Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★★☆☆
“Toda a gente gosta de um bom crime, na condição de não ser a vítima”, disse Alfred Hitchcock, e não se referia apenas àqueles crimes ficcionais que tão magistralmente filmava. Tal como o futebol, o crime garante vastas audiências na televisão e, tal como sucede com o futebol, há já canais dedicados 24 horas sobre 24 a todo o tipo de crimes, os chamados “true crime channels”. Quem estiver à procura de sensacionalismo e sangueira, mais vale ficar longe de Depois do Crime (RTP Play), a série documental da RTP sobre três crimes que abalaram Portugal (e um deles também o Brasil) entre os anos 80 e o início deste século: o do padre Frederico Cunha, o de Luís Militão, o “monstro de Fortaleza”, e o de Vítor Jorge, o “Mata-Sete”.
Rita Marrafa de Carvalho (na foto) revisita estes três casos, conseguindo mesmo falar com um dos principais envolvidos, o padre Frederico, sempre numa perspectiva serena e rigorosamente jornalística, sem pinga de exploração sensacionalista ou especulação gratuita, e tentando aduzir novos elementos, testemunhos e pontos de vista. Se os casos de Militão e Vítor Jorge estão fechados, permanecem ainda dúvidas no do padre Frederico. Por isso é pena que, aqui, Depois do Crime não se tenha atrevido a ir um pouco mais longe e investigado por conta própria.
