Salvador Sobral ouviu-o aqui e ali, uma e outra vez. Um comentário entre o incontestável e o adivinhatório: a teatralidade e a intensidade que o músico português empregava nas suas interpretações muito se devia a Jacques Brel, referência maior da chanson française. Salvador anuía: sim, sim. Mas pouco ou nada sabia sobre o autor de “La Valse à Mille Temps”. Não lhe conhecia a obra. Decidiu-se a investigar para encontrar as semelhanças, e a mulher, a actriz belga Jenna Thiam, deu um contributo decisivo para a pesquisa. Salvador ficou perplexo com Brel. Entusiasmou-se de tal forma com o reportório que montou um espectáculo com ele, estreando-o no início deste ano em três salas esgotadas – no CCB, na Casa da Música e no Teatro Aveirense. “Ces gens-là”, “Ne Me Quitte Pas”, “Au Suivant”, “Jef” ou “Les Bourgeois” fazem parte do alinhamento, com novos arranjos e um ensemble à altura: Samuel Lercher (piano e moog), Nelson Cascais (contrabaixo e baixo eléctrico), Ana Cláudia Serrão (violoncelo), André Santos (guitarra e cordofones madeirenses), Diogo Duque (trompete, fliscorne e flauta transversal), Inês Vaz (acordeão) e Joel Silva (bateria).
Teatro Maria Matos. 10 e 11 de Agosto (Seg e Ter) 21.00. 14-16€.