★★★☆☆
A série de Augusto Fraga para a Netflix tem uma apresentação, um aparato, uma solidez global e ambições bastante acima da média nacional.
★★★★☆
Foi Fellini quem fez o grande filme sobre a orquestra enquanto microcosmo da sociedade, em Ensaio de Orquestra (1978). Mais modestamente, mas com vários méritos, a série dinamarquesa A Orquestra (Filmin), tutelada por Adam Price (Borgen), pega na mesma ideia e usa-a para pôr de pé uma tragicomédia em dez episódios (ou dez andamentos), ambientada na Orquestra Sinfónica de Estocolmo e que, além de expôr os intemporais defeitos, mesquinhices, falhas de carácter e insuficiências morais do ser humano, satiriza o mundo da música clássica, as suas vaidades, rivalidades, ridículos e intrigas, dando pelo caminho algumas valentes alfinetadas no “wokismo” que também já chegou a este meio e o envenenou.
A Orquestra é, como dizem os anglo-saxónicos, “character driven”, tem as personagens como motores do enredo. Jeppe Nygren é o novo director adjunto da Sinfónica de Estocolmo, uma pessoa que tem a obsessão (quase doentia) de agradar a toda a gente e de não melindrar ninguém; Bo Hoxenhaven é o segundo clarinetista da orquestra e, apesar de ser um excelente músico, tem um feitio intransigente e uma falta de inibições sociais que o tornou impopularíssimo entre os colegas e o restante pessoal da instituição. E há ainda Simon, o talentoso mas hipócrita e vaidosíssimo primeiro clarinetista, que anda sempre a gozar com Bo e que, apesar de ser casado e com filhos, tem um caso com a mulher de Jeppe, Regitza, que lidera o departamento jurídico da instituição.
Quando, depois de algumas confusões, equívocos e embaraços públicos, Jeppe e Bo identificam Simon como sendo o seu inimigo comum e selam uma aliança para se verem livres dele, o enredo de A Orquestra vai adensar-se e ficar cada vez mais intensa e venenosamente cómico, sem fazer concessões de nenhum tipo (raras são as personagem que sejam só virtudes – talvez com a única excepção de Elin, a tímida aluna de Bo, que tem uma paixão assolapada por ele sem que o músico dê a menor conta).
As interpretações, dos actores principais aos segundos planos (veja-se a directora gordinha que detesta chatices e é fanática de monster trucks, ou o maestro de renome mundial apaixonado por sofás design que custam os olhos da cara) são unanimemente óptimas, a história desenvolve-se com uma fluidez, uma coesão, um ritmo e uma segurança dignas de uma orquestra bem ensaiada, e os dez episódios, que não chegam a ter meia hora cada um, viciam de imediato e saboreiam-se com voracidade e num ápice. Que venha a segunda temporada, prestissimo!
★★★☆☆
A série de Augusto Fraga para a Netflix tem uma apresentação, um aparato, uma solidez global e ambições bastante acima da média nacional.
★★★☆☆
Duas temporadas depois, o título da HBO Max continua a intrigar-nos, a assustar-nos e a manter-nos em suspenso – o que não se pode dizer de uma grande parte das séries, independentemente do género.
★★★★☆
‘Hollywood Bulldogs: A Ascensão e as Quedas dos Grandes Duplos Britânicos’ (TVCine Edition) celebra a geração de “duplos” ingleses, considerados os melhores do mundo.
★★★☆☆
Os autores deste remake norte-americano (FOX Comedy) tiveram o bom senso de se manterem muito fiéis ao estilo de humor do original inglês.
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