Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★★☆☆
Há algo de saborosamente antiquado no detective particular Cormoran Strike, criado por J.K. Rowling sob o pseudónimo de Robert Galbraith, e na série com o seu nome, C.B. Strike (HBO). Claramente inspirado na tradição dos gumshoes, os investigadores privados dos policiais americanos, Strike é filho de uma estrela do rock que nunca lhe ligou nenhuma e de uma modelo que morreu de overdose; foi soldado, perdeu uma perna no Afeganistão e usa uma prótese; vive no seu acanhado escritório no Soho, prefere bater as ruas a recorrer à internet quando investiga, gosta de passar horas nos pubs a beber e refila por já não se poder fumar neles; anda com barba de vários dias e, tal como o interpreta o matulão Tom Burke, exibe uma decência desleixada, amolgada e fiável.
O contraste entre o detective e quem o auxilia é uma convenção do género, e a assessora de Strike é a bonita, eficiente e corajosa Robin Ellacott (Holliday Grainger), que tem um noivo bom rapaz embora insosso, e prefere trabalhar com o detective a ter um emprego confortável, bem pago e chato. Sem serem modelos de originalidade inventiva, os enredos de C.B. Strike são suficientemente competentes, e Cormoran e Robin as sólidas e muito humanas âncoras desta série muito old school. E não há mal nenhum nisso.
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