As melhores séries de 2022
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As 22 melhores séries de 2022

A televisão é hoje um vasto universo impossível de conhecer na totalidade. Mas não deixamos de tentar. Estas são as melhores séries que vimos em 2022.

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Nem tudo o que reluz é ouro. Mas em televisão o inverso também é verdadeiro: nem tudo o que é ouro reluz. É preciso montar o equipamento e avaliar minuciosamente tudo o que anda nas bocas do mundo, e ainda peneirar o resto. Por vezes encontram-se preciosidades no meio da torrente e de muito entulho. Mesmo assim, dada a proficuidade da produção para o pequeno ecrã é virtualmente impossível estar a par de tudo o que chega ao streaming, ao cabo e à televisão em sinal aberto. É inevitável que os balanços de final de ano pequem por omissão. Por outro lado, o lote do que ficou por ver também seja fruto de uma escolha: preferiu-se investir o tempo de ecrã noutras coisas. Feito o preâmbulo, vamos ao que interessa. Estas são as melhores séries que vimos em 2022.

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As melhores séries de 2022

22. Arquivo 81

Netflix

Um especialista no restauro de vídeos é contratado por um milionário para recuperar uma colecção de cassetes VHS, feitas nos anos 80 por uma documentarista. Esta desapareceu, após um incêndio ter destruído o edifício no qual dizia existir um culto que fazia sacrifícios humanos e ia trazer para a nossa dimensão uma ancestral entidade maligna. A abundante found footage, nos seus suportes de celulóide, vídeo e áudio, é fundamental para o desenvolvimento e o entendimento de Arquivo 81, e para o cruzamento de tempos e de dimensões em que assenta o enredo desta série de gostosa vibração lovecraftiana.

21. Tulsa King

SkyShowtime

Há um certo preconceito latente quanto ao talento de Sylvester Stallone. Apesar de já ter sido nomeado para dois Óscares, um dos galardões que vão validando certas habilidades artísticas, estará sempre associado a músculos e brutalidade. Duas qualidades (ou defeitos) que, sim, estão presentes nesta série, em que o actor de 75 anos se estreia em televisão – e cheio de saúde. Mas em Tulsa King prova, mais uma vez, que tem outras valências: a capacidade dramática e o sentido de humor. O enredo da série de Taylor Sheridan (Yellowstone) acompanha Dwight Manfredi (Stallone), um capo da máfia nova-iorquina que passou 25 anos na prisão sem nunca denunciar o chefe. Quando sai, é desterrado para o Oklahoma. A primeira temporada termina apenas em Janeiro. Mas já é possível dizer que esta é uma das surpresas do ano, com um argumento despretensioso que nos faz seguir compulsivamente para o próximo episódio, apesar de não podermos despachar tudo de uma vez só, já que cai um episódio a cada semana.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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20. Station Eleven

HBO Max

Os órfãos de The Leftovers reencontraram-se neste porto de abrigo ficcional, uma série que apesar de ter estreado em 2021 nos EUA só chegou a Portugal este ano (teve de esperar pela HBO Max). Em boa hora. No entanto, a sensação que fica é que, fruto ou não desse atraso, Station Eleven não teve o seu momento por cá. Uma profunda injustiça para esta história sobre a necessidade de continuar mesmo quando somos atingidos pela mais trágica e inexplicada das tragédias – no caso, um vírus que provoca uma pandemia apocalíptica. Pode não parecer à partida, mas é uma proposta ficcional muito devedora de Shakespeare, e um pequeno tratado sobre a tirania aplicada em nome do bem. 

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal

19. Esterno Notte

Filmin

Após o filme Bom Dia, Noite (2003), Marco Bellochio volta com esta série ao Caso Aldo Moro, o presidente da Democracia Cristã italiana raptado e executado pelas Brigadas Vermelhas em 1978. O final alternativo ao real da fita é aqui mantido, mas agora Bellochio centra-se não em Moro e seus captores, mas em cinco personagens exteriores, entre as quais o ministro da Administração Interna, Francesco Cossiga, grande amigo de Moro, o Papa Paulo VI e a mulher do raptado, Eleonora. Exterior Noite é cerrado, sombrio e absorvente, entre o político e o thriller, o drama pessoal e o transe de toda uma nação.

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18. Only Murders in the Building (T2)

Disney+

Um actor esquecido, um encenador da Broadway endividado e uma jovem aparentemente desocupada. Todos a morar num edifício de gente abastada. Em comum, partilham uma paixão por podcasts sobre crimes reais. Quando um assassinato acontece ali mesmo, o mistério acaba por uni-los e leva-os a criar o próprio podcast, enquanto tentam resolver o crime. Assim foi no início, em 2021, mas o mistério adensou-se nesta segunda temporada, com um novo crime no mesmo edifício, contra todas as probabilidades. Ou talvez não. Homicídios ao Domicílio é uma série de conforto que volta a reunir Steve Martin e Martin Short, dois dos maiores de sempre da comédia norte-americana e uma parelha com história no cinema e no stand-up. É sempre uma delícia. Aos dois, junta-se Selena Gomez, o lado menos pateta do trio, o que confere um certo equilíbrio ao grupo, numa produção que conta ainda com o talento de Nathan Lane e Tina Fey.

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Renata Lima Lobo
Jornalista

17. Winning Time: The Rise of the Lakers Dynasty

HBO Max

Adam McKay é o homem que nos deu Succession, série que produz e cujo piloto realizou. Com Winning Time, repetiu a fórmula. E resultou. A série tem a ambição de mostrar como se construiu a equipa que redefiniu a NBA nos anos 1980, os Lakers de Magic Johnson (Quincy Isaiah), o rookie sorridente e atrevido; de Kareem Abdul-Jabbar (Solomon Hughes), o veterano renitente; e de Pat Riley (Adrien Brody), o treinador que sequer era opção. Dentro e fora de campo (com inevitável liberdade criativa), onde o novo dono do clube, o fanfarrão Jerry Buss (John C. Reilly), tentava disfarçar a inexperiência com ambição. Tudo a uma velocidade frenética, tal e qual o animado estilo de jogo da equipa, o “showtime”. A fotografia, recriada da época, deveria ser motivo suficiente para convencer mesmo quem não aprecia basquetebol.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
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16. Reacher

Amazon Prime Video

Jack Reacher, o herói solitário e espartano criado por Lee Child, não podia ter encontrado melhor actor para o interpretar do que Alan Ritchson. Ele é o Jack Reacher perfeito: uma montanha ambulante com uma musculatura de super-herói, um homem lacónico e nada dado a exuberâncias de afabilidade, dono de uma confiança que tanto pode transmitir tranquilidade como ameaça, e que aos poderes de dedução dignos de Sherlock Holmes junta o treino de ex-militar de elite condecorado. Reacher é do melhor que podemos ver por aí no seu género: o policial de acção quebra-ossos e esmaga-crânios de topo de gama.

15. The White Lotus (T2)

HBO Max

Taormina é um dos primeiros destinos seguros para pessoas LGBT+, que no século XIX começaram a visitar esta comuna siciliana para umas férias livres do jugo que as violentavam nos países do Norte. Algumas mudaram-se para lá, seduzidas pelo don’t ask don’t tell da altura, pelo sol e pela abundância cultural. Que Mike White tenha escolhido este santuário para o dessacralizar – numa temporada em que a personagem da inexcedível Jennifer Coolidge (a única a transitar do elenco original) é endrominada por uma trupe de gays para o que tem todo o ar de ser uma declinação do jantar de idiotas – merece-lhe desde logo uma vénia. Mas o criador e argumentista decidiu ir mais longe nesta sátira sobre o ridículo a que os ricos se submetem, e presenteou-nos com um brilhante e infindável Mexican standoff entre dois casais de amigos, sempre confrangedor e sempre um íman, só ultrapassado em magnetismo por Simona Tabasco.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
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14. Ozark (T4)

Netflix

A quarta e última temporada da série foi dividida em duas partes, o que não é comum na Netflix. É um formato de estreia reservado a produções de maior visibilidade, como Stranger Things ou La Casa de Papel, para aumentar o lastro junto dos espectadores, logo, das subscrições do serviço (o binge tem limitações…). É um facto digno de nota, porque apesar de esta leva de episódios não estar ao entusiasmante nível da anterior (que, além do mais, foi um ombro amigo no início da pandemia) é o reconhecimento da própria empresa de que estamos perante uns dos seus melhores “originais”. E bem. A saga dos Byrde como gestores financeiros para um sanguinolento cartel mexicano, com os seus dramas familiares paralelos, merece todo o nosso apreço, em particular por dar espaço às mulheres – Laura Linney, Julia Garner, Lisa Emery – para brilharem no mundo marginal dos homens.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal

13. Man Vs Bee

Netflix

Rowan Atkinson (também autor da série, com William Davies) interpreta Trevor Bingley, um homem divorciado, falhado e trapalhão, que é contratado para tomar conta da casa moderna, luxuosa e high tech de um jovem e rico casal, situada no campo, quando este vai de férias de Verão. Uma abelha entra então na casa e Bingley tenta matá-la ou expulsá-la por todos os meios. O confronto entre homem e insecto acaba por tomar proporções de batalha épica, semeando a destruição por todo o edifício. Man Vs Bee comunga, de forma brilhantemente desopilante, do cinema de comédia slapstick do tempo do mudo.

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12. Cobra Kai (T5)

Netflix

Não é só mais uma série a puxar pelo poder da nostalgia. O regresso de Ralph Macchio e William Zabka aos papéis dos arqui-inimigos Daniel LaRusso e Johnny Lawrence, mais de 30 anos após Momento da Verdade, foi acompanhado por um argumento que convenceu os próprios fãs. Há pancadaria q.b. a cada episódio, sem derramar muito sangue (afinal, também se pisca o olho a um público mais jovem), mas esta é uma produção que diverte, muito graças a Lawrence, o vilão original que aqui encontrou a redenção e teve a oportunidade de contar a sua versão dos acontecimentos. Zabka é o verdadeiro espírito de Cobra Kai, e não tanto Macchio, o herói dos filmes. A cada temporada vão aparecendo personagens dos filmes de 1984, 1986 e 1989 e nesta quinta volta pudemos rever Mike Barnes (Sean Kanan) e Jessica Andrews (Robyn Lively). E há quem peça um retorno de Hilary Swank, a última pupila de Mr. Miyagi.

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Renata Lima Lobo
Jornalista

11. Barry (T3)

HBO Max

Masterclass de escrita e interpretação, Barry é o corpo e a alma de Bill Hader. É dele que emana esta comédia negra sobre um assassino a soldo que decide abandonar a vida do crime para ser actor, mas é constantemente forçado a revelar o seu verdadeiro – digamos – talento. Hader escreve, realiza e protagoniza, partilhando os créditos de criação com Alec Berg (Seinfeld, Tem Calma, Larry). E valeram a pena os três anos de espera para esta terceira temporada, que veio no ponto, com Sarah Goldberg (no papel de Sally Reed, a namorada do protagonista) e Anthony Carrigan (como o narcotraficante Noho Hank) melhores do que nunca. E a cena da perseguição de mota? Acção comme il faut.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
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10. Stranger Things

Netflix

Stranger Things virou a Netflix ao contrário quando se estreou em 2016. A série é uma verdadeira homenagem à cultura pop dos anos 80 e a filmes como ET – O Extraterrestre, Pesadelo em Elm Street ou Conta Comigo. Em cima disso, devolveu Winona Ryder às luzes da ribalta. Em 2022, assistimos à quarta temporada, em dois volumes e mais longa do que as anteriores, naquela que foi uma épica antecâmara da quinta e última temporada que tem estreia marcada para 2024. E teve dois momentos musicais que se tornaram virais não só graças à banda sonora, mas a toda a incorporação na história e a efeitos visuais que envolveram os temas “Running Up That Hill”, de Kate Bush, e “Master of Puppets”, dos Metallica. Stranger Things ainda não terminou, mas é já uma série de culto. A única coisa que custa é a interminável espera de cada temporada, já que os episódios devoram-se em maratonas de uma só noite.

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Renata Lima Lobo
Jornalista

9. Black Bird

Apple TV+

Mesmo quem estiver farto de títulos de true crime ou ficção sobre assassinos em série, não pode perder Black Bird, assinada pelo argumentista e escritor Dennis Lehane (Mystic River). Jimmy Keane (Taron Egerton), um jovem traficante de droga, apanha 10 anos de cadeia, mas pode ficar livre se conseguir uma confissão de Larry Hauser (Paul Walter Hauser), um alegado serial killer. Ao mesmo tempo, tem que se manter vivo na cadeia. Fabulosamente escrita e com interpretações formidáveis de Egerton e Hauser, Black Bird foi o último trabalho de Ray Liotta, que faz o atormentado pai ex-polícia daquele.

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8. Julia

HBO Max

Esta série deliciosamente “à antiga” faz-nos perceber a determinação e o mérito que Julia Child teve ao mudar, nos anos 60, os hábitos culinários dos americanos, apresentar-lhes a rica e sofisticada cozinha francesa, ser a pioneira dos programas deste género na televisão e mostrar que as mulheres também se podiam realizar e ser criativas na cozinha, num tempo em que lhe era difícil serem ouvidas e levadas a sério. E o maior elogio que podemos fazer à colorida interpretação de Sarah Lancashire como Julia Child, é que faz esquecer a de Meryl Streep no filme Julie & Julia, de Nora Ephron. É obra.

7. Yellowjackets

HBO Max

Dos criadores de Narcos (Ashley Lyle e Bart Nickerson), esta série estreou-se em Novembro de 2021 nos EUA, mas só chegou a Portugal a 15 de Fevereiro de 2022, ficando por isso elegível para esta lista. No entanto, já houve uma cerimónia de Emmys com oito nomeações para Yellowjackets, uma história ao estilo de O Deus das Moscas. Nesta narrativa de sobrevivência, o avião em que segue uma equipa de jogadoras de futebol adolescentes despenha-se numa floresta remota, obrigando o grupo a enfrentar uma miríade de desafios que transborda para a idade adulta das personagens. A acção está envolta em mistério, avançando e recuando num espaço temporal de 25 anos. O “futuro” conta com interpretações de Juliette Lewis, Melanie Lynskey e Christina Ricci, geração de actrizes que, de resto, teve um excelente ano de trabalho.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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6. House of The Dragon

HBO Max

Após o sucesso de A Guerra dos Tronos (2011-2019), a obra de George R.R. Martin regressou com esta prequela baseada em Sangue e Fogo – A História dos Reis Targaryen. Esta primeira temporada, que arranca cerca de 170 anos antes da antecessora, custou mais de 19 milhões de euros por episódio. Ainda assim, teve momentos menos intensos do que A Guerra dos Tronos. Mas a comparação com aquela que, para muitos, foi a grande série da última década pode ser injusta. E se tivéssemos começado por aqui? Teríamos um grau de exigência tão elevado? Estaríamos à espera de reviravoltas inesperadas a cada episódio? Ou o consumo de cada um destes iria saber quem nem ginjas? O impacto junto do público, esse, continua a ser enorme: em Portugal, House of The Dragon foi o título mais visto do ano na HBO, superando os números da oitava e última temporada de A Guerra dos Tronos. Em 2024, quando esta fantasia medieval tiver continuação, é quase certo que volte ao topo da tabela. E nós vamos continuar a vê-la.

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Renata Lima Lobo
Jornalista

5. Severance

Apple TV+

Quem diria que 30 anos após a estreia de The Ben Stiller Show, o actor, argumentista e realizador continuaria envolvido em alguma da mais valorosa produção televisiva do seu tempo? Mais ainda se tal implicasse vê-lo longe da paródia e da caricatura, e capaz de tão excelentes resultados num drama de ficção científica como este. Em Severance, uma nova tecnologia que se implanta no cérebro permite a uma mesma pessoa viver duas vidas completamente separadas e incomunicáveis, a privada e a profissional. Parece boa ideia, mas a série criada por Dan Erickson e protagonizada por Adam Scott (Stiller dirige sete dos dez episódios) vai provar que não, deixando-nos presos por inteiro ao mistério que envolve as suas personagens, em particular as de John Turturro e Christopher Walken.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
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4. Tokyo Vice

HBO Max

Um jovem jornalista americano, Jake Edelstein (Ansel Elgort), vai trabalhar em Tóquio no maior jornal do Japão, e além de ter muita dificuldade em adaptar-se às rígidas práticas do título, é tratado com distância, e até alguma hostilidade. Edelstein toma a iniciativa de começar a investigar duas mortes suspeitas, que o irão conduzir aos Yakuza, os mafiosos japoneses, e encontra um aliado no inspector Katagiri (o grande Ken Watanabe). O choque de culturas entre japoneses e americanos é, em Tokyo Vice, também de culturas jornalísticas. Michael Mann produz e também realiza o primeiro episódio.

3. Wednesday

Netflix

Se Tim Burton podia ter realizado A Família Addams? Podia. A estética dos filmes que, nos anos 90, adaptaram as histórias do cartoonista Charles Addams não está muito afastada da sua obra. Mas o encontro entre o realizador e os Addams só aconteceu em 2022, nesta série que coloca os holofotes sobre a personagem da filha mais velha da família. Jenna Ortega destaca-se como Wednesday, interpretando inclusive uma das cenas mais badaladas do ano, uma dança ao som de “Goo Goo Muck”, dos The Cramps. Mas o elenco conta ainda com a sempre intensa Christina Ricci, aqui no papel da professora Marilyn Thornhill, depois de ela própria ter sido Wednesday nos filmes de Barry Sonnenfeld; com Gwendoline Christie como a directora Larissa Weems; e com Emma Myers, outra revelação, na pela da lobisomem Enid Sinclair. Com menos tempo de ecrã, Catherine Zeta-Jones (Morticia) e Luis Guzmán (Gomez) dão corpo aos pais Addams.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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2. The Bear

Disney+

Pouco importa se primeiro veio o ovo ou a galinha – no caso, se foi a chef Marcella Ghirelli a entusiasmar-se com The Bear, e por isso decidiu recriar a Italian beef sandwich da série, se foi a série a permitir-lhe ter clientela para dar a provar a Lisboa a famosa sandes de Chicago. Vai dar no mesmo. Uma produção televisiva com impacto num almoço de semana IRL, a mais de seis mil quilómetros do local de rodagem, é obra. O que nos leva a dizer que, mesmo que aquele sétimo episódio não tivesse sido reescrito para ser filmado num único take, tenso, irrespirável e inesquecível, mesmo assim esta história sobre um chef de fine dining (Jeremy Allen White) a tentar salvar a tasca do irmão morto, e a ser sabotado pela velha equipa, teria lugar cativo nesta lista. A segunda temporada é já para 2023.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal

1. The Last Movie Stars

HBO Max

Entre 1986 e 1991, Paul Newman gravou várias conversas com o argumentista e seu amigo Stewart Stern, e encarregou-o de entrevistar familiares, amigos e colegas, para depois escrever as suas memórias. Até que mudou de ideias e as cassetes foram destruídas, mas já tinham sido transcritas. Essas transcrições formam o miolo da série documental The Last Movie Stars, de Ethan Hawke, que lhes juntou imagens de arquivo e excertos de filmes de Newman e da sua mulher Joanne Woodward. Fundindo biografia, investigação, história do cinema, história de amor e celebração, é a melhor série documental do ano.

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