1. “Closer”, Joy Division
A história da Joy Division foi tragicamente breve e resume-se a dois álbuns de estúdio, Unknow Pleasures (1979) e Closer, e meia dúzia de singles. Closer foi gravado na segunda quinzena de Março de 1980 e quando foi lançado, a 18 de Julho, já era um álbum póstumo: Ian Curtis, o carismático vocalista, suicidara-se dois meses antes e os restantes membros da banda – Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris – tinham decidido prosseguir sob um novo nome: New Order. O novo nome não foi uma escolha feliz (os três músicos alegaram não fazer ideia de que poderia ter conotações fascistas) mas a mudança em si foi uma decisão atilada, já que a sonoridade e imaginário dos New Order rapidamente divergiria da Joy Division e Curtis não se reveria, provavelmente, na música de dança polida e destituída de alma com que os New Order conquistaram as tabelas de vendas.
Closer é um disco mais elaborado do que Unknow Pleasures e em que os teclados ganham protagonismo, contribuindo, com a produção de Martin Hannett, para criar um ambiente frio, sepulcral e claustrofóbico. No centro, absorvendo toda a luz em sua volta como um buraco negro, estão, claro, a voz e as letras de Curtis. As letras bastariam para qualquer pessoa com algum discernimento perceber que Curtis estava a internar-se num deserto tenebroso de onde poucos viajantes regressam – mas os seus colegas de banda, dando mostras de uma insensibilidade asinina, nunca suspeitaram de nada.
[“Heart and Soul”]