Onde comprar azeite em Lisboa como um especialista

No primeiro mês de porta aberta, Lino Rebolo pôs logo um americano a chorar. O turista quis experimentar o azeite mais forte que havia na D’Olival e acabou a lacrimejar com o picante final na garganta. Lino (que ao fim do dia vai treinar a equipa de râguebi de Agronomia) e a mulher, Helena, abriram a D’Olival em Agosto, um ano depois de começarem a contactar produtores e conhecê-los. Na loja fazem-se provas de azeite para quem conhece e para quem quer conhecer – o que Lino sabe é para partilhar. Nos cerca de 40 azeites diferentes que têm na loja, há o Magna Olea (15€) já da campanha de 2017/18. É produzido em Trás-os-Montes com azeitona cobrançosa, madural e verdeal e tem um aroma verde, toque a frutos secos e picante e amargo suaves, diz Lino, que avisa que o Magnólia vai bem com uma carne forte como o borrego.

Isabel acha piada ao facto de em Portugal haver sempre alguém na família que tem azeite, o problema é que por isso cada um só conhece o azeite da sua zona. Quando em Março esta luso-francesa e Thierry, francês que fez cursos sobre azeites em Agronomia, abriram a Olistori puseram um mapa de Portugal que mostra variedades de azeitona distribuídas pelo país. É sentar e provar os azeites num copo ou com pão. “Por mais azeite que mostre, o Terras Dazibo [Bio, 17,50€] é o mais vendido, já o tentei esconder, mas não funciona”, brinca Thierry, que olha para os azeites e diz que mais parecem garrafas de perfume. O Terras de Azibo é de Trás-os-Montes, tem um cheiro verde, a ramos de tomate, descreve Isabel. “Dizemos sempre que qualquer legume, em qualquer parte do mundo, com este azeite vai ficar fresco”. Tem as variedades madural, cobrançosa e verdeal.

Ricardo Faria era engenheiro civil quando começou a loja de azeites online, no final de 2016. Rapidamente sentiu que havia espaço para se dedicar ao interesse pelo azeite e pelas azeitonas a tempo inteiro, abrindo uma loja onde os clientes podem provar os azeites antes de os comprar. Em Abril, abriu a loja física em Belém, depois de andar a estudar em Agronomia com José Gouveia, um dos especialistas em azeite em Portugal. Tem cerca de 30 azeites na loja, todos portugueses, alguns deles no Top 10 dos melhores portugueses definido por Edgardo Pacheco (autor do livro Os 100 Melhores Azeites de Portugal). O Cabeço das Nogueiras Premium (8€) é um deles e com uma óptima relação qualidade/preço, diz Ricardo. Há estrangeiros a meterem-se num taxi direitos à loja para pedirem especificamente este azeite de cobrançosa e picual produzido em Abrantes, conta. Tem um certo travo amargo e pode bem temperar saladas verdes.

Desde 2005 que Nuno Marques é o responsável pela compra de azeites do Club del Gourmet do El Corte Inglés e não nota falta de procura para azeites pouco conhecidos. Na loja gourmet mantém 70 tipos de azeite, boa parte portugueses, mas também italianos e espanhóis, todos virgem-extra, alguns biológicos. O azeite com a marca Olival da Risca – Selecção Original (10,90€) não só é biológico, como também é biodinâmico e conta a história de duas famílias suíças que vieram para o Alentejo em 2000. Compraram 90 hectares de oliveiras antigas e nasceu o lagar da Risca Grande. 18 anos depois têm 227 hectares e aí está o Selecção Original que junta cobrançosa, galega vulgar e verdeal, tem um “frutado verde, medianamente amargo e picante”, descreve Nuno, e vai bem com sabores intensos como os das carnes vermelhas.