A Arte da Fuga BWV 1080, de Bach
Ano: c.1740-50
Estado: Uma das fugas está incompleta, não há indicações de instrumentação e a ordem de execução das várias peças não é clara
Johann Sebastian Bach nunca chegou a especificar a que instrumento ou combinação de instrumentos se destinava A Arte da Fuga (Die Kunst der Fuge), obra em que trabalhou intermitentemente dos últimos anos de vida e que deixou incompleta à data do falecimento, a 28 de Julho de 1750. A obra funciona, nas palavras do musicólogo Marcel Bitsch, como uma “demonstração dos recursos inesgotáveis da escrita contrapontística” e compreende 14 fugas e 4 cânones que têm como ponto de partida um mesmo tema. Uma das peças, a que Bach deu o título “Contrapunctus XIV”, está incompleta e o seu manuscrito contém uma anotação do seu filho Carl Phillipp Emanuel, que indica que aquelas foram as últimas notas escritas pelo pai, antes de falecer, afirmação que é contestada pelos musicólogos: as notas são da mão de J.S. Bach e, como tal, deverão datar, o mais tardar, de 1748-49, pois, a partir de meados de 1749, a cegueira que acometeu o compositor obrigou a que passasse a ditar as suas composições.
Muito se tem discutido qual o(s) instrumento(s) mais apropriado(s) à sua execução e há mesmo quem tenha sugerido que se trataria de um exploração abstracta das possibilidades da fuga e que, como tal, Bach nem previra a sua execução. Sendo a obra de extraordinária riqueza e não faltando músicos de grande talento e inventividade, A Arte da Fuga tem sido alvo de múltiplas leituras, em órgão, cravo, piano, ensemble de violas da gamba, quarteto de cordas, quarteto de flautas, orquestra e até por combinações instrumentais alheias ao universo da música antiga, como quarteto de saxofones, quinteto de metais ou duas guitarras de oito cordas. O “Contrapunctus XIV” costuma ser tocado numa das várias propostas de reconstrução entretanto surgidas, mas também há quem se detenha onde Bach se deteve.
[“Contrapunctus I”, por Davitt Moroney (cravo), ao vivo em 2015]