Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★★☆☆
O cinema explorou abundantemente a crise financeira de 2007/2008, abrangendo muitos pontos de vista, desde o topo do mercado (A Queda de Wall Street, de Adam McKay) até à base (99 Casas, de Ramin Bahrani), passando pelo olhar de insiders privilegiados (Comportem-se como Adultos, de Costa-Gavras). A série italiana Devils (HBO) chega tarde ao tema e tem pouco de muito novo ou fresco para apresentar. O enredo passa-se num banco ficcional sediado em Londres e o protagonista é o seu ambicioso director comercial, Massimo Ruggero (Alessandro Borghi).
Devils parece ir ser uma história de invejas, vinganças e luta pelo poder dentro de uma instituição financeira, mas o argumento dá um golpe de rins e a série torna-se num thriller de ressonâncias político-conspiratórias a nível mundial, envolvendo a Primavera Árabe e uma organização moldada sobre a Wikileaks. O realizador Nick Hurran abusa dos tiques visuais vistos e revistos nos filmes sobre esta crise (montagens rápidas de imagens de abundância, pobreza, líderes mundiais e indigentes, câmara lenta a despropósito, legendas explicativas sobre as imagens, etc.) e os solilóquios de Massimo são de um ridículo presunçoso, mas mesmo assim o investimento da nossa atenção em Devils dá juros. Modestos, mas aceitáveis.