Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★☆☆☆
Um crítico americano escreveu que Missa da Meia-Noite (Netflix), criada por Mike Flanagan (A Maldição de Hill House), era “o melhor livro de Stephen King que Stephen King não escreveu”. Mas quem conhece a obra de King sabe que, mesmo nos seus livros menores, ele não tem pretensões filosofantes, religiosas ou teológicas, sabe manter um enredo a andar em linha recta e claro na exposição, não se enreda em conversa fiada e não deixa a história encher-se de palha. Exactamente tudo aquilo que acontece nesta série de terror sobrenatural com lastro bíblico, passada em Crockett Island, uma pequena ilha ao largo da costa dos EUA, com 127 habitantes e em decadência, que vê chegar um novo sacerdote. Este começa a operar milagres, mas a ilha vê-se também ameaçada por uma entidade que parece ter seguido o padre (e que nunca se esclarece ser um anjo legítimo, uma figura satânica ou um vampiro do Médio Oriente, outro dos defeitos da série). Ao fim de três episódios dos sete que compõem Missa da Meia-Noite, Flanagan perde o pulso do enredo, as personagens perdem-se em interlúdios verbosos que quase nada adiantam à história, o terror é subalternizado pela especulação teológica e depois retomado à pressa no final micro-apocalíptico. Stephen King teria feito melhor, sem dúvida.