Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★★☆☆
Anna Sorokin é uma russa nascida na Alemanha que, entre 2013 e 2017, se fez passar por uma rica herdeira nos EUA, enganando e vigarizando pessoas, bancos, hotéis e outras instituições, até ser finalmente presa. A série Inventing Anna (Netflix) é uma versão da história de Anna que amalgama factos e ficção (o aviso, aliás, surge no início de cada episódio). Logo, não podemos tomar o que aqui vemos como estando o mais próximo possível da verdade objectiva. Inventing Anna é narrada do ponto de vista da protagonista (Julia Garner, que faz do insólito sotaque de Anna a trave mestra da sua interpretação) e da jornalista Vivian Kent (Anna Chlumsky, muito bem), da revista fictícia Manhattan (inspirada em Jessica Pressler, da New York Magazine, que deu a cacha sobre este caso).
O enredo nunca nos dá toda a informação que gostaríamos de ter sobre o passado de Anna ou a sua patologia, e às vezes anda muito perto de a glamorizar e desculpabilizar por ter enganado de forma tão descarada e humilhante tanta gente rica, poderosa, fútil e arrogante (mas também várias pessoas que não o são). Dados todos estes descontos, Inventing Anna é muito viciante e uma ilustração acabada do ditado: “Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu”. No caso de Anna, foi-o durante bastante tempo.