Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★☆☆☆
Em Portugal, a televisão, ao contrário de países como a Inglaterra, a França ou o Brasil, nunca teve uma tradição narrativa ou uma sensibilidade ficcional própria. É por isso que quase todas as séries que vão aparecendo são versões em geral menores, decalques toscos, cópias pobres ou adaptações anoréxicas de formatos internacionais. Surgindo aqui e ali, com raríssimas excepções, tentativas pálidas, frouxas, pouco inspiradas, de fazer algo aceitavelmente original e que seja também percebido como sendo distinta e genuinamente português (entre essas excepções contam-se, em tempos recentes, Sul, na RTP, e Esperança e Prisão Domiciliária, na OPTO – há ainda Sara, de Marco Martins, também na RTP, mas essa é uma excepção de nível estratosférico, um óvni de excelência).
Chegar a Casa (RTP, Qua 21.00/ RTP Play) não se contará entre essas excepções. Esta produção luso-galaica, tecnicamente limpa, é a enésima versão da história da mulher com família formada e vida feita que é enganada pelo marido (aqui, ela é portuguesa e ele galego), deixa-o e regressa à pensão dos pais em Arcos de Valdevez com os filhos a reboque e sem ter ideia do que vai fazer a seguir. É um daqueles casos de um bom elenco a boiar num enredo já visto, chocho e telegrafado por antecedência.