Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★★★☆
A história da tragédia dos opióides nos EUA e a sua ligação à família Sackler, dona da Purdue Pharma, produtora do analgésico viciante OxyContin, está contada na série Dopesick (Disney+). Quem quiser ver a verdade em carne viva, sem ficção pelo meio, tem o documentário Heroin(e) (Netflix), de Elaine McMillion Sheldon, rodado em Huntsville, na Virginia Ocidental, conhecida como “a capital da overdose dos EUA” pelo seu altíssimo índice de mortes por abuso de opióides, onde seguimos três mulheres. Jan Rader, comandante dos bombeiros locais e socorrista, que passa os dias a salvar pessoas de morrer de overdose; Necia Freeman, uma cidadã que à noite distribui comida a prostitutas drogadas e lhes dá apoio para se desintoxicarem; e Patricia Keller, juíza no tribunal que só julga casos relacionados com o consumo de drogas.
Em apenas 40 minutos, e pela mão deste trio, a realizadora dá caras (das vítimas e dos que o combatem) ao flagelo dos opióides, mostra Huntsville como um microcosmo do que está a acontecer nos EUA e revela que o OxyContin e a heroína estão a dar lugar ao mais barato, potente e mortífero Fentanyl (quase todo o Fentanyl ilegal que os americanos consomem é feito na China e vendido na dark web). Heroin(e) é tão sucinto como arrasador.