★★★★☆ O “teen spirit“ está a fervilhar com “When We Fall Asleep, Where Do We Go?”, um disco de uma cantora-fenómeno, com apenas 17 anos, que esgotou a Altice Arena em três tempos. O futuro da pop é agora – e o último a chegar é um ovo podre.
★★★★☆
O novo álbum de Taylor Swift soa apaixonado e honesto, tem grandes canções e o coração na lapela. Mas dura 61 minutos e 48 segundos – a conta sobe para 70 minutos e 57 na edição especial, com 20 faixas. E nenhum disco pop devia prolongar-se por mais de 60 minutos. Nem sequer 50. Não só para reter a nossa atenção, mas para evitar passos em falso.
Em defesa dela, este excesso de canções faz algum sentido. Em Lover, a cantora lembra uma daquelas jogadoras que espalham as suas apostas pelos vários resultados possíveis para garantir algum lucro. Ou seja, o disco tem demasiadas faixas porque Taylor Swift quer garantir que chega a toda a gente, evocando diferentes momentos da sua carreira.
Quem gostou da autora amarga e ressabiada de reputation (2017) vai amar “I Forgot That You Existed”; para os fãs da synth-pop de 1989 (2014) há cantigas como “Cruel Summer”, co-escrita por St. Vincent, ”Me!”, com Brendon Urie dos Panic! at the Disco, e outras; “Lover” é uma canção emo-country monumental e não ficaria fora de lugar em Red (2012) ou num dos discos de Rilo Kiley; “Soon You'll Get Better”, com as Dixie Chicks, remete para os tempos de Nashville e uma certa pureza country. Há temas que lembram Lorde (“The Archer”) e Lana Del Rey (“Miss Americana & The Heartbreak Prince”). A aparente inconsistência não é defeito, é feitio.
O problema não é tanto a variedade, como a falta de qualidade de meia dúzia de canções, que oscilam entre o olvidável e o foleiro. E de algumas letras, como as de “The Man” com o seu feminismo despido de qualquer consciência de classe e noção de privilégio (“If I was a man / Then I'd be the man”), ou “You Need To Calm Down”, um exercício de apropriação LGBT pueril (“Why are you mad / When you can be GLAAD?”).
É pena. Algures no meio destas 18 faixas está um disco de dez ou onze faixas perfeito e emocionalmente honesto. Cinco estrelas, mesmo. E “It’s Nice To Have A Friend” é uma das melhores canções do ano, com os seus dois minutos de meio de nostalgia e minimalismo pop sem paralelo na discografia da cantora. Menos teria sido mais.