Não queremos ser picuinhas, mas antes de apresentarmos a Pousada de Lisboa é preciso esclarecer uma coisa: aquilo a que geralmente associamos ao conceito de pousada, não é nada do que vai encontrar aqui. Esta Pousada com P grande instalou-se num edifício pombalino do Terreiro do Paço, onde funcionou em tempos o Ministério da Administração Interna – uma escolha que não teria nada de muito extraordinário, não fosse o facto de este prédio em particular estar sob a alçada do Arco da Rua Augusta, condição que lhe valeu o título de Monumento Nacional. Lá dentro, um hotel luxuoso, arejado e cosmopolita que não se envergonha de assumir a cultura portuguesa como parte do seu ADN: nos espaços dedicados à arte – entre corredores e salões convivem estátuas da monarquia com tapeçarias de Nadir Afonso e esculturas de Santo António –; na preservação da traça original do edifício, com tectos altos e chão em tábua corrida; e na cozinha, onde o chef Tiago Bonito promete (e cumpre) honrar a tradição à mesa com reinterpretações arrojadas dos clássicos da gastronomia. Não é um hotel museu, mas pouco falta. Para apontar alguma falha à Pousada, teríamos de chamar o Marquês à pedra por não se ter lembrado de fazer um jardim nas traseiras. Para quem vem a Lisboa à procura de sol, há um pequeno terraço com espreguiçadeiras no terraço, com acesso à piscina interior, ao ginásio e ao spa.
O termo “pousada” significa, segundo o dicionário online Priberam, uma “paragem numa casa para descansar indo de jornada”. Também significa um “conjunto de quatro molhos de trigo ou centeio que devem dar um alqueire”, mas isso agora não vem ao caso. A verdade é que quando imaginamos uma pousada, a experiência é muito diferente do que quando imaginamos um hotel. As pousadas afiguram-se mais distintas, como se estivessem num campeonato à parte, mas também mais familiares, como se fossem uma casa (grande, grande, grande) de família. As Pousadas da Juventude, por exemplo, são alojamentos despretensiosos, perfeitos para os viajantes de mochila às costas (a noite mais barata custa, em média, 14€ numa camarata). Mas não se pode esquecer das Pousadas de Portugal, às vezes em hóteis luxuosos, mas sempre recheados de história, na arquitectura, na decoração ou na origem. Descubra estas pousadas em Lisboa.
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