Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★☆☆☆
Há as séries policiais baseadas em factos reais narradas de forma tradicional, há as apresentadas em formato documental, ou de true crime, e depois há as excentricidades avulsas, como Landscapers (HBO). Olivia Colman (também produtora) e David Thewlis interpretam o casal inglês Susan e Christopher Edwards, que em 2014 foram condenados a 25 anos de cadeia pelo assassínio dos pais de Susan, que enterraram no quintal de sua casa, indo muito depois para França. Sempre disseram ser inocentes.
Os autores de Landscapers recorreram aos mais variados dispositivos de desconstrução e subversão momentânea do elemento ficcional, e de intromissão da realidade (a começar logo no início do primeiro episódio, em que vemos o lançar da rodagem), assim como a uma envolvência semi-onírica, relacionada com a cinefilia do casal, e em especial de Susan, que se vai tornando cada vez mais intensa. A opção por este modo de contar, em jiga-joga entre a representação ficcional e a exposição do artifício, faz com que Landscapers acabe por abusar dos mecanismos da desconstrução e dos trejeitos metanarrativos, que se tornam irritantes e um empecilho à boa leitura do enredo por parte do espectador. O artsy e a eficácia não são necessariamente compagináveis, e em Landscapers não foram mesmo.