Bitoque d'O Bitoque
Fotografia: Arlindo CamachoBitoque d'O Bitoque
Fotografia: Arlindo Camacho

Os melhores bitoques em Lisboa

Depois de muito dar ao dente e à serrilha, a Time Out está em condições de eleger os melhores bitoques em Lisboa.

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Há umas quantas casas lisboetas onde o bitoque vai muito além de um porto seguro. É a estrela da companhia. Ao longo dos anos, temos provado dezenas de bifes, mergulhado o pão em molhos castanhos de origens duvidosas e visto passar ovos a cavalo (alguns com ar cansado), enfrentado batatas fritas de pacote e outras murchinhas de meter dó. Voltar a casa a cheirar a fundo de frigideira tornou-se um hábito, mas conseguimos encontrar alguns dos melhores bitoques de Lisboa. E ainda lhe deixamos um manifesto de amor e louvor a esta instituição. Assine por baixo.

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Os melhores bitoques em Lisboa

  • Português
  • Avenida da Liberdade

O bitoque é um prato remediado mas tem os seus parentes abastados. O que está no menu da Floresta do Salitre é uma espécie de primo rico que de bitoque só tem o apelido: um suculento bife da vazia frito, coroado por batatas fritas às rodelas e o indispensável ovo a cavalo – neste caso, a cavalo de um puro-sangue lusitano. Tudo isto por 9,50€. Em resumo, um belíssimo exemplar da espécie e um orgulho para a família.

  • Campo de Ourique

Para se chamar O Bitoque é porque os proprietários deste pequeno restaurante familiar em Campo de Ourique têm muita confiança no bife com ovo estrelado (8,50€) que servem. E têm razões para isso. Aqui serve-se um bom pedaço de carne de vaca acompanhado de batatas às rodelas bem fritas e esparregado – uma raridade muito bem-vinda no panorama bitoquista de Lisboa. De sobremesa há umas farófias com mais procura do que um lugar de estacionamento no bairro.

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  • Santa Maria Maior

É uma das catedrais do bitoque na cidade. E é apenas isto que tem de saber. Entre Alfama e Santa Apolónia, encontra o Sardinha. O interior transporta-nos para outros tempos, longe dos restaurantes modernos e cheios de conceitos. Aqui respira-se cheiro a refogado e a louro. Peça o bitoque de vaca ou de porco (5,80€ ambos) e regresse para mais. Diz-se que as batatas-fritas são extremamente competentes, assim como as iscas ou as codernizes fritas ou grelhadas.

  • Português
  • Alvalade
  • preço 2 de 4

Se o bom bitoque é uma espécie em vias de extinção, então esta pequena Adega é um santuário bem escondido numa esquina da Avenida Rio de Janeiro. Aqui, o bitoque (10€) é feito a preceito e com calma: está na lista dos “Pratos Mais Demorados” do restaurante e vale cada minuto de espera. À mesa chega-nos um bife grande, que por vezes até excede os limites do prato, com um molho carregado de alho. Se não gosta de alho, evite. Mas se não gosta de alho, se calhar também não gosta de bitoque. Ou da vida.

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  • Campo de Ourique

Num restaurante com um diminutivo no nome surpreende-nos um bitoque superlativo. Um bife grande, alto, coberto por uma fatia de fiambre. As batatas vêm às rodelas, estaladiças, e o ovo brilha como a estrela de uma constelação não muito distante. Não traz salada, mas podemos mentir a nós próprios com o clássico: “a batata é vegetal, por isso…”. Os pickles representam as conservas avinagradas e servem de contraponto palatal. N'O Tachinho serve-se o Bitoque Especial à Portuguesa e ainda uma variante com molho de cerveja preta, sem ovo (12,50€). 

  • Belém

Precursor da moda do bife batido, o Rui dos Pregos abriu em 2000 no Cacém e é hoje um império de nove restaurantes que vai de Odrinhas a Belém. Rui Moreira é o Rui que baptiza os restaurantes e o homem por detrás do martelo – ou, para sermos precisos, da ideia de martelar os bifes até ficarem uma fina e comprida fatia de carne. A receita fica completa com um molho de manteiga e alho e uma passagem rápida pela chapa quente. No menu chamam-lhe prego no prato com ovo. No entanto, o rácio carne/batatas e a presença do ovo a cavalo obrigam-nos a incluí-lo na lista dos melhores bitoques.

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  • Santa Maria Maior

O patinho feio da gastronomia portuguesa pode transformar-se num cisne? Experimente ir ao Churrasco, o restaurante especializado em grelhados da Rua das Portas de Santo Antão e a sede oficial de um dos melhores frangos assados de Lisboa. O bitoque não está no menu, mas pode pedir um que a cozinha faz-lhe a vontade. Numa tigela de barro, por baixo do ovo e das batatas, encontra um tenríssimo bife da vazia, carne que chega ao restaurante duas vezes por semana directamente de Arruda dos Vinhos. As batatas são caseiras e os pickles e azeitonas são mais do que decorativos.

  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

Tem ‘Pastelaria’ escrito na entrada que dá para o Largo do Rato, mas nada tema pois aqui não encontra apenas doçaria. O receituário anda à volta da cozinha tradicional, com cozido, alheira ou bacalhau à casa. Mas se quiser enveredar pelos pecados da carne ceda ao bitoque. É de qualidade e a preço acessível (8€). Se preferir tem o bife à casa (8,50€) ou o bife à portuguesa (8,90€).

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  • São Vicente 

Melhor relação qualidade/preço/metro quadrado de Lisboa. O Cardoso é um pequeno e simpático restaurante onde toda a gente se conhece – uma espécie de versão tasqueira de Cheers, Aquele Bar. A servir às mesas está o próprio Sr. Cardoso, que nos trata como se fôssemos clientes habituais desde a primeira vez que metemos lá os pés. O bitoque, esse, chega numa frigideira, coberto por batatas fritas e encimado, claro, por um ovo. É o melhor que se pode comer em Lisboa por 7,50€.

  • Alvalade

É considerada uma instituição em Alvalade. O seu croquete é afamado, mas também vale a pena deitar um olho ao modesto bitoque, que passa despercebido ao lado do também muito considerado prego do lombo no pão. Em matéria de bitoque, prato singelo mas impactante, pode seguir dois caminhos: um mais arrojado em que escolhe o do lombo (14,50€) ou outro em que se delicia com o igualmente saboroso exemplar do pojadouro (11,5€). Ambos acompanham com ovo e batatas-fritas, como ditam as mais elementares regras do bom bitoque.

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  • Português
  • Ajuda
  • preço 1 de 4
Jorge d'Amália
Jorge d'Amália

Assim que se entra dá para perceber que nesta casa são todos do Belenenses, tal é o arraial de camisolas e fotografias da equipa penduradas na parede. Amália, mãe de Jorge, já tinha mão nesta cozinha há várias décadas quando Maria José, a mulher de Jorge, chegou à cozinha. Não há propriamente um menu nem grandes invenções, apenas alguns pratos muito elogiados no bairro e arredores, caso do bitoque (7,50€), servido numa travessa de inox com molho bem temperado e ovo. À parte umas batatas fritas em palitos impecáveis.

Manifesto pela elevação do bitoque a património nacional

É verdade que o bitoque não tem a nobreza de um bife do lombo nem a popularidade do seu irmão mais novo, o prego, que virou moda depois de um casamento de conveniência com o bolo do caco. Mas é a par com o arroz doce o prato mais repetido nos cardápios do país: está tão à vontade numa casa de pasto antiga como numa requintada marisqueira.

Escapou ileso a todas as tentativas de gourmetização da culinária portuguesa – onde está esse bitoque desconstruído? esse oeuf à cheval de autor? – e mantém-se fiel a uma fórmula enternecedoramente datada: o bife com batatas fritas, a forminha de arroz, a salada de tomate e alface com umas tímidas raspas de cenoura. A visita ocasional da azeitona, o avistamento esporádico do pickle. Aqui e ali uma fatia de fiambre.

Mal amado pelos chefs, é o prato fantasma que muitas vezes não está no menu mas que todo o restaurante serve – “Claro que lhe fazemos um bitoque!”.

É uma solução de recurso e, ao mesmo tempo, um prato essencial. Não se sabe de onde veio a receita e no entanto é a maior contribuição portuguesa para a cultura do fast food. Um prato que ninguém faz em casa para impressionar as visitas, mas que toda a gente recomenda ao estrangeiro que quer saber como comem os portugueses.

O bitoque merece o nosso reconhecimento pelos feitos em prol da nação. Nem que seja por todas as vezes que nos ajudou a curar uma ressaca. Agora pensem: o chocalho já é património da humanidade e o que é que ele já fez por uma ressaca vossa?

Um clássico cai sempre bem

  • Cervejarias

A época do petisco rastejante começa oficialmente em Maio, o primeiro mês sem R – dizem os especialistas que, apesar de não ser regra absoluta, é nestes meses mais quentes e solarengos que o caracol é melhor, porque com o chuva o bicho começa a meter-se dentro da terra. Ainda assim, a maioria dos caracóis que se servem em Portugal vêm de Marrocos, onde é proibido usar pesticidas e a garantia da qualidade deste petisco é maior. Corremos a cidade à procura de cafés e cervejarias que já estão a servir caracoladas e dizemos-lhe oito sítios onde pode comer caracóis em Lisboa.  

Cervejaria resulta da junção de cerveja com selvajaria. Fomos à procura das melhores casas da cidade onde o ringue está aberto para se chuparem cabeças de camarão, martelarem patas de sapateira e ainda que meter o dente num prego ao fim. Marisco, saladinhas, croquetes e bifes tenros é o que esta lista tem para lhe oferecer. E vai tudo escorregar lindamente com uma imperial fresquinha.

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