Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
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No dia 16 de Janeiro de 1969, Jan Palach, um estudante checo, imolou-se pelo fogo em Praga, em protesto contra a invasão da Checoslováquia pela URSS, seis meses antes, para acabar com a experiência liberalizadora do primeiro-ministro Alexandre Dubcek, a chamada “Primavera de Praga”. Com o seu sacrifício, Palach quis levantar os seus compatriotas contra o ocupante.
A minissérie Burning Bush (HBO) de Agnieszka Holland, rodada em 2013, abre com o trágico acto de Palach e segue para o processo posto pela mãe deste a um deputado comunista que se referiu insultuosamente ao filho em público. O caso foi aceite por uma advogada, Dagmar Buresóva, que pôs assim em risco a carreira e a sua segurança e da família.
Em três episódios dinâmicos, intensos e visualmente lúgubres, Holland filma a corajosa, penosa e infrutífera tentativa de um punhado de cidadãos de desafiar em tribunal um Estado totalitário. Parte thriller, parte drama jurídico com embrulho político, Burning Bush é tanto melhor porque a realizadora evita o maniqueísmo: um polícia destacado para o caso tem uma crise de consciência e foge com a família para a Áustria; o sócio de Buresóva rouba um precioso documento para safar a filha activista de ser expulsa da universidade. Televisão de primazia, ponto final.