiões do mundo e o potencial de Portugal para o produzir. Cem anos após a fundação, em 1991, a Borges – que já laborava em diferentes regiões vitivinícolas e já se tinha estabelecido no mercado (quem não se lembra do vinho Gatão, agora com uma imagem renovada?) – adquiriu a Quinta de Simaens, na região dos Vinhos Verdes, para lá plantar as suas próprias vinhas e controlar a qualidade desde o primeiro processo. É nessa quinta em Felgueiras, de 40 hectares e solo argilo-xistoso, que nasce este branco feito de Azal, Pedernã (outro nome da casta Arinto, na região dos Verdes), Avesso e Loureiro. Expressivo no aroma predominantemente cítrico, de lima, limão e laranja, revela também notas tropicais de abacaxi e flores brancas. Na boca é amplo e envolvente, com boa estrutura ácida, mostrando-se crispy, fresco e equilibrado.

Preço: 6€

Bons Ares Branco 2018

Adriano Ramos Pinto (Regional Duriense)

A Ramos Pinto foi fundada em 1880 e o seu percurso tem sido irrepreensível, com o spotlight do mercado direccionado sobretudo para as suas referências de vinho do Porto. Ramos Pinto é um nome que todos conhecem, mas que não se resume apenas a isso. Este branco vem de uma das quintas da empresa, a Quinta dos Bons Ares, situada no concelho de Vila Nova de Foz Côa, no Douro Superior, uma das três sub-regiões desta que é defendida por muitos como a região vitivinícola demarcada mais antiga do mundo (a Região Demarcada do Douro foi criada em 1756 pelo marquês de Pombal).

Os seus solos graníticos e a altitude de 600 metros são factores que contribuem muito para a componente fresca deste vinho, consequência de uma óptima estrutura ácida, suplantando assim as altas temperaturas que se verificam no Douro Superior. As castas – Rabigato, Viosinho e Sauvignon Blanc – são por si só uma tríade inusitada, sendo as duas primeiras tradicionais da região e a última estrangeira, a atribuir um toque moderno ao lote, resultando esta colheita de 2018 numa das melhores edições deste branco. Muito expressivo no aroma cítrico e de fruta branca, é nervoso na boca, leve e atractivo. Envolvente, mostra um óptimo equilíbrio.

Preço: 9,50€

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Aventura Tinto 2016

Susana Esteban (Regional Alentejo)

Não é de estranhar que se repita aqui, várias vezes, a mesma sub-região alentejana, Portalegre. Muito por culpa da Serra de São Mamede, e das vinhas mais ou menos velhas que lá se encontram, têm surgido vinhos que são o epíteto da frescura e do equilíbrio, não estivessem algumas dessas vinhas a quase 700 metros de altitude. E as grandes amplitudes térmicas, típicas de cotas mais altas e desta sub-região, também contribuem para uma elegância fora do vulgar. Foi isto (e mais algumas coisas) que fez a enóloga galega Susana Esteban apaixonar-se por Portalegre e pelo Alentejo, escolhendo-o para casa dos seus vinhos, aventurando-se, depois de 15 anos a trabalhar para outros, por terras desconhecidas com o seu próprio projecto.

O nome deste vinho, Aventura, simboliza isso mesmo, e é um tinto feito de Touriga Nacional, Aragonez e 20% de vinha velha (plantação antiga com castas tradicionais misturadas). Muito puro na fruta vermelha, mas nada vulgar na sua expressão, tem um perfume jovem e bem atractivo. No corpo é leve, delicado e tem óptima acidez, o que o torna naturalmente fresco, não poupando na personalidade e garra. Equilibrado mas saboroso, prolonga-se na boca.

Preço: 9,90€

Quinta da Alorna Reserva Tinto 2016

Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon (Do Tejo)

A Alorna nasceu, enquanto Sociedade Agrícola, em 1915, mas foi logo três anos depois que novos sócios adquiriram a propriedade. Em pouco tempo, um deles tornou-se no único proprietário e a sua filha, Fernanda Caroça, casou com Fausto Lopo de Carvalho, prestigiado médico pneumologista que se encarregou da gestão da quinta, levando-a à prosperidade que outrora tinha tido. Entretanto, os três filhos deste casal foram feitos herdeiros da propriedade, passando a geri-la ao lado dos pais. Actualmente, é a quarta e a quinta geração da família Lopo de Carvalho que, após um período difícil passado no pós-25 de Abril, conduzem com sucesso as duas empresas que compõem a Quinta da Alorna, sendo uma delas a Quinta da Alorna Vinhos, responsável pela principal actividade do grupo, o vinho, e aquela que aqui nos interessa.

Este tinto é feito de Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, provenientes de vinhas com mais de 30 anos, plantadas na charneca em solo argilo-arenoso. Estas duas castas, que estagiam separadas em barricas de carvalho francês e americano durante um ano, originam um belo vinho com aroma intenso de especiarias e pimento verde (notas típicas do Cabernet), e frutos silvestres (trazidos pela Touriga). De corpo estruturado, mas polido, onde as especiarias e as bagas do bosque se equilibram, antes do final persistente e gordo. Um óptimo tinto do Tejo, excelente para o preço que apresenta.

Preço: 7€

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Cottas Branco 2018

Quinta de Cottas (Douro)

A Quinta de Cottas é uma bonita propriedade duriense com dez hectares, em Alijó, que surgiu quando o casal Isabel e Pedro Carmo quis dar vida à sua grande paixão pelo vinho e pela região.

Alijó é um dos concelhos mais importantes do Douro, ao nível vitivinícola, com uma beleza solarenga natural que não deixa ninguém indiferente. É delimitado pelos rios Douro, Tua, Tinhela e Pinhão e tem uma área de cerca de 300 km2, abrangendo um vasto número de produtores e extensão de vinha. A zona vinhateira está, maioritariamente na parte Sul, desde Favaios e redondezas até ao Pinhão, com a parte Norte a integrar sobretudo floresta e pastorícia. É, sem dúvida, um dos concelhos mais ricos da região, também ao nível empresarial, com as suas aptidões para vinha a chamarem muitas grandes empresas da região a comprar ali uvas, sobretudo de variedades brancas. É lá a origem, também, de um dos produtos de maior valor acrescentado da região, o Moscatel do Douro, feito da casta Moscatel Galego Branco.

Este Cottas branco, das castas Arinto, Viosinho e Gouveio, tem um aroma bem mineral de pedra molhada e citrinos verdes. Intenso na boca, é cremoso e mostra fruta branca a par dos citrinos, bom equilíbrio ácido, terminando com bonitas notas vegetais. Um branco guloso e fresco.

Preço: 7,50€

Beyra Reserva Tinto 2017

Rui Roboredo Madeira (Beira Interior)

Rui Roboredo Madeira é o enólogo e produtor que faz, na região da Beira Interior, vinhos com um perfil muito diferente do habitual. As vinhas (dez hectares) na Vermiosa estão a uma altitude de 750 metros e são contíguas à Adega Beyra, em solos de transição de xisto do vale para o granito da serra, atravessados por filões de quartzo. Este terroir, juntamente com uma enologia pouco convencional, mas muito interessante, em que uma das particularidades é a predominância do estágio em barricas de carvalho americano (o francês é o mais utilizado em Portugal), originam tintos estruturados e sólidos, mas também muito equilibrados e com grande capacidade de guarda. A somar a isso, um “factor x” que lhes dá o carácter único e que é difícil de explicar. Para descobrir, só mesmo provando... Tinta Roriz e Jaen são as castas que entram neste Beyra Reserva tinto. De perfil vegetal, com fruta do bosque pura, revela um leve abaunilhado que lhe fica bem. Elegante, mas potente, e equilibrado, mostra frescura nas notas de vegetação seca e nos frutos silvestres. Bem firme e sólido.

Preço: 8,25€

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Conventual Branco 2018

Adega de Portalegre (Alentejo – Portalegre)

Este Conventual, com um preço fantástico e muito fácil de encontrar (está nos maiores hipermercados) não é apenas mais um branco do Alentejo. É um vinho que, a par da sua leveza e frescura, tem personalidade e notas bem peculiares, que se distinguem de outros do mesmo segmento de preço. Fundada em 1954, e inserida no Parque Natural da Serra de São Mamede, a Adega de Portalegre utiliza uvas de vinhas com mais de 70 anos, em solos graníticos, que estão a uma altitude entre os 600 e 700 metros. Vinhas com esta idade são típicas da Serra de São Mamede, distribuídas por pequenas parcelas nas encostas. É um terroir único que atribui frescura e um carácter especial aos vinhos. Este branco é feito de Arinto, Roupeiro e Antão Vaz, também de vinhas em altitude, e apresenta um nariz bonito e expressivo de flores e frutas brancas, com citrinos e folha de tangerineira. No corpo leve, sobressai mineralidade e os citrinos, tipo lima e limão, acentuam, acabando com um amargo vegetal super-agradável. É muito fresco e bebe-se com enorme prazer.

Preço: 4,49€

Casa de Vilacetinho Avesso Superior Branco 2018

Casa de Vilacetinho (Vinho Verde)

A casta Avesso é uma das mais sub-valorizadas do nosso país. Típica da região do Vinho Verde, quando bem utilizada consegue fazer vinhos cheios de carácter, sentido de origem, diferentes, com notas frutadas pouco comuns, uma estrutura bem sólida e boa frescura. A Casa de Vilacetinho toma esta variedade de uva como a sua especialidade e tem feito um trabalho muito interessante com ela, aprimorando-a, proporcionando-nos vinhos com todas estas características e mais algumas. Produtor histórico, sediado em Alpendorada, no concelho de Marco de Canaveses e na sub-região de Amarante, está mesmo no “bull’s-eye” do Avesso, uma das zonas onde se obtém a melhor expressão da casta, e um local que eu considero especialmente bonito (vale a pena explorar). Este branco tem uma cor limonada, intensidade de nariz e de boca, com o Avesso a trazer-nos notas bonitas de maçã, citrinos maduros, florais brancos e flor de laranjeira. Com corpo cheio mas muito equilibrado, tem uma óptima acidez que lhe dá equilíbrio, solidez, num vinho elegante e sublime.

Preço: 9,50€

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Versátil Tinto 2018

Casa Santa Vitória (Regional Alentejano)

Quem poderia imaginar que o grupo hoteleiro Vila Galé seria proprietário de uma herdade agrícola de quase 1700 hectares no Alentejo? Não só é, como faz bom vinho dos seus 127 hectares de vinha (cerca de um milhão de garrafas), entre outros produtos, como o azeite e a fruta. A Herdade de Santa Vitória, situada entre Beja e o mar, é a base de um projecto vínico já com 15 anos, onde, dos vinhedos aos edifícios, tudo mostra cuidado e bom gosto, algo que já faz parte da génese do grupo. E é também por isso que a Santa Vitória escolheu a entrada no novo ano para lançar a imagem totalmente renovada dos vinhos da casa, com rótulos como este do Versátil tinto.

Será em Janeiro de 2020 que a colheita 2018 deste vinho irá para as lojas, ostentando a nova roupagem, mas continuando com um óptimo preço. Feito de Touriga Nacional, Tinta Caiada, Aragonez e Trincadeira, tem um nariz expressivo e frutado de bagos vermelhos e perfume bonito de morango silvestre. A boca leve revela bom equilíbrio entre acidez e intensidade de fruta, e alguma amplitude num tinto refrescante, fácil de beber, e também de encontrar: está à venda nos hipermercados.

Preço: 3,50€

Quinta de Sanjoanne Terroir Mineral Branco 2018

Casa de Cello (Vinho verde)

A primeira edição deste Terroir Mineral branco nasceu em 1996 na Quinta de San Joanne, situada em Mancelos, no concelho de Amarante. João Pedro Araújo é o proprietário da Casa de Cello, empresa produtora destes vinhos que está nas mãos da sua família há quatro gerações. Mas foi ainda no final dos anos 80, quando começou a engarrafar com a sua própria marca, que a Casa de Cello decidiu enveredar por um caminho diferente da maioria das suas semelhantes da região, estudando em profundidade as castas, o solo e o clima que tinha para trabalhar, e fazendo vinhos elegantes, intensos, com carácter e capacidade de guarda. Na altura, em tudo estes vinhos eram diferentes e muito mais ambiciosos do que os tradicionais Verdes brancos doces e gaseificados. Esta preocupação manteve-se até aos dias de hoje (já havendo muitas mais empresas e marcas a seguir este exemplo), e confirma-se neste Quinta de San Joanne Terroir Mineral, um branco com excelente relação entre preço e qualidade, óptimo para beber já, mas com grande potencial de evoluir muito bem com o tempo em garrafa. Feito de Avesso e Loureiro, baseia-se nos citrinos e no zest, tanto no nariz como a boca, e também na maçã verde e flor de laranjeira. Acima de tudo, tem elegância e muita vivacidade na acidez, o que o torna bem fresco. Encontra-se facilmente nas principais garrafeiras, fisicamente e online.

Preço: 7,50€

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Quinta do Gradil Branco 2018

Quinta do Gradil (Lisboa)

A Quinta do Gradil é uma propriedade de 200 hectares, uma das maiores do concelho do Cadaval, na região de Lisboa. Desde os anos 90 que pertence a Luís Vieira, que a comprou quando tinha apenas 27 anos, e que hoje é um dos empresários mais bem sucedidos do sector do vinho. Neste momento, está em marcha o ambicioso projecto do administrador, de recuperação do património histórico, com obras no imponente palácio da quinta, na capela e nos espaços exteriores. Mas todos estes elementos invocam a história que vos quero contar: a de Maria do Carmo Romeira da Fonseca, herdeira da propriedade em meados do século XIX. Quando se viu com a Quinta do Gradil nas mãos, a empreendedora mandou construir a casa principal e também o palácio, transformando o terreno num espaço de lazer agradável e bonito. Mesmo depois de enviuvar, com uma filha pequena, continuou com este espírito dinâmico e manteve uma postura que não era regular à época, a de uma mulher administradora e trabalhadora, que não se confinava apenas ao seu lar e ao cuidado da família.

Até à sua morte, Maria do Carmo expandiu a Quinta do Gradil, comprando mais terras e fazendo mais construções, das quais se destaca o imponente aqueduto que trazia água para a quinta, em 1869, e a capela do Gradil, cujo painel do altar data de 1881. A matriarca fez da propriedade aquilo que ela é hoje e abriu caminho para que existissem vinhos como este. Com fruta tropical (ananás, maracujá) do Sauvignon a evidenciar-se, mas de forma equilibrada e bem atractiva, tem na boca uma componente cítrica de lima e limão do Arinto que lhe dá um toque bastante refrescante. Muito guloso e expressivo, é um daqueles brancos de que é impossível não gostar.

Preço: 6,49€

Monte Velho Altitude tinto 2018

Esporão (Regional Alentejano)

Quando em 1992 o Esporão lançou o primeiro Monte Velho, fê-lo com um objectivo muito claro: um vinho que fosse um pedaço de Alentejo capaz de chegar a todos os cantos do país, com qualidade e a um preço justo. Hoje, 27 anos depois, não há dúvidas de que o Monte Velho alcançou quase um estado de ubiquidade. Mas agora surge uma edição especial, com um conceito que a mim me diz muito: a altitude. Uvas provenientes de vinhas em altitude, significa, quase sempre, frescura, equilíbrio, um certo “je ne sais quoi” nos vinhos, um traço de personalidade difícil de definir.

Este Monte Velho Altitude vem de vinhedos plantados dos 200 aos 600 metros, na Serra de São Mamede, na sub-região alentejana de Portalegre. Neste terroir, os Verões são mais amenos e mais húmidos, o que, juntamente com os solos de granito e xisto destas vinhas, também contribui para este carácter fresco. De leve cor de framboesa escura, este tinto tem um nariz de frutos silvestres, arbusto seco e pimenta rosa. Na boca mantém a óptima frescura, trazendo cereja ao corpo leve e redondo, mas com boa estrutura e amplitude. Um vinho saboroso e atractivo, que não cansa, disponível nas lojas Esporão e nas lojas Pingo Doce.

Preço: 5,99€

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Titular Dão Novo tinto 2019

Caminhos Cruzados (Dão)

Esta semana trago-vos um vinho muito original. É o que se chama um “vinho do ano”, um tinto de 2019 que já está no mercado, pronto a ser desfrutado com prazer. Isto é algo praticamente único em Portugal, e assemelha-se a um estilo de vinho existente na região francesa de Beaujolais, apelidado de “Beaujolais nouveau”, que é sempre lançado na terceira quinta-feira de Novembro, muito pouco tempo depois de acabar a sua fermentação. Por causa disso, é um tinto completamente diferente da norma e do que estamos habituados, o que nem sempre significa qualidade. Neste caso, e pela perícia dos experientes enólogos da Caminhos Cruzados, estamos a falar de um vinho óptimo, feito da casta Jaen e com aroma muito expressivo de fruta pura, onde predomina a cereja, e também notas vegetais secas de bosque e especiarias exóticas.

Fresco e macio, é leve mas intenso de sabor, tem frutos vermelhos frescos e, curiosamente, fruta branca como alperce, num tinto que fica muito tempo no palato, com muito carácter e fun de beber. Está disponível nas principais garrafeiras e na restauração.

Preço: 6,50€

Carlos Reynolds rosé 2018

Reynolds Wine Growers (Regional Alentejano)

Este rosé é talvez um dos cinco melhores do género que provei este ano e, sem dúvida, é desses o que tem melhor preço para a qualidade que apresenta. Razão mais do que suficiente para figurar aqui, principalmente se tivermos em conta o seu perfil: é um rosé de Inverno: encorpado, com muita amplitude de boca, sério. Um exemplar que quebra preconceitos associados a esta cor de vinho, quase sempre associada a meses de calor (e a outras coisas, mas disso falaremos noutro episódio...). A propriedade da Reynolds situa-se no Alto Alentejo, em Arronches, uma vila praticamente colada à fronteira com Espanha, no distrito de Portalegre.

O seu dono e administrador, Julian Reynolds, é um homem carismático, coleccionador de arte e com a sensibilidade típica de quem se preocupa com a estética do mundo. Desde os carreiros de rosas nas vinhas à forma acolhedora como recebe as suas visitas. De Aragonez (80%) e Touriga Nacional, o rosé Carlos Reynolds (nome do filho de Julian), mostra leve oxidação muito agradável (que lhe dá um toque original), seriedade e estrutura. Também denota fruta madura. Tem bastante corpo e cremosidade, notas de compota e uma secura intrínseca. Está à venda em várias garrafeiras e é fácil encontrá-lo online.

Preço: 7,80€

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Pousio Selection tinto 2016

Casa Agrícola HMR (Regional Alentejano)

A marca Pousio já conquistou a confiança de um grupo bem composto de consumidores. Tanto os seus vinhos como os seus azeites são produtos de muito boa qualidade/preço, e a viagem da Casa Agrícola HMR, a produtora, tem sido sempre ascendente. Localizada perto da aldeia de Marmelar, no concelho da Vidigueira, que também é sub-região, a HMR está a 13 quilómetros em linha recta da barragem do Alqueva. Pertence à Fundação Carmona e Costa, da família com o mesmo nome, e estende-se por 1100 hectares, com destaque para a floresta mediterrânica, o olival de 210 hectares e a vinha, de 43.

Este Pousio Selection é feito de castas tradicionais no Alentejo: Alicante Bouschet, Syrah e Trincadeira. A mostrar muito fruto logo no início da prova, sugere amoras, groselha preta, ameixa preta e um leve toque vegetal. De textura sedosa, com a doçura da fruta bem equilibrada pela acidez, é guloso e sumarento. Basicamente, um alentejano moderno, bem feito e muito consensual. Encontra-se em praticamente todas as garrafeiras, e também pode ser adquirido na loja online da HMR, em hmr.facestore.pt.

Preço: 6,50€

Alento branco 2018

Luís Louro (Regional Alentejano)

A Adega do Monte Branco é o pequeno paraíso de Luís Louro, enólogo e produtor que tem aquilo que é fundamental ao sucesso de qualquer empreendimento: visão e rumo. Quando fundou o projecto, há quinze anos, resolveu chamar Alento ao seu primeiro vinho, como que a dar simbolicamente mais balanço ao pontapé de saída. A adega, por sua vez erguida em 2006, é mais um exemplo de sustentabilidade e de inteligência tecnológica e energética que vimos nascer no mundo do vinho. Agora imagine-se isto num edifício de linhas simples e funcionais, varandas e recantos com vista para as vinhas e, lá no fundo, o castelo de Estremoz. Um quadro bonito, que se reflecte bem no produto final.

O branco Alento, das castas Arinto, Antão Vaz e Roupeiro, tem origem em solos de calcário e xisto. No nariz invoca maçã perfumada, flores do campo, laranja e limão, num conjunto expressivo e bonito. Tem muito bom volume de boca, com a fruta em evidência, é fresco e muito apelativo. Mais um exemplo de uma excelente relação qualidade/preço.

Preço: 5,80€

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Deu-La-Deu Alvarinho 2018

Adega Cooperativa de Monção (Vinho Verde - Monção e Melgaço)

Muitos são os que ouviram falar ou que já provaram o vinho Muralhas, mas nem todos conhecem o branco Deu-La-Deu, do mesmo produtor, apesar de também ser um vinho com um sucesso comercial enorme. Os números falam por si: é o 100% Alvarinho mais vendido em Portugal, com 450 mil garrafas. E não é por acaso, pois é feito com uma casta cuja qualidade acompanha a sua elevada fama, num branco muito bem feito, por uma das adegas cooperativas mais exemplares do nosso país. Com aromas tropicais, de manga e ananás, e cítricos, de tangerina e toranja, é bastante intenso. Também na boca se sente bem esta fruta, aqui a par de uma acidez viva, que o torna quase crocante, e textura sedosa.

O nome curioso deste vinho tem uma história engraçada. Deu-La-Deu Martins foi, no século XIV, uma heroína de Monção, companheira do capitão-mor Vasco Gomes de Abreu. Durante a guerra entre D. Fernando de Portugal e Henrique II de Castela, Monção foi cercada pelos soldados deste último. Durante o longo cerco, a fome reinava dentro das muralhas e a rendição era o fim mais provável. Mas Deu-La-Deu Martins teve a ideia de recolher o pouco trigo existente e mandar cozer pães, que lançou aos galegos para que estes pensassem que “podiam esperar sentados” pela rendição, porque os recursos eram abundantes. O plano resultou e os espanhóis retiraram. Deu-La-Deu ficou, assim, imortalizada no brasão de Monção e nas garrafas deste Alvarinho.

Preço: 6,49€

Lua Cheia em Vinhas Velhas

Branco 2018 (Douro)

Este Lua Cheia em Vinhas Velhas é apenas feito com uvas que provêm, como o nome indica, de vinhas velhas do Douro, o que, posto de forma mais simples, significa que são vinhas já com bastante idade e onde estão plantadas muitas castas misturadas. No mundo do vinho, chama-se a isso “field blend”. É um branco super-expressivo no nariz, mineral, floral e de fruta branca. Mostra-se equilibrado na boca, com alperce, pêssego e ameixa branca, tudo envolvido por um corpo aveludado. Bem fresco, é preciso na acidez e muito versátil nos momentos de consumo, ficando bem tanto à mesa como a solo. Em boa verdade, é feito à imagem do seu enólogo, Francisco Baptista, alegre, puro, de fácil trato, tal como este vinho. Tive o prazer de, recentemente, provar a colheita de 2011.

Foi uma grande e boa surpresa, pois apresentou excelente evolução e carácter, a puxar notas de querosene, acusando acidez ainda bastante viva e persistência de boca. Estamos a falar de um vinho que custa 5 euros e que, pelos vistos, se pode guardar e beber oito anos mais tarde...

Preço: 5€

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Rafeiro tinto 2017

Herdade do Monte Branco (Regional Alentejano)

Os vinhos Rafeiro, branco e tinto, têm origem na Herdade do Monte Branco, em Évora, e numa história bem engraçada. Há cerca de dez anos, Acácio Teixeira, dono do grupo Seaside (que dá nome à loja portuguesa de calçado), conheceu o enólogo António Ventura, um dos mais conhecidos e ocupados desta arte de fazer vinho. O clique foi imediato, de tal forma que Acácio lançou um desafio, na hora, ao técnico: “No dia em que eu tiver uma herdade, é o António que vai fazer os meus vinhos.” O que é certo 
é que, cinco anos depois e
 para surpresa de Ventura, o verdadeiro convite chegou e os vinhos estão aqui, para serem desfrutados. Hoje, a Herdade do Monte Branco tem 60 hectares de vinha e muitos planos para o futuro próximo.

De Trincadeira, Aragonez, Syrah e Cabernet Sauvignon, este tinto tem um nariz sério, no bom sentido, de fruta negra madura e erva seca. Com pujança de boca e, ao mesmo tempo, maciez, tem acidez no topo e muita pureza de fruta. Um vinho óptimo para a mesa, com muita versatilidade nas combinações.

Preço: 7€

Monólogo Arinto 2018

A&D Wines (Vinho Verde)

A A&D Wines é comandada pelos portuenses Alexandre e Dialina Gomes, dois empresários da área das tecnologias de informação e da electrónica que em 2007, como em tantos outros casos, sucumbiram ao encanto do mundo do vinho. Arregaçaram 
as mangas e dedicaram-se aos terrenos que tinham herdado
na zona de Baião, região do Vinho Verde, plantando vinha,
 e começando a produzir vinho em nome próprio. Na verdade,
 o gosto pelo campo já lá estava. Mas foi em 2014 que a coisa 
ficou mais séria, quando decidiram adquirir a Quinta de Santa Teresa, elevando a sua 
área de vinha para 45 hectares. 
A casta Arinto, da qual é feito
 este Monólogo, é a uva branca mais útil em Portugal, sobretudo pelo equilíbrio ácido que dá aos vinhos de lote (com várias castas), em todo o país. Mas aqui, a solo, mostra-se fantástica, a dar notas cítricas, folha e flor de limoeiro, lima e limão. Encorpado e firme, este branco é crocante e com uma fruta muito bonita, elegante e pleno de sabor. Ainda para mais, e para quem isso é importante, é um vinho com garantia vegan, o que significa que, durante a sua filtragem não foi utilizado nenhum agente de origem animal.

Preço: 7,50€

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VolteFace Reserva tinto 2015

Regional Alentejano

Vindo de Valverde, Évora, este vinho
 é feito de duas castas tradicionais no Alentejo, Alicante Bouschet e Syrah.
O seu aroma sério e misterioso de 
fruta negra introduz uma secura bem agradável no palato, intensidade de sabor e de fruta. Tem um equilíbrio notável, muita personalidade e fica na boca durante bastante tempo. Além de tudo isto, é um tinto daqueles que pede comida a acompanhar e que facilmente aguentará um prato intenso. O VolteFace, com a imagem sensual e ousada que tem, é um vinho dedicado à mudança. Mudança de vida, de trabalho, de país, de cor de cabelo, do que quer que seja. A inspiração
 é a própria história da produtora, 
a psicanalista Teresa Metelo Dias,
que trocou a Psicologia pelas vinhas, voltando ao meio académico para se licenciar em Engenharia Agronómica. Tendo crescido com as uvas, foi depois desta grande mudança que veio o segundo volte-face da sua vida: a venda da empresa vitivinícola da família, em 2012. Sem nada a perder e com muita teimosia, um ano depois estava a fundar o seu projecto, de raiz. E chamou-lhe assim, Volte-Face, para que hoje possamos pousar uma garrafa destas na mesa, com confiança, e brindar aos pontos de viragem.

Preço: 9,90€

Casa Cadaval branco 2018

Regional Tejo

A Casa Cadaval é uma das 
mais antigas e ilustres do 
Tejo. Localizada em Muge, no concelho de Salvaterra de Magos, já traz centenas de anos, tendo pertencido a D. Nuno Álvares Pereira de Melo, personagem de grande relevo na história de Portugal e nomeado 1º Duque 
do Cadaval em 1648. Com cerca de 5 mil hectares, é uma das maiores explorações agrícolas portuguesas, desde o arroz e outros cereais às leguminosas, passando pelo tomate, gado, floresta de montado e, claro,
pela vinha, que cresce em 45 desses hectares. Este Casa Cadaval branco 2018, feito de Fernão Pires (a casta branca mais importante do Tejo), Arinto e Gouveio, é uma surpresa muito agradável. Extremamente fresco e crocante, tem citrinos no aroma, folha de limoeiro, lúcia-lima e leve fumado. Na boca é bastante salino, com tangerina e um lado vegetal muito interessante que lembra salicórnia. Bem amplo, parece que chega a todos os cantos do palato e transmite grande vivacidade.

Preço: 5€

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Casa da Passarella – A Descoberta Branco 2018

O Abrigo da Passarela (Dão)

Uma casa imponente e misteriosa, no sopé da Serra da Estrela, esconde histórias que hoje se contam nos rótulos dos vinhos da Casa da Passarella. A que 
vos conto esta semana é sobre uma caixa que estava, desde 1942, emparedada numa das divisões desta casa. Junto a ela, um documento escrito em letra cursiva, com instruções para 
que fosse aberta 50 anos depois, assinado por várias pessoas importantes da época. Mas também lá constava um desejo de todos: que fossem distribuídas, pelos mais desafortunados, todas as riquezas guardadas na caixa. Em 2010, durante obras de reabilitação, a caixa foi encontrada mas, no seu interior, não havia nada. Deste mistério, ainda por desvendar, nasceu o vinho Casa da Passarella – A Descoberta, que na versão branco revela lima e limão, folha de limoeiro, erva cortada e um toque floral. É fresco e vivo, graças à sua acidez elevada, e tem uma textura sedosa. Acima de tudo, é um belo branco de preço agradável, que se pode encontrar nas principais garrafeiras do país, com uma história bonita para contar.

Preço: 5€

Herdade de São Miguel Colheita Seleccionada tinto 2017

Casa Relvas (Regional Alentejano)

A Casa Relvas começou a fazer vinho em nome próprio em 2003, ano em que produziu cerca de 30 mil garrafas. Impressionante é o facto de, no ano passado, esta empresa ter transformado este número em 6 milhões. Não é para os fracos de coração, nem de gestão. Com três quintas em pontos diferentes do Alentejo, totalizando 350 hectares de vinha, a Casa Relvas cria vinhos de volume, que se encontram facilmente em supermercados com preços apetecíveis, e também especialidades de stock mais limitado para quem procura algo diferente. Mas em todos eles há um denominador comum: a qualidade. A começar por este Herdade de São Miguel tinto que, por um valor bem agradável, já apresenta alguma complexidade, e isso é muito interessante. Com notas florais, de chocolate, menta, bombom de ginja e tosta, é perfumado e atraente. A sua frescura e pureza de fruta tornam-no vivo e sumarento, elegante, prolongando-se na boca. E por menos de 5 euros, meus amigos.

Preço: 4,99€

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3 Rios Escolha Branco 2018

Anselmo Mendes (Vinho Verde)

A região Vinho Verde tem três rios que, de certa forma, demarcam três zonas com três castas emblemáticas:
 rio Minho, rio Lima e rio Douro. Alvarinho, Loureiro e Avesso são, respectivamente, as uvas que associamos a cada vale desses rios. Sendo bem diferentes umas das outras, já provaram dar-se muito bem em conjunto, originando vinhos atractivos, equilibrados e expressivos. Nos mais bem feitos e puros, conseguimos, inclusive, distinguir as características que cada uma lhes deu. Esta
é a história que o produtor
e reconhecido enólogo Anselmo Mendes conta com este vinho e é por isso que se chama 3 Rios. Com muitas notas de maçã perfumada, características da casta Avesso, e alguma laranja, este branco é de estilo contido, ao qual um leve floral empresta elegância. O seu corpo é bem cheio, cortado por excelente acidez, num registo firme, com personalidade forte. 
Um belo vinho (e preço), 
com margem para ficar 
ainda melhor com tempo na garrafa, fácil de encontrar nas garrafeiras mais populares.

Preço: 5,90€

Tarika Bio rosé

Quinta da Caldeirinha (Terras da Beira)

Este vinho é biológico mas não é, de todo, pela moda do “everything organic” que está aqui. Foi no jantar do meu primeiro dia de férias que se apresentou a mim: era um dos dois rosés a copo na carta de vinhos do Boca Xica, um pequeno restaurante de cozinha saudável em Armação de Pêra. Quando
 o provei, a surpresa foi imediata. Um rosé intenso de sabor, com uma secura muito agradável, acidez elevada e super equilibrado. Sedutor no exotismo. Olhei para a minha amiga e, imediatamente, entrei em modo “wine geek”. “Traga-me a garrafa”, e comecei a escrever as minhas notas. Acreditem, no que toca a vinho, não sou facilmente deslumbrável, mas este rosé merecia. Feito integralmente com a casta Syrah, tem aroma de bagos vermelhos secos e ervas secas, com toques de especiaria. No corpo é estruturado e muito preciso, um rosé excelente para acompanhar uma refeição. E porque estamos a falar de um vinho biológico, o preço é óptimo.

Preço: 7,80€

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BSE branco 2018

José Maria da Fonseca (Península de Setúbal)

Muita frescura por pouco dinheiro. Não há melhor maneira de descrever o BSE branco, sigla de Branco Seco Especial, uma das marcas mais emblemáticas da José Maria da Fonseca, que já data de 1947. Apesar da sua antiguidade, este vinho tem sido afinado nos últimos anos e está agora melhor do que nunca. Lembro-me de pensar, quando o provei pela primeira vez há algumas colheitas atrás, que era um excelente vinho para beber numa esplanada. Hoje penso mais do que isso, e acho-o perfeito para acompanhar, entre outras coisas, certos pratos de marisco mais ou menos simples. Feito de Arinto e Antão Vaz, é um branco frutado e expressivo, com notas de citrinos e de ananás, belo equilíbrio de boca e leves amargos finais que lhe dão garra e o tornam bastante interessante e persistente. Com vinhos assim e a este preço, não sou eu que vou emigrar, com certeza.

Preço: 3,99€

Pouca Roupa branco 2018

J. Portugal Ramos Vinhos (Alentejo)

Adoramos vinhos com excelente relação qualidade/preço. Então se a roupa for pouca enquanto os bebemos, nesta altura do ano, ainda melhor. O nome Pouca Roupa, além de todas 
as conotações interessantes
 que lhe podemos dar (útil
para mandar aquela dica num jantar a dois) evoca a tradição alentejana das alcunhas: podem crer que, se numa aldeia houver um homem que come muita carne, vão baptizá-lo de Papa Chicha. Provavelmente havia um, ou uma, que andava sempre despido. Este branco representa um Alentejo moderno, feito com castas não tradicionais na região, mas que aqui se portam como se estivessem em casa: Verdelho, Sauvignon Blanc e Viosinho. Muito perfumado e apelativo, o Pouca Roupa branco é um vinho muito jovial e leve, mas isso não significa banalidade. Pelo contrário, tem uma personalidade vincada na forma como as notas de pêssego se conjugam com um lado mais vegetal, a mostrar muito boa frescura e acidez. É
um vinho alegre e versátil, que se porta bem tanto como aperitivo como a acompanhar uma refeição. Além disso, é feito por um jovem que parece entender muito bem o que o consumidor quer neste segmento de preço.

Preço: 4€

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Coelheiros tinto 2017

Herdade de Coelheiros (Alentejo)

A Herdade de Coelheiros é um dos produtores mais clássicos do Alentejo. Quando nasceu, no rebentar dos anos 90, os vinhos de alta qualidade da região contavam-se apenas pelos dedos de uma mão. Não tardou a que o então proprietário da herdade, Joaquim Silveira, quisesse ser criador de um vinho premium alentejano. Foi assim que surgiu o tinto Tapada de Coelheiros. Hoje, é com a mesma busca pela excelência que o produtor continua a trazer-nos vinhos com qualidade, consistência
e genuinidade, e isso vê-se neste Coelheiros tinto 2017, o vinho de entrada de gama
da casa. A juntar a tudo isto, a Herdade de Coelheiros está 
a fazer bastante na área da sustentabilidade ambiental, um bom exemplo para outros. Feito de Aragonez e Alicante Bouschet, tem complexidade no aroma de esteva e leve tabaco, que se junta a fruta silvestre madura e pimenta branca. É saboroso e envolvente, intenso e persistente. Ademais, vem dentro de uma garrafa com um rótulo muito bonito, inspirado nos tapetes de Arraiolos, onde se situa a herdade.

Pomares branco 2018

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo (Douro)

Este branco do Douro faz 
parte de uma tríade de dois vinhos brancos e um tinto, com o mesmo nome, da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, uma das quintas mais emblemáticas da região. Acontece que a “fornada” de Pomares da última 
colheita acabou de sair e de demonstrar, mais uma vez, a razão da sua popularidade: são os três óptimos, bem feitos, cheios de sabor e pureza. Mas não seria de esperar menos
do enólogo Jorge Alves. E, por isso, recomendo aqui o meu favorito, o branco de Viosinho, Gouveio e Rabigato, um lote de três castas que é clássico no Douro. Bem atractivo, dá-nos uma explosão de tropicalidade no nariz, mas das boas (nada de enjoos), e tem um toque 
de exotismo sedutor, com pêssego, ananás e líchia. 
É intenso e cremoso, com
uma bela acidez que o torna equilibrado, com leves notas minerais. E combina tudo isto com uma frescura incrível, factor que não pode faltar no Verão. Nem no Inverno. Nem em qualquer outra estação doano.

Preço: 6,90€

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Luís Pato Baga/ Touriga Nacional tinto 2015

Beira Atlântico

Não é preciso ser-se um grande conhecedor para já ter ouvido 
o nome Luís Pato. Figura incontornável do vinho em Portugal, é um dos seus maiores embaixadores além-fronteiras, principalmente em países como o Brasil, onde enófilos fazem filas para tirar uma selfie ao seu lado e do seu bigode brincalhão. Talvez até Marcelo sentisse o seu posto de “campeão do auto-retrato” ameaçado, se é que já não sente. Com a mesma vontade que o faz levar a Bairrada pelo mundo fora, Luís Pato faz parte de um grupo chamado Baga Friends,
 um cluster de vários produtores que declaram publicamente o seu amor à casta Baga, e trabalham todos os dias para a divulgar. Mas
é pelos vinhos que faz que o sugiro esta semana. O tinto Luís Pato Baga/Touriga Nacional 2015 é um excelente veículo para aqueles que permanecem cépticos em relação aos vinhos bairradinos, com receio de encontrar algo áspero e difícil de gostar, porque é essa a fama que a Baga tem. Pois bem, a Baga pode ser maravilhosamente rústica ou civilizadamente elegante, e é este último o estilo deste vinho. Com aroma de frutos silvestres, cerejas, raspas de citrinos e especiarias, é subtil mas tem acidez viva e refrescante.

Preço: €5,90

Fonte do Ouro tinto 2017

Sociedade Agrícola Boas Quintas (Dão)

E se eu vos disser que há vinhos tintos espectaculares de perfil leve e fresco, plenos de sabor e estrutura, sem parecer que estamos a beber algo que tem a consistência de um néctar de pêra? Pois é, esses tintos existem e são mais fáceis de encontrar do que se pensa. Apesar da ideia de que há vinhos mais apropriados para certas alturas do ano, ideia com a qual nem concordo, nem discordo (porque o que interessa é o que dá prazer àquela pessoa, naquele momento), a verdade é que, nas estações menos frias, é provável que não apeteça um vinho pesado. Este Fonte do Ouro tinto, além de ter um preço de prateleira muito bom, está à venda na maioria das garrafeiras e tem tudo para ser um sucesso, à mesa ou a solo: excelente acidez, frescura natural, álcool moderado, textura aveludada, belo perfume e fruta vermelha muito pura e delicada. Ademais, o seu lote é de três castas tradicionais da região do Dão, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Jaen, o que faz com que seja um tinto que espelha o sítio de onde vem, e
isso é muito importante num mundo com tanto vinho à escolha. Ainda há muito o preconceito de “este tinto
tem 14,5% de álcool, deve ser bom!”. Desenganem-se, o que interessa é o equilíbrio, quer tenha 12 ou 16%. Se fosse isso que interessasse, andávamos todos a beber pacotes de vinho para temperar.

Preço: 4,77€ (PVP médio indicado pelo produtor)

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Fiuza 3 Castas branco 2018

Reg.Tejo

Imaginem este cenário: estou
o dia todo fora de casa, a trabalhar ou a andar de um lado para o outro num dia quente. Aproximam-se as sete da tarde, os pés já doem, eles próprios a gritar por um branco fresquinho e o pessoal a dizer “faz-se qualquer coisa lá em casa”. Não posso ir à minha casa buscar vinho, ou porque não há tempo ou porque estou noutra ponta do país, mas tenho de ser eu a levá-lo – já é quase lei. Corro ao hipermercado mais próximo e já sei o que vou buscar. O branco Fiuza 3 Castas nunca me falhou, tanto pelo preço, como pela facilidade de o encontrar e por um factor infalível: a “drinkability”. Difícil de traduzir, é uma expressão que gosto de usar porque serve para designar um vinho de que todos gostam, equilibrado e até versátil. Este é do Tejo, feito de Arinto, Fernão Pires e Chardonnay, com aromas de fruta branca e flores, como rosas e líchias. É muito macio no corpo e apelativo no conjunto. Bónus de informação para impressionar os amigos: a Fiuza & Bright é uma empresa de 1986, que surge da parceria entre o produtor Joaquim Fiuza e o enólogo australiano Peter Bright. Foi pioneira em Portugal ao criar uma gama de vinhos monocasta e estabelecer isso como identidade da casa.

Preço: 3,69€, PVP médio indicado pelo produtor

Vinha d’Ervideira Colheita Seleccionada rosé 2018

Alentejo

A Ervideira é um produtor alentejano, conhecido por colocar no mercado vinhos de que todos os consumidores realmente gostam. Parece fácil, mas para isso é preciso ter, além de qualidade, uma estratégia bem definida, algo que é indissociável do proprietário Duarte Leal da Costa. Este rosé, das castas Aragonez, Tinta Caiada, Alfrocheiro e Touriga Nacional, é muito expressivo, com aromas de frutos vermelhos, como framboesas e morangos, e elegantes notas florais. Tem um corpo envolvente, sabor cheio e bastante garra, um toque citrino muito curioso. A sua firmeza torna-o óptimo para acompanhar as refeições. Podemos dizer que há dois grandes tipos de rosé, os mais leves (na cor e no corpo) e, por vezes, algo doces, e os mais secos, sérios e firmes. Ambos têm o seu papel, os primeiros para aperitivos ou pratos mais delicados, como sushi ou vegetais, e os segundos para mais intensos, como algumas massas, salmão fumado ou comida chinesa.

Apesar de ser um produto, muitas vezes e injustamente, mal-amado, a verdade é que Portugal tem uma grande tradição de rosés, não fosse nosso um dos mais famosos do mundo, o Mateus rosé. “I get juiced on Mateus and just hang loose”, canta Elton John na
música “Social Disease”. Para além da sua versatilidade, um rosé tem outra vantagem inegável, é óptimo para iniciar pessoas no vinho: nem muito ácido como um branco, nem tão “áspero” como um tinto, é geralmente bem aceite, até para os palatos mais inexperientes.

Preço: 6,50€

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Aliança Baga Espumante Bruto Reserva branco 2015

Bairrada

Um assunto de importância elevada: já cá faltavam umas bolhinhas. E umas bolhinhas da Bairrada nunca fizeram mal a ninguém. Nesta região portuguesa com grande tradição na produção de espumante, foi há cerca de 130 anos que se pôs em marcha este engenho. Lá, são utilizadas castas francesas, como Pinot Noir e Chardonnay, mas também a uva rainha da Bairrada, a Baga, como é o caso deste Aliança. Agora a parte gira: a Baga é uma uva tinta, e este espumante é branco. É verdade, e
 é um estilo com muita história em França, na região de Champagne, onde se apelida de “blanc de noirs”. A maior parte das uvas tintas tem a polpa incolor e apenas algumas, apelidadas de “tintureiras”, têm a polpa escura como a sua película. Assim, desde que o contacto entre
 o mosto (sumo da uva) e a pele seja mínimo, durante o processo de produção, o resultado é um vinho branco, como este espumante. Com notas de citrinos, maçã verde e massa de pão, é vibrante, com bastante energia e uma bela frescura. Tem o price point um pouco acima de muitos que se vendem nas grandes superfícies, é certo, mas como dizia o outro, “há vidas mais baratas mas não são tão boas”

Preço: 7,59€

Altano branco 2018

Douro

A Symington Family Estates é uma empresa que, apesar de ter estabelecido o seu nome pela produção de Vinho do Porto de qualidade top, tem feito um trabalho exemplar na produção de vinho “tranquilo” (nome que se dá ao vinho branco, tinto, rosé, etc...). O Altano branco 
é um deles, feito com as uvas Malvasia Fina, Viosinho, Rabigato, Códega de Larinho e Moscatel Galego, de vinhas que estão a uma maior altitude. Esta última palavra é, na verdade, uma expressão-chave na região do Douro para garantir a frescura dos seus vinhos brancos. De aroma bem spicy, este Altano tem notas vegetais 
e também minerais. É um branco muito crocante e fresco, leve e que nunca sai do perfil de verdes agradáveis, conjugando o toque de fruta tropical, boa acidez e um amargo final que lhe dá pica. Uma marca de confiança.

Preço: 10,50€

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Lobo Multicastas branco 2018

Península de Setúbal 

Estamos em Junho e isso significa que está na hora. O calor diabólico que se tem sentido significa que está na hora. E a abertura da época balnear significa que, definitivamente, está na hora! E de quê? De falarmos de vinhos perfeitos para esta época do ano. O Lobo branco 2018, da Península de Setúbal e produzido pela Casa Agrícola Assis Lobo, é feito das castas Avesso, Trajadura e Chardonnay.
O aroma crepitante lembra sal do mar, com toque vegetal, e na boca é leve e muito equilibrado, de bela acidez, puxando alguma fruta branca no final e nunca deixando o carácter de maresia. Muito fun e com personalidade, tem leveza, qualidade e frescura de mãos dadas, mesmo aquele tipo de vinho que apetece a qualquer pessoa, se o momento for certo. Apetece à beira-mar, no terraço, na esplanada, como aperitivo, numa noite quente, numa noite fresca, no parque... bem, afinal todos os momentos são certos, porque só há uma regra imperativa no vinho: que ele nos saiba bem.

Preço: 4€

Vidigueira Grande Escolha branco 2017

Alentejo 

Feito de Antão Vaz, a casta bandeira da sub-região Vidigueira, e Perrum. Esta última é uma das que actualmente são raras, mas que, outrora, se encontrava por todo o Alentejo. Agora está a ser redescoberta, pois dá frescura e acidez, e um vinho que a contenha é, no mínimo, especial. O produtor, a Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito, é um perfeito exemplo de que devemos esquecer qualquer preconceito sobre adegas cooperativas.
Este vinho é para quem quer um branco de grande qualidade e excelente preço relativo. É para quem quer um branco mineral, muito fresco, com fruta branca mas sem exageros. É para quem quer um vinho com bela presença e equilíbrio, complexidade e uma entusiasmante pimenta final, a picar na língua. E é para quem quer um vinho que ganha com o tempo em que fica no copo, ao longo da refeição.

Preço: 7,99€

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Bone Dry tinto 2016

Bairrada

Pedro Martin é o autor deste vinho mas antes de entrar neste mundo, por volta de 2011, foi manequim. Foi o primeiro português a desfilar para a marca de moda Armani e fez trabalhos importantes para a Hugo Boss, mas para ele nada se compara à magia da transformação das uvas em ouro líquido engarrafado. Foi assim que se tornou sommelier em restaurantes bem cool, muito ao estilo da sua postura descontraída e da sua personalidade, como o 100 Maneiras, do chef Ljubomir Stanisic, o Trincas, o The Decadente, o The Insólito ou o JNcQUOI. Em todos eles comandou as tropas. Agora divide o seu tempo entre o serviço do Praia no Parque e a sua empresa de venda e distribuição Martin Boutique Wines, cujo portefólio privilegia qualidade sobre quantidade e vinhos com carácter forte. Entretanto, lançou alguns em seu nome, do Dão e da Bairrada, sendo o último este Bone Dry, que se pode encontrar à venda em garrafeiras (como a Napoleão), e na loja online da MBW. No canto do rótulo lê-se “Dry to the bone”, seco até ao osso, porque, ao longo da sua carreira de sommelier, muitos clientes lhe pediram vinhos secos. Das castas Syrah, Baga, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional, invoca especiarias, um leve floral e notas de tabaco. É fresco e sim, seco. Mas apetecível, persistente, intenso, elegantemente grosseiro. A pedir para ser bebido.

Preço: 9,95€

Azevedo branco 2018

Vinho Verde

Depois de um Vinho Verde tinto, na semana passada, trago agora um Verde branco. A modernização da viticultura e da enologia em Portugal fez com que, nos últimos 20 anos, a qualidade passasse a ser transversal a todos os tipos de vinho, desde os mais simples, jovens e acessíveis aos mais ambiciosos, poderosos e dispendiosos. Isso significa que, hoje em dia, temos o privilégio de tirar um vinho da prateleira com uma grande probabilidade de ser um produto correcto, bem feito e agradável de beber, sem termos de vender um rim para o comprar. Para os Vinhos Verdes brancos, o caminho foi o mesmo: já lá vai o tempo em que vinho Verde significava vinho com gás, agora a conversa é outra.
A Quinta de Azevedo (lindíssima por sinal, com um solar e belos jardins), propriedade da célebre empresa Sogrape, fez, no final dos anos 80, parte de um conjunto de produtores que liderou uma revolução qualitativa na região.
Entretanto, tal como outros dos revolucionários, a marca cedeu à lógica do Verde mais comercial, mas regressou, recentemente, integralmente reformulada e com vontade de tornar a fazer história com brancos de nível superior, nos quais a expressão da casta e do local são prioridade. Este Azevedo branco 2018, de Loureiro e Alvarinho, lembra citrinos e flor erva-canária, é fresco e tem óptima acidez, cheio de garra. Porque gás é na coca-cola, meus amigos.

Preço: 4,50€

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Zafirah tinto 2017

Vinho Verde

A região dos Vinhos Verdes é aquela que muitas vezes vê o seu produto confundido com um tipo de vinho, quase como se existisse branco, tinto, rosé e verde. Isso é comum acontecer com marcas fortes, como a Gillette (que é uma lâmina), o Kispo (que é um casaco) ou o Tupperware (vulgarmente pronunciado como “tamparuere”, mas que é uma caixa). Apesar de ser apenas uma região, e uma Denominação de Origem, “Vinho Verde” é também isso, uma marca forte que ganhou popularidade pelos seus vinhos frescos e leves, numa época onde tal pouco existia noutras regiões de Portugal. Hoje, essa força é consolidada por isso, mas também pela qualidade e complexidade de vinhos muito ambiciosos. Este tinto Zafirah, criado pelo jovem enólogo Constantino Ramos, surgiu pela sua vontade de recuperar a fama antiga dos tintos de Monção. As suas vinhas têm mais de 70 anos, com as castas Alvarelhão, Borraçal, Pedral e Vinhão, todas “raras”, e têm uma particularidade curiosa: são vinhas em latada (ou ramada), aquelas que vulgarmente se vêem a cobrir pérgulas de granito ou de ferro, ou também sobre caminhos que dão a ideia de “túnel de vinha”. Um vinho onde frutos silvestres se conjugam com flores do campo e um toque de pimenta branca, muito elegante e leve. É fora da caixa, mas com qualidade, que já ninguém tem paciência para vinhos “diferentes” que cheiram mal e são vendidos a peso de ouro.

Preço: 10,50€

Grand’Arte Alvarinho branco 2017

Regional Lisboa 

Quando falamos da DFJ Vinhos, falamos de um colosso da região de Lisboa. Com uma produção de oito milhões de garrafas por ano, uma área de 200 hectares de vinha e duas adegas de grande dimensão, este produtor faz vinhos que são um sucesso comercial em Portugal e pelo mundo afora. José Neiva Correia, proprietário, gestor e enólogo, é um verdadeiro senhor do vinho português, com a audácia e jogo de cintura de quem já anda nisto há muito tempo. Talvez tenha sido essa experiência que o fez ser o primeiro a apostar a sério na casta Alvarinho em Lisboa, e o primeiro a plantá-la nesta região há mais de duas décadas. É mais óbvio associar a uva Alvarinho à região dos Vinhos Verdes, pois é original de uma das suas sub-regiões, Monção e Melgaço. Lá, onde o solo é granítico e as vinhas protegidas da influência atlântica pela cadeia montanhosa que rodeia o vale do Minho, os vinhos Alvarinho são mais exuberantes no perfume e minerais no sabor. O Alvarinho de Lisboa, por sua vez, cresce em terrenos argilo-calcários e, apesar de mais contido no aroma, a proximidade do mar dá-lhe uma grande frescura e carácter salino. É por isso que vos trago o Grand’Arte Alvarinho branco 2017, um vinho fresco, com aromas de limão, tangerina e flores discretas, e uma textura suave que teima em não sair da boca. 

Preço: 6€

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Ladeira da Santa Colheita Seleccionada tinto 2017

Dão

Uma das coisas mais importantes no momento de escolher um vinho, se não a mais importante, é a boa relação qualidade/preço. E se o estamos a eleger para acompanhar uma refeição, é essencial que tenha essa aptidão. O Ladeira da Santa Colheita Seleccionada tinto reúne tudo isso. Feito com as uvas Tinta Roriz e Touriga Nacional, sugere fruta silvestre muito pura e também aromas florestais como caruma e terra húmida. Bom para o dia-a-dia, mas com algo mais para não entediar, é leve mas com uma textura que revela essa tal capacidade para comida.
A empresa Ladeira da Santa é familiar, com 10 hectares de vinha em Tábua, no Dão, mas é também o “one man show” de João Cunha, um jovem de 31 anos que faz a enologia mas também trata da viticultura, da parte comercial, da rotulagem e, quando há tempo, do polimento da bicicleta, que é a menina dos seus olhos e que o faz enlamear-se ao fim-de-semana, no todo-o-terreno. Tudo começou como uma brincadeira e é como ele diz: “Brincar é a mais divertida das coisas sérias”. Mas, a brincar a brincar, este Colheita Seleccionada ganha concursos em prova cega e foi o vinho mais vendido, em Março, numa garrafeira de Lisboa.

Preço: 6€

Quinta da Boa Esperança Rosé

Regional Lisboa 

A Lisboa onde é produzido este rosé, não é a Lisboa convencional. A Quinta da Boa Esperança é um pequeno paraíso situado na Zibreira, Torres Novas, a 20 km do oceano e entre este e a Serra de Montejunto, numa zona campestre bem longe do bulício da cidade. O mar não se vê dali, mas nos solos argilo-calcários da propriedade há vestígios de algas. Esta Lisboa é do mar e da terra, e isso reflecte-se nos seus vinhos.
A Quinta da Boa Esperança tem 10 hectares de vinha, numa encosta com exposição tão ampla que o sol toca quase todos os seus pontos, durante todo o dia. Debaixo de si, corre um lençol freático que vem de Torres Vedras e isso tem uma grande influência no perfil dos vinhos da casa, frescos e salinos, com óptima acidez. O rosé de 2018, feito com as castas Touriga Nacional, Castelão e Syrah, é óptimo para beber a solo ou para acompanhar uma refeição. Tem aroma de flores secas, alguma especiaria e um toque fumado, muita presença, bela estrutura ácida, com cereja e morango. Um rosé top.
Adenda: quem diz “tinto para os homens, rosé para as meninas”, tem um lugar especial reservado no Inferno.

Preço: 7,90€

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Rocim Branco 2018

Regional Alentejano 

O vinho que trago esta semana é um branco alentejano, mas o Alentejo é tão vasto e diverso que origina vinhos bem distintos. Cada uma das sub-regiões alentejanas (Borba, Évora, Granja-Am releja, Moura, Portalegre, Redondo, Reguengos e Vidigueira) tem características muito próprias. Na verdade, além da variedade de climas e castas, esta é a região com mais solos diferentes do país,com terrenos de xisto, granito, calhau rolado, areias, calcários e argilas. O Rocim branco 2018 nasce na Vidigueira, na Herdade do Rocim. Sendo claramente Alentejo, a Vidigueira usufrui de um clima relativamente temperado, com a humidade atlântica a ser retida pela Serra de Portel nas noites de Verão. Assim, as uvas beneficiam desta frescura nocturna que, combinada com solos de granito e xisto, produz vinhos frescos e elegantes. Este branco é um perfeito exemplo disso. Feito com as castas Antão Vaz (a uva rainha da sub-região), Arinto e Viosinho, é muito mineral e cítrico e tem um equilíbrio fantástico. Uma escolha infalível.

Preço: 8,50€

Os melhores restaurantes em Lisboa

Os 149 melhores restaurantes em Lisboa
Os 149 melhores restaurantes em Lisboa

Os críticos da Time Out visitam os restaurantes anonimamente e pagam pelas suas refeições - o mesmo é dizer, como qualquer cliente – e, na melhor parte dos casos, repetem a visita antes de se pronunciar. Acresce que nenhum restaurante é criticado antes de cumprir três meses de porta aberta e, por princípio, nenhum é aclamado com cinco estrelas ou despachado com apenas uma sem que um segundo crítico subscreva essa avaliação. Há onze anos que a Time Out faz questão de repetir esta cartilha em tudo o que faz e de a respeitar sem cedências. O que é que isso vale? Ainda e sempre, é a si que cabe dizer. O que lhe podemos garantir é que todos os 149 restaurantes que encontra nesta lista foram visitados pela nossa equipa pelo menos uma vez e que resulta de uma escolha, subjectiva como se espera, mas criteriosa como se exige. Como de costume, a coisa valeu discussões e zangas. Mas lá chegámos a um consenso e estes são os restaurantes em Lisboa que tem mesmo de conhecer. 

A cidade é cada vez mais dos turistas, dizem, mas ainda há sítios que se mantêm com toda a resiliência como cantinas diárias para o almoço dos lisboetas. Comer fora não tem de ser caro e na cidade existem verdadeiros achados entre alguns dos restaurantes baratos em Lisboa. Pense num prato rico, em comida saborosa e atendimento simpático – às vezes até familiar. Fazem-se literalmente negócios da China, da Índia, da Argentina, bem portugueses e outros completamente vegetarianos. Para encher a barriga sem esvaziar a carteira, este barato não lhe vai sair caro. Corremos a cidade em busca de pechinchas gastronómicas e encontramo-las: estes são os melhores restaurantes em Lisboa até dez euros. Ou menos.

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Os melhores restaurantes em Lisboa com sala privada
Os melhores restaurantes em Lisboa com sala privada

É nas salas mais privadas de Lisboa que as famílias se podem reunir à hora de almoço, que se podem fechar negócios ou chamar os amigos para jantares mais ou menos ruidosos, com conversas mais ou menos delicadas sobre a vida. Abrimos-lhe as portas mais exclusivas dos restaurantes lisboetas e mostramos-lhe onde pode marcar mesa para refeições mais intimistas, sempre bem regadas e com boa comida, do pato à Pequim às massadas. Siga as nossas sugestões e faça dos melhores restaurantes em Lisboa com sala privada a sua sala de estar. 

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