Hoteis, São Roque do Pico, Açores, Adega do Fogo
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Vinte escapadinhas por Portugal

Aproveite os fins-de-semana prolongados deste ano para reservar uma escapadinha num dos novos alojamentos do país. Escolhemos 20, bem bonitos e confortáveis.

Mariana Morais Pinheiro
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Depois de dois anos de circunscrições e limitações e hesitações, pegámos no calendário de 2022, assinalámos os fins-de-semana grandes que aí vêm e começámos a fazer planos para os aproveitar ao máximo noutras paragens, do Minho à Madeira, em alojamentos bem bonitos e confortáveis. São os caminhos mais rápidos para o chamado slow living, esse conceito sedutor mas fugidio. Depois destas escapadinhas, voltaremos certamente muito mais felizes e disponíveis às nossas cidades de sempre, à felicidade desse casamento, queiram elas perdoar-nos a infidelidade.

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As melhores escapadinhas por Portugal

  • Hotéis

Será imperativo gostar de Eça de Queiroz para se perder de amores pelo MS Collection - Palácio Valdemouro, em Aveiro? Não. O que pode acontecer, no entanto, é que aqueles que ainda não fizeram uma incursão na obra do maior escritor do realismo português se apressem a lê-lo. Acutilante e rica, a obra de Eça é estranhamente actual. E porque falamos dele? Porque os universos deste boutique hotel em Aveiro giram à volta da vida e obra do escritor. 

A primeira paragem é feita na biblioteca do hotel, vizinha da recepção. Ali pode ser consultada a obra do autor da Geração de 70 em português e inglês. Além dos livros – que também podem ser adquiridos – destaca-se a escultura do cartoonista António, que celebra o escritor.

No primeiro andar conhecemos alguns dos 39 quartos. Comecemos pelo Signature. Espaço amplo, tons suaves, inspirado na Arte Nova característica da cidade. Subimos a fasquia e entramos no romance Os Maias. Lado a lado ficam os quartos Afonso da Maia e João da Ega. Duas suítes cujo vestíbulo pode ser fechado e serem usadas em conjunto.  

Ainda literariamente voltados para Os Maias, passeamo-nos pelos Palacetes Premium Maria Eduarda e Carlos da Maia, ambos com tectos trabalhados que remontam a outras épocas. O primeiro, em tons rosa, condiz com a personalidade coquete da personagem. Mais sóbrio, no Premium Carlos da Maia, a opção são tons mais escuros. Destaque para a banheira envolta num ambiente afrancesado que lembra que o escritor viveu os últimos anos da sua vida em França, até à data da sua morte, em 1900.  

De cartola, o trintanário Hugo Rodrigues – a primeira cara do hotel – desvenda esta relação com o escritor: “Reza a história que ali viveu a família de Eça de Queiroz.” A partir desta premissa, podem encontrar-se espalhados pela casa pormenores de outras épocas. Na recepção, por exemplo, está uma réplica de um móvel Davenport onde Eça guardava, em diferentes gavetas, as inspirações por categorias. Uma bela ideia para um escritor arrumar as ideias. 

Descemos ao spa Moments que inclui área termal, três salas de tratamento, piscina aquecida, jacuzzi, sauna, banho turco e duche sensorial. Um duche que é uma metáfora das quatro estações do ano. De linhas sóbrias e com muita luz, a particularidade é que o tecto da piscina do spa é o fundo da piscina exterior. Em dias quentes pode olhar-se para cima e ver figuras a nadar debaixo de água.        

À mesa do restaurante Prosa e de olhos no mural Scratching the Surface – Eça, criado por Vhils, o pincho de lavagante explode na boca. Criado em parceria com o chef Rui Paula, este espaço fine dining apresenta uma carta com pratos ligados à ria de Aveiro e, claro, a Portugal. Tal como o spa, o restaurante está aberto ao público. No menu de degustação preparado por Rui Paula em conjunto com o chef Elson Almeida encontram-se ostras da ria, salmonete da Costa Nova, mas também pá de cabrito de leite. Fecha em beleza com a sobremesa Maresia na sua plenitude, feita de compota de camarinha, algas e flor de sal. A combinar com o café, um petit four em forma de planeta, cujo sabor é delicioso, mas difícil de decifrar. Maria João Veloso

  • Hotéis
  • Grande Lisboa

Os hotéis temáticos são uma tendência crescente à escala global – e na sua estreia nos Açores, o Vila Galé apostou tudo na história do arquipélago. Entre os 92 quartos de diferentes tipologias, incluindo oito familiares, estão homenagens ao Infante D. Henrique, aos navegadores Gonçalo Velho Cabral e Diogo de Silves, ao escrivão Pêro de Teive, que terá assinado o documento do rei D. Manuel que elevou Ponta Delgada a vila em 1499, ou ao político Ernesto Hintze Ribeiro, que deu autonomia institucional às ilhas em 1895. Qual livro de História (e de histórias), todos os quartos têm textos descritivos da pessoa distinguida – e num dos dois restaurantes, onde se serve o pequeno-almoço em regime buffet e o brunch aos domingos, até há quadros com a diáspora açoriana.  

O ambiente revivalista vai ainda mais longe. Afinal, estamos a falar de um investimento de 15 milhões de euros para reabilitar o antigo Hospital de São Francisco, mesmo no centro de Ponta Delgada, e transformá-lo num hotel de charme de cinco estrelas. A fachada e a entrada para o lobby impressionam, mas é no claustro, com piscina exterior, que a imponência de outros tempos mais brilha.

O tema do Vila Galé Collection São Miguel estende-se ainda à oferta gastronómica – veja-se, por exemplo, a iniciativa Sete Pratos da Tradição Portuguesa, que propõe uma especialidade por cada dia da semana. Cozido à portuguesa à segunda, filetes de peixe porco com arroz de tomate à terça, iscas à quarta, lulas salteadas com puré de batata doce à quinta, alheira de Santa Maria à sexta, pataniscas de bacalhau ao sábado e arroz de polvo ao domingo – um verdadeiro banquete pelo receituário nacional.  

Como noutros espaços da cadeia, também aqui as famílias são bem-vindas. Não só as crianças até aos 12 anos não pagam estadia e refeições, desde que instaladas no quarto dos pais, como há uma sala cheia de brincadeiras a pensar nelas. Oportunidade perfeita para os adultos serem deixados em paz no Satsanga Spa & Wellness, com piscina interior aquecida, com cascatas de hidromassagem, sauna, banho turco, ginásio e salas de massagens e tratamentos. Entre os rituais de assinatura está a massagem de 60 minutos Bem-vindo às Ilhas Bruma (100€) ou a esfoliação Aromas dos Açores, com chá verde (60€/30 minutos). O resto é história.

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Vera Moura
Directora Editorial, Time Out Portugal
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  • Hotéis
  • Grande Porto

Se acreditar em lugares que têm o poder de o fazer recuar no tempo, então considere a viagem como certa. Numa antiga casa senhorial – onde séculos de história permanecem sedimentados, à espera de serem lidos e recontados – nasceu, no Verão de 2023, o Valverde Santar Hotel & Spa. Um cinco estrelas intimista, suficientemente acolhedor para os dias frios, generosamente aberto para uma propriedade com cerca de sete hectares, que inclui jardim, uma vinha, um restaurante e um spa.

A imponência espera-nos logo à entrada. Subidas as escadas, as sucessivas salas guardam os principais tesouros daquela que um dia foi conhecida como Casa das Fidalgas – solar aristocrático erguido no século XVII, baptizado em alusão às três nobres senhoras (irmãs, solteiras) que aqui moraram em tempos. Corria o ano de 1975 quando a propriedade foi doada à Casa Real Portuguesa pelo então proprietário, homem sem filhos e obviamente monárquico. Por mais de quatro décadas, esta foi a casa de Miguel de Bragança, irmão mais novo de Duarte Pio, até que a família decidiu cedê-la ao projecto hoteleiro.

Não admira, por isso, que alguns dos objectos sejam dignos de museu. O barroco e o neoclássico convivem em harmonia. Muitos móveis foram restaurados, à semelhança dos tectos, enriquecidos com pinturas e relevos. Nas paredes, multiplicam-se os quadros, entre eles, jóias napoleónicas e paisagens holandesas de finais do século XVII ou inícios do século XVIII. Coube a José Pedro Vieira e a Diogo Rosa Lã (a dupla que assinou também o Vidago Palace) projectar os interiores do hotel, conciliando peças centenárias com as comodidades exigidas a um membro da rede internacional Relais & Chatêaux. Foi preciso ainda abrir espaço para duas dezenas de quartos. Um deles ocupa a antiga biblioteca do solar, enquanto as duas grandes suítes estão num edifício anexo, a poucos passos da casa principal.

Já no exterior, uma varanda faz a ponte entre as salas do hotel e o extenso jardim. Aqui, sempre que a temperatura convida, tem-se o melhor dos dois mundos: o conforto dos cadeirões almofadados e do chá da tarde (ou de um vinho da região) e a vista privilegiada para o jardim, com a piscina exterior (aquecida) ao fundo. Aqui, a assinatura é a do paisagista espanhol Fernando Caruncho, o mesmo que traçou o projecto Santar Vila Jardim, que une seis jardins locais num único roteiro. A vinha serpenteia pelo terreno. Vista de cima – em particular do belvedere construído em madeira no extremo da propriedade –, é um círculo perfeito.

O agradável passeio a pé leva-nos até ao Memórias, território do chef Luís Almeida, onde os produtos locais são incontornáveis e os pratos seguem no encalço da gastronomia da região, ainda que com uma nova sofisticação. Destaque para a vitela com molho de queijo da Serra da Estrela. A mesma carne surge logo nas entradas, com um pastel de massa tenra, acompanhado por mostarda antiga a dar sabor. O queijo, por sua vez, acompanha praticamente toda a refeição – chega à sobremesa na forma de pudim, amenizado com notas cítricas.

Uma visita ao Valverde Santar tem de passar obrigatoriamente pelo spa, onde a piscina interior e o circuito de águas são o principal cartão de visita. Mas não gaste todo o tempo que lhe resta a pôr-se de molho – no piso de cima, tem à disposição um rol de massagens e tratamentos com a assinatura da austríaca Vinoble Cosmetics. Os produtos são vegan e formulados com base nos princípios da vinoterapia. É que, caso não se lembre, estamos no Dão e aqui o vinho está habituado a ser o centro das atenções, no copo e fora dele. 

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Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
  • Hotéis

Dentro de um único hotel, uma viagem entre épocas. A entrada faz-se por um pequeno e charmoso chalet, posicionado no topo da falésia, rodeado de jardins e com mais de oito décadas de histórias para contar. É uma casa senhorial datada de 1938, abrigo de turistas de elite que aqui chegavam para tirar partido do clima ameno e das águas mais quentes. Mas o ex-líbris do Pestana Vila Lido, inaugurado em Agosto de 2023, está um pouco mais perto do mar – debruçado, praticamente. Falamos de um edifício herdado dos anos 90, emblemático pela sua face curva voltada para o Atlântico e pela cor verde-menta que o faz destacar-se na paisagem. No interior, há 112 quartos com varanda, onde a decoração segue uma paleta neutra, e um restaurante, o Flor de Mar, responsável por servir pequenos-almoços, almoços e jantares. No piso térreo, a piscina completa o postal – uma promessa de banhos de sol e mergulhos no mar (outra das possibilidades deste terraço marítimo) e com o centro do Funchal a escassos 20 minutos. 

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Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
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  • Hotéis
  • Vila Nova de Gaia

Nada como uma boa lição de História logo no check-in. E história é o que não falta ao The Rebello, de portas abertas desde Junho de 2023, com o Douro (e um pequeno estaleiro naval) mesmo à porta. Fiel à paisagem ribeirinha de Gaia, o complexo de quatro edifícios integra o postal como se sempre ali tivesse estado – e de certa forma sempre ali esteve. Se uma parte deste quarteirão foi em tempos uma sucessão de armazéns de vinho do Porto, à semelhança da maioria das grandes construções no velho cais, na outra laborou uma fábrica de tachos e panelas, fonte de inspiração que ditou o projecto de interiores do restaurante. Mas já lá iremos.

Estamos perante um estilo “industrial chique”, nas palavras da espanhola Daniela Franceschini, que assina o projecto de interiores. Logo a começar no lobby, a fundadora do Quiet Studios fundiu um conforto quase caseiro com a sofisticação esperada de um cinco estrelas. Numa atmosfera enriquecida por texturas e arte, são poucos os sobressaltos de cor. Das prateleiras em madeira assinadas por Tomaz Viana às tapeçarias de Edurne Camacho, o espaço faz-se de técnicas artesanais. Há mais: uma lâmpada especialmente desenhada pelo espanhol Casa Josephine Studio, as peças de Joana Passos, ceramista sediada em Lisboa, e os arranjos florais de Menez, identidade criativa da portuense Beatriz Faria Ribeiro.

O spa, a poucos passos da recepção, é outra das jóias da coroa da empreitada da Bomporto Hotels, que abre assim a primeira unidade no Porto, depois de dois hotéis em Lisboa – The Lumiares Hotel & Spa e The Vintage. Tingidas de tons ocre, as paredes abrem-se com sucessivos arcos, um verdadeiro escape em plena cidade. A piscina aquecida e as espreguiçadeiras em madeira saltam à vista. Nos gabinetes, respiram-se fragrâncias naturais como o pinheiro, o zimbro, a canela, a alfazema ou o cardamomo, todas elas ingredientes utilizados na formulação dos produtos do spa, desenvolvidos em conjunto com a portuguesa EssenciAroma. Quantos aos tratamentos, de rosto ou corpo, sofrem fortes inspirações das medicinas tradicionais chinesa, japonesa e indiana. Na dúvida sobre qual escolher, entregue-se ao Ritual The Rebello, uma experiência que inclui esfoliação corporal, massagem relaxante e tratamento de rosto – custa 150€ e tem uma duração de duas horas.

O projecto do Metro Urbe, estúdio de João Pedras e Hélder da Silva Cordeiro, tratou de unificar sete edifícios industriais do século XIX numa única edificação capaz de satisfazer diferentes necessidades – das varandas debruçadas sobre o rio aos terraços interiores pensados para alhear qualquer um da azáfama citadina que o rodeia. Dentro de portas, não é diferente. O The Rebello tem 103 quartos divididos em 11 tipologias, todos eles com uma pequena cozinha e os utensílios necessários para a confecção de refeições ligeiras. Os mais pequenos são estúdios de 37 metros quadrados, mas as acomodações à beira-rio podem chegar aos 137 metros quadrados, no caso dos apartamentos com três quartos, verdadeiras casas de família (mas com room service). Pelo meio, há pequenas pistas que não deixam dúvidas – estamos mesmo num hotel português. Falamos dos produtos Claus Porto na casa de banho, das peças da Grau Cerâmica nas paredes e das mantas da Burel Factory aos pés da cama.

E como, em tratando-se de um cinco estrelas (o segundo membro da Small Luxury Hotels no Porto), um conforto nunca vem só, há também onde aconchegar o estômago, a começar pelo restaurante no piso térreo, o Pot&Pan, nome inspirado na antiga fábrica de utensílios de cozinha. Mas para desvendar o segredo mais bem guardado do The Rebello é preciso subir até ao quarto andar. Instalado num terraço com uma vista arrebatadora sobre o Douro, a Ponte D. Luís e a Ribeira do Porto, o Bello é paragem obrigatória em qualquer fim de tarde soalheiro. Aberto até à meia-noite, serve pizzas certificadas pela Associazione Verace Pizza Napoletana e sugere-lhe duas mãos cheias de cocktails de assinatura (sem contar com os clássicos) – ananás, rum, chocolate e leite de coco para quem gosta de uma bebida mais doce, e vodka, folha de lima kaffir e licor Green Chartreuse para os que apreciam a acidez (11€).

Bar e restaurante estão abertos a não-hóspedes.

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Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
  • Hotéis

“Antigamente, pensávamos muito no luxo das coisas forradas a ouro. Para mim, hoje, o luxo é poder estar no campo, acordar com o barulho dos pássaros, ouvir o vento e a chuva, sentir as árvores e as bolotas a cair das azinheiras, comer bem, beber bem e ter alguém que está ali só para tratar de nós.” José Avillez não podia resumir de melhor forma o turismo que abriu em 2023 em Campinho, em Reguengos de Monsaraz. Nas suas palavras não há qualquer paternalismo ou displicência, até porque a Nossa Casa é uma escapadinha de luxo, mas daquelas que não se encontram facilmente. A casa aluga-se no seu todo, com tudo incluído – e por tudo entenda-se mesmo tudo, da equipa que assegura o serviço a todas as refeições.

“Não é um hotel como nós conhecemos, porque não se aluga quarto a quarto, é sempre alugado numa perspectiva de pensão completa, com pequeno-almoço, almoço e jantar, vinhos e outras bebidas incluídas”, começa por contextualizar o chef com mais estrelas Michelin em Portugal (duas no Belcanto, uma no Encanto e outra na Tasca, no Dubai), explicando que os menus são todos desenhados por si e sempre adaptados ao grupo. “Depende muito do número de noites que as pessoas ficam, mas como temos vários ambientes, pode ser sempre tudo diferente. Depende muito também se é no Verão, com almoço na piscina, ou se é no Inverno, num almoço dentro de casa. Se é à noite é um jantar, com DJ a seguir, ou se se quer fazer um evento mais fine dining – também organizamos um menu de degustação, tentando usar essencialmente produtos da região, sazonais, com sabores muito alentejanos”, continua, enumerando apenas algumas das possibilidades. 

Em cima do Alqueva, com vista para o grande lago, não existe nada à volta. A privacidade é absoluta. A casa é nossa porque é de José Avillez e da família e de quem mais dela se quiser apropriar. E têm sido muitos. “Eu e a Sofia, minha mulher, gostamos muito do Alentejo interior, que é menos explorado e por isso com menos gente. Ser em cima do Alqueva só acrescentava valor porque permite também pescar, fazer desportos náuticos, passeios de barco [há um na propriedade]. É um projecto para ser mesmo muito especial e que queremos partilhar”, diz o chef. “É também um projecto para eu usufruir em família e com amigos, mas como também tenho estado tão ocupado, temos ido muito menos do que achávamos que iríamos. É uma casa grande demais para irmos só em família. Acabamos por partilhar desta maneira com clientes.”

No total, são 11 as suítes, todas elas com varanda, terraço ou alpendre. Há uma garrafeira, um bar, uma sala de espectáculos e cinema, e várias zonas de estar e convívio no exterior, além de duas piscinas, uma delas aquecida e com hidromassagem, sauna e banho turco, um ginásio e um campo de padel. “Organizamos provas de vinho, aulas de yoga, podemos fazer também, com parceiros, passeios a cavalo, aulas de cerâmica, passeios de balão, caiaques. Tudo é possível”, garante, destacando o serviço permanente, sem o qual não seria possível assegurar a qualidade que idealizou. “É um serviço muito personalizado e esse, de facto, tem sido o nosso grande trabalho, o nosso grande esforço. Temos 12 pessoas que trabalham na propriedade e o que tentamos sempre é um serviço muito presente, mas sempre sem se impor. É um presente quase sem estar.”

Tudo para que, independentemente do número de noites, esta não seja só mais uma estadia. “Eu acho que a pandemia fez nascer um turismo mais exclusivo e mais isolado. Por um lado, queremos estar só com um grupo de amigos ou família, ou o conjunto dos dois, mas não a partilhar um hotel com outras pessoas que não se conhecem, e por outro, fora das grandes cidades, num registo mais isolado e com mais descanso”, acrescenta Avillez, contando que o feedback tem sido muito positivo. “As pessoas dizem que é como se estivessem em casa, mas com o serviço de um hotel de cinco estrelas.” 

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Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
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  • Hotéis

As famosas planícies alentejanas ainda estão longe, mas é aqui mesmo que começa o Alentejo. A menos de 20 minutos da praia, abriu o primeiro hotel não-urbano do Grupo Independente, uma ode à simplicidade e ao cultivo do bem-estar da mente e do corpo na Comporta. 

Rodeada de vegetação, a propriedade tem 34 villas, que vão desde estúdios a casas com cinco quartos, e 40 quartos de hotel. Quando entramos, as casinhas brancas lembram a paisagem das aldeias da região. Os espaços comuns, bem como os quartos, transmitem leveza. Predominam os tons terra, que contrastam com o mobiliário em madeira escura. A tradição portuguesa aqui e ali: nas paredes, as arandelas de cerâmica de Melides iluminam as salas, e os tapetes suspensos apresentam padrões únicos, feitos por tecelões alentejanos; no chão, os pavimentos também são artesanais da região. 

No restaurante o Maroto reinam sabores típicos alentejanos. Os ingredientes da terra e do mar fundem-se para dar lugar a pratos em que os produtos, cozinhados de forma simples, prometem ser a estrela. Duarte d’Eça Leal, um dos fundadores do Grupo Independente, realça o “conceito de partilha” à mesa. Nos dias quentes de Verão, para quando for difícil sair da beira da piscina a fazer lembrar as praias da Costa Alentejana, o Bóia apresenta uma carta que inclui pizzas, saladas, sumos e cocktails.  

No Aura Spa, o arroz, o sal e a areia, naturais da região costeira alentejana, são os ingredientes principais dos tratamentos faciais e corporais, bem como das massagens de assinatura. Os tratamentos terapêuticos incluem a cura através do som, shiatsu e massagens ayurvédicas sindhu. No salão da propriedade, o Aura Spa realiza aulas de yoga e de pilates. E para quem não dispensa a actividade física, mesmo nas férias, há personal trainers, uma pista de jogging e equipamentos ao ar livre.

Para Duarte d’Eça Leal, o Independente Comporta é um “hotel muito family-friendly”, onde as pessoas são convidadas a reconectar-se com a natureza e a aproveitar o que de melhor a terra alentejana tem para dar.     

+ O paraíso aqui tão perto: 35 coisas para fazer na Comporta

  • Hotéis

Casa Az-Zagal. Sobre o nome: trata-se de uma homenagem aos Zagalo, família antiga com muitos hectares na região. Já o prefixo Az refere-se à pessoa que cuida da propriedade. Ora este edifício com raízes no século XV terá sido um armazém onde se guardavam alfaias agrícolas usadas na quinta do Zagalo. Memórias mais recentes contam que estamos diante de uma casa senhorial construída em 1924. Os frescos que decoram todo o edifício, assim como os azulejos de época, revelam a preocupação de preservar o património. 

Na recepção não deixe de admirar uma inusitada lareira com fogão, forno a lenha e fogo de chão. Está em desuso, mas em contrapartida está cheia de lembranças que se podem levar para casa: desde taleigos ao vinho, mel e azeite da região. Na casa Az-Zagal o pessoal é todo autóctone, com excepção de Célia Delgado, uma espécie de druida da comida – que se mudou recentemente para o Alto Alentejo –, cuja mão está nos cogumelos à Bulhão Pato, no bacalhau com broa, nas sopas de cação ou numa tosta de cabeça de xara com cebola caramelizada. Situado nas antigas cavalariças da casa, o restaurante serve jantares, mediante marcação. Na carta são os sabores regionais os protagonistas. Das sopas de tomate ao leite creme de poejo. Ao longo do dia conte ainda com um manancial de petiscos, como a tábua de enchidos D. Otávia, a tosta alentejana com presunto de porco preto, ou a fresquíssima tosta de abacate. Tudo regado com vinho da vizinha Herdade do Mouchão. 

Aqui, a arte de bem receber não é defeito, é feitio, e mostra-se no sorriso de Adriana Carmo, no olhar de Matilde Chora ou nas histórias da terra de Luísa Pifano. Também únicos, os 13 quartos obedecem a diferentes tipologias: os clássicos (dois), as mansardas (três) – ideais para olhar as estrelas –, os premium (quatro), as suítes Premium (três) e a suíte Royal. Esta última, a mais apetecida. Com uma pequena varanda com vista para o pátio e respectiva piscina, diz o ar sofisticado que ali seria o refúgio do proprietário. Os frescos do tecto foram fielmente recuperados por uma artista local e guiam-nos por uma viagem no tempo. “A decoração residente já cá estava”, explica Gilberto Alves, director-geral da unidade, que nos acompanha na vistoria aos quartos. Todos diferentes, cada quarto é um pequeno mundo. Por exemplo, o número dois é um dos mais pequenos, mas tem um pátio com saída directa para a piscina. Já o número 15 ocupa a antiga cozinha da casa, mantendo as pias originais e a lareira onde antigamente se cozinhava. Com requintes mais femininos, a suíte Premium 16 apresenta cor de salmão, linhas sóbrias e paredes com apontamentos floridos. 

Com todos estes predicados, o hotel convida a um reencontro com a memória. Basta olhar a escadaria de madeira exótica e o tecto pintado de céu que a contempla para o hóspede fazer a travagem que há tanto tempo a alma pede. Para dias mais quentes, o jardim – também de arquitecto – tem uma piscina de água salgada e uma esplanada que ali fará as vezes do chaparro alentejano onde será bem-vinda uma cerveja estupidamente gelada a acompanhar uma tábua de queijos. Em dias claros pode até ser o cenário para o pequeno-almoço. Sumo de laranja dos quintais da aldeia acompanha ovos de galinhas felizes, doce de abóbora, marmelada caseira. A rematar, o bolo de laranja e cenoura da Célia que chega à mesa a fumegar. Maria João Veloso   

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  • Hotéis
  • Grande Lisboa

Vagar. Substantivo masculino – falta de pressa, tempo desocupado, momento propício.  Vagar. Verbo intransitivo – ficar vago, estar vago, estar livre e sem ter que fazer, sobrar (falando-se de tempo), ocupar-se, dedicar-se. Vagar. Mote do Évora_27 – modo cultural de ser e de estar alentejano. 

Quer venha no dicionário, quer seja a inspiração de Évora para a Capital Europeia da Cultura de 2027, “vagar” é a palavra para quem se instala no novo Lilases Boutique House & Garden, em Mora – e tanto vale para quem quer ficar, como para ser ponto de partida para explorar o Alentejo. Abriu no Verão de 2023, numa casa senhorial de 1898 recuperada, com 16 quartos distribuídos por três pisos, onde nunca falta luz e a decoração minimalista casa bem com os frescos no tecto e nas paredes, os lustres e candelabros clássicos, o chão de mosaico hidráulico ou as portadas de madeira, à antiga. 

“Aqui, o tempo é outro, os horários fixos não existem, e são os hóspedes que definem o seu próprio dia, sem obrigações de pequeno-almoço até às 10.00, por exemplo”, diz Rui de Sousa, responsável pelo projecto, em comunicado. Há uma piscina para os dias quentes e actividades como yoga, meditação, workshops de olaria e cozinha, sessões de garimpo e observação de aves, de dia, ou de estrelas, à noite. À mesa, serve-se também vagar: em forma de petiscos bem alentejanos e sempre com produtos locais e tradicionais.

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Vera Moura
Directora Editorial, Time Out Portugal
  • Hotéis
  • Mafra/Ericeira

Quem diria que ainda havíamos de perder a conta às estrelas da Ericeira? De singela vila piscatória a ponto de encontro de veraneantes (mesmo em pleno Inverno), a pérola do Oeste tornou-se um destino de eleição para os aficionados do surf e todos os que procuram estabelecer elos com a natureza. E sim, ganhou o seu primeiro hotel de cinco estrelas em 2022 – um projecto que combina conforto e design e que dá pelo nome de Immerso.

Com vista para a Praia de São Lourenço, um bónus independentemente da altura do ano, é um apelo ao slow living e ao relaxamento. Não é por acaso que está muitíssimo bem apetrechado com spa, sauna, banho turco, banho sensorial e três salas de massagem. Um pouco por todo o hotel, que tem 37 quartos e com preços a partir de 195€ por noite, encontramos peças de autor portuguesas, todas elas a meio caminho entre a arte e o design. Sugo Cork Rugs, Palmas Douradas e Iva Viana são nomes que saltam à vista.

O estômago não é deixado ao acaso. Com consultoria de Alexandre Silva, o Emme e o Emme Fogo dividem protagonismo. Dedicados à cozinha atlântica, contam com uma horta biológica de apoio. O segundo, como o próprio nome indica, tira maior partido do lume, enquanto o primeiro marca a diferença pela sofisticação do ambiente. O Immerso até tem a sua própria cerveja artesanal, feita em parceria com a Vadia e com a leveza que se impõe à beira-mar.

No mesmo ano, a Ericeira deu as boas-vindas ao Aethos, a primeira unidade em Portugal de um grupo que tem no Sul da Europa o seu destino favorito. A fórmula segue praticamente inalterada – o luxo da simplicidade e da pureza das formas em contraste com uma paisagem natural que convida ao alienamento. Os preços por noite começam nos 190€. Onda, o restaurante de serviço, funciona com o compromisso de tirar partido da proximidade do mar, em particular do que a Costa de Prata tem para dar.

O spa é outro dos segredos deste quatro estrelas superior. Um oásis que privilegia os rituais de hammam e nas experiências em torno dos chuveiros, das suas intensidades e temperaturas. Não se esqueça do movimento – este hotel tem uma agenda concorrida composta por sessões de yoga, pilates, meditação e movement. Logo a seguir na lista, vem o surf, claro. Das aulas para principiantes ao equipamento, este é o sítio para se fazer às ondas.

+ Hotéis na Ericeira para dormir com o mar à vista

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Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa

Mais escapadinhas

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Férias grandes, escapadinhas para aproveitar feriados ou um fim-de-semana prolongado. Qualquer uma destas hipóteses é uma boa desculpa para fazer as malas e partir à descoberta do Gerês, um dos paraísos no Norte de Portugal, que lhe garante uma limpeza à alma. O que há por lá? Além de paisagens naturais, conte com termas para relaxar e muitos desportos radicais. A equipa da Time Out explorou aldeias e serras, provou a gastronomia local e preencheu este artigo com boas histórias. No fim ficámos com muita vontade de voltar. Siga-nos o rasto, aqui tem37 razões para visitar o Gerês. 

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Seis escapadinhas para o interior do país
Seis escapadinhas para o interior do país

Portalegre, Travancinha, Elvas, Vouzela, Viseu e Sabugueiro são os destinos que lhe sugerimos para sair da rotina e da azáfama da cidade. Por aqui encontra de tudo um pouco, desde lagos nos quais apetece chapinhar, árvores centenárias, trilhos pedestres para percorrer e a sensação de que tudo é maior do que nós. Se está farto de praia e quer umas férias diferentes ou, então, um fim-de-semana especial, aqui tem seis escapadinhas para o interior do país, que o vão deixar revitalizado e maravilhado. Faça as malas e parta à descoberta.

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Adoramos a nossa cidade do fundo do coração mas, às vezes, quando a rotina começa a incomodar, sabe mesmo bem mudar de ares, apenas para recuperar energias e voltar pronto a vivê-la novamente como merece. Com isto em mente, seleccionámos 14 hotéis a uma hora e meia do Porto. Braga, Aveiro, Viseu, Coimbra e Guimarães são alguns dos nossos destinos, onde a palavra de ordem é descansar. Em quartos com vista para o Douro, em casas nas árvores ou em tendas de luxo, a escolha é sua. Uma vez feita, faça-se à estrada.

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  • Viagens

Esposende fica a menos de 40 minutos do Porto e é o destino perfeito para um fim-de-semana prolongado (ou mesmo para umas férias à séria). Tem mar e rio, natureza e arquitectura, artesanato, gastronomia e muito mais. Fizemo-nos à estrada e percorremos de lés a lés as nove freguesias do concelho, para lhe poder trazer esta lista com 27 coisas para fazer em Esposende. Se estiver bom tempo e quiser prolongar o passeio, aproveite também para explorar as melhores praias e cascatas do Minho. 

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  • Coisas para fazer
  • Caminhadas e passeios

Que o Douro é a região mais bonita do mundo já toda a gente sabe. Pode é não saber o que fazer quando lá estiver, ofuscado por tanta beleza natural. A pensar nisto, dizemos-lhe quais são as melhores coisas para fazer no Douro que lhe vão ocupar bem o tempo, encher bem o estômago e deixá-lo bem relaxado num hotel com uma bela vista sobre a paisagem. Está curioso? Enquanto vá abrindo a lista, que nós desvendemos um pouco: conte com passeios de barco, visitas a monumentos imponentes e viagens pela linha do Douro.

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  • Coisas para fazer

Amarante tem música, cinema, poesia e actividades para os mais novos. Mas não só. Se é guloso, aqui vai encontrar várias confeitarias, cheias de doces conventuais típicos da região, como a clássica ferramenta de São Gonçalo. Comida também não vai faltar. Há de tudo um pouco, desde tascas que servem enchidos, queijos e vinhos da região, até um requintado restaurante com estrela Michelin. Além de tudo isto, há ainda muito para visitar, como o Museu Amadeo de Souza-Cardoso e a Igreja de São Gonçalo. Para que não se perca entre tanta coisa boa, aqui tem um roteiro de Amarante com tudo o que pode fazer num dia. 

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